Revisitando o passado para construção do futuro!

Já pararam para pensar que o mundo está muito preocupado com altas tecnologias e o fim dos tempos, e o “aqui e agora” já não existe? Por que será que deixamos de olhar o passado e aprender com erros, e continuamos a fazer repetições no presente e no futuro como se o passado não tivesse servido para nada? Gosto de observar como isso se reflete na minha profissão de advogada e como invariavelmente atrai clientes e prédios com dramas que já vivenciei, e que agora tenho oportunidade de, com um outro olhar, escolher a melhor solução possível sem me desgastar com os embates insanos que outrora passei. A partir desta observação construí uma série de metodologias que me ajudam sobremaneira na solução dos mais variados tipos de conflitos administrativos e de forma extrajudicial. Se o mundo realmente aprendesse com o passado, parávamos de cometer erros crassos no presente e no futuro! Vamos a exemplos práticos para uma melhor observação do mundo? Terras, Estados, Municípios, cidades e países possuem força e energia de suas colonizações, todas elas plasmadas por conflitos de guerra, mortes, dominações e barbaridades enormes! Será que isso reflete atualmente, como por exemplo nas construções novas, nas populações e nos atos de vida de determinada região? A resposta sempre será SIM! Não há hipótese de olharmos um problema condominial, de terras, de vizinhos ou quaisquer outros ligados ao local onde se constituiu algo, sem antes olhar para o passado daquela localidade, sem ver os habitantes antigos, sem honrar as famílias que lá passaram e sem aprender com os erros cometidos. Porque passamos a ser tão pragmáticos e menos iluminados em nossas intuições, a ponto de rechaçarmos o que outrora serviu de estudo para se chegar ao hoje? Para isso não tenho resposta exata, mas o fato é que deixamos de ser sábios e passamos a ser mecanizados, quase robóticos, sem olhar o óbvio! Interessante perceber que hoje raramente olhamos estátuas nas ruas, como antigamente fazíamos. Por que será que deixamos de honrar o passado? Dados concretos mostram que fatos impressionantes se repetem em determinadas regiões com influências quase avassaladoras. Não por coincidência observo que os grandes derramamentos de sangue feitos através de guerras por determinados povos, avocam para esses povos uma espécie de quase maldição de determinadas regiões por eles povoadas! Não que se queira mostrar tragédias, mas o Rio de Janeiro, no auge de sua violência, está intrinsecamente ligado às guerras de dominação, independência e atrocidades feitas na época do império por seus gestores imperiais! Se formos analisar as questões sistêmicas históricas que envolvem a colonização do Rio de Janeiro, iremos saber das causas de sua atual situação de violência. Pois bem, hoje vemos que tudo acontece no Rio de Janeiro, em matéria de assaltos e violências, são atos analogicamente parecidos com as destruições avassaladoras por enchentes que ocorrem, como por exemplo, no sul do país e os dramas dos que lá também habitam hoje. Não que haja uma causa direta entre os fatos, mas ocorrem coincidências continuadas com fatos históricos que nos locais referidos existiram, isso se pode afirmar. Convido a todos a revisitar um pouco o passado para achar as famosas repetições de atitudes e ocorrências trágicas! E você? Como explica que deixamos de olhar o ensinamento do passado? Dica de hoje: análise a história da sua gestão como síndico e, depois, veja o que está acontecendo em termos de ambiência e equilíbrio nos relacionamentos que você está gerindo atualmente.
Gracilia Portela Advogada condominial lista sistêmica, pós-graduada em direito tributário (CÉU LAW SCHOOL) e em gestão pública sistêmica (Hellinger Schule); doutora em ciências sociais e jurídicas (UMSA); presidente da Academia Brasileira de Justiça e Filosofia Sistêmica (ABJF Sis) e da comissão de justiça filosófico sistêmica (OAB/Méier). É diretora de gerenciamento de conflitos condominiais (Ghap), palestrante e co-autora do livro “Pensamento Sistêmico”.