Entrando e saindo de portarias e elevadores nos mais diversos condomínios, desde um “Minha Casa, Minha Vida” até o “Mansões”, dos globais e emergentes da Barra da Tijuca (RJ), qualquer leitor mais atento ou experiente percebe os desvios gramaticais obrigatoriamente presentes em cada um dos informativos afixados pelas áreas comuns para os condôminos (às vezes pelo síndico, outras, pela administradora).
O que mais me chama a atenção, no entanto, é a forma pseudo-rebuscada desses textos. Claramente o autor, inexperiente nas letras, desinformado das palavras e desprovido dos fundamentos textuais que somente uma boa carga de leitura lhe daria, procura “escrever bonito” e seguir o registro formal da Língua Portuguesa. Dessa tentativa de escrever bem, sem saber como, resulta quase sempre um texto confuso, que busca um alto grau de formalidade, mas finda num caldeirão de palavras sem coesão e com pouca clareza.
Culpa do autor? De forma alguma! Essa responsabilidade recai sobre nosso sistema escolar, que privilegia o ensino de estruturas rudimentares da língua em detrimento de sua leitura e do estudo dos inúmeros gêneros discursivos que permeiam cada esfera de atividade humana. É sabido que, para escrever bem, precisamos ler, ler muito, o que é quase sempre impossível para esses árduos trabalhadores do mercado condominial. O tempo é escasso. O pouco dele que sobra dificilmente pode ser dedicado à leitura. Compreendo, claro!
Entretanto, apresento-lhes uma solução: escrever com simplicidade! Nada melhor que um texto direto, em linguagem fácil! As frases curtas e as palavras de uso cotidiano tornam a mensagem clara e de fácil interpretação. A comunicação escrita não é fluida como a fala, mas podemos nos aproximar disso ao abrir mão de uma pretensa formalidade e dar lugar à simplicidade das pequenas frases, em sua objetividade, e das palavras conhecidas, que mitigarão as chances de um erro gráfico.
Essa dica, aliás, se aplica a tantas áreas do mercado de trabalho! Não se enganem: a formalidade e a efetividade de uma mensagem residem na escolha de palavras e frases gentis e compreensíveis, e não na “escrita difícil” e falsamente rebuscada.