Uma visão dos condomínios à luz do Estruturalismo
Em minhas pesquisas acadêmicas para o mestrado em Administração na Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ), realizei estudos sobre a natureza organizacional dos condomínios edilícios à luz da tipologia de Blau e Scott, que classifica as organizações humanas em quatro grandes categorias. De acordo com essa perspectiva, os condomínios edilícios apresentam as seguintes características:
Aspecto do Estruturalismo (Blau e Scott) / Aplicação nos Condomínios Edilícios
Objetivo da Organização: Blau e Scott classificam organizações pelo foco no benefício dos membros. Nos condomínios edilícios, o principal objetivo é beneficiar os condôminos, garantindo a boa gestão e preservação das áreas comuns e a valorização do patrimônio
Tipos de Organização: Segundo Blau e Scott, os condomínios seriam classificados como associações de benefícios mútuos, pois servem principalmente aos seus membros (condôminos). Além disso, podem apresentar características mistas, combinando organizações formais (regras e normativas) com informais (interações sociais).
Relação entre Estrutura Formal e Informal: Condomínios possuem uma estrutura formal (síndico, conselho, assembleia) que é responsável por gerir e fiscalizar atividades. Contudo, convivem com uma estrutura informal, baseada nas interações sociais cotidianas entre os moradores, que podem influenciar decisões formais.
Autoridade e Poder: A autoridade formal é conferida ao síndico e ao conselho, mas o poder real pode ser influenciado por condôminos com maior envolvimento ou influência informal, uma característica típica de organizações mistas, onde a autoridade formal pode ser desafiada pela informal.
Conflito e Cooperação: Segundo Blau e Scott, conflito e cooperação são elementos naturais nas organizações. Nos condomínios, há conflitos de interesses entre condôminos (uso das áreas comuns, regras, taxas), porém, a cooperação é fundamental para garantir a gestão e a manutenção das áreas e atividades comuns.
Papel dos Membros: Nos condomínios, os condôminos deveriam ser membros ativos, com responsabilidade direta na governança, especialmente em assembleias. A participação é essencial para a tomada de decisões e a manutenção da ordem organizacional.
Ambiente Organizacional: O ambiente externo (mercado imobiliário, legislação local, contexto econômico e social) influencia diretamente a gestão dos condomínios, as decisões coletivas e a valorização dos imóveis.
Tipologia Organizacional: Segundo a tipologia de Blau e Scott, os condomínios se enquadram como “Associações de Benefícios Mútuos”, onde o principal desafio é manter a democracia interna e lidar com a apatia dos membros e o controle oligárquico, com uma minoria ativa assumindo a liderança nas decisões.
Francisco Machado Egito é advogado, administrador e contador. É CEO do Grupo Francisco Egito, empresa que atua na área condominial e imobiliária. É coordenador da comissão de Contabilidade Condominial do CRC e coordenador da UNICRECI. É diretor da Revista dos Condomínios, do curso Aprimora e do CBEPJUR. Tem atuação como presidente e membro de conselhos profissionais e associações na área condominial e imobiliária (OAB, CRC, ABA, CRECI e outros).
