Carnaval, época de festa, confete e… protesto? Em um condomínio de Campo Grande (MS), os foliões foram os tutores de cães, revoltados com a decisão silenciosa do novo síndico, que proibiu a circulação dos pets nas áreas comuns. Se ele pensou que a mudança passaria despercebida, subestimou a criatividade dos moradores.
O “Latido dos Excluídos” foi o bloco improvisado para denunciar a medida. Com cartazes e bom humor, eles deram um jeito de fazer barulho. Uma tutora até propôs uma “galeria dos procurados” com fotos dos pets banidos e suas “infrações”, como passear de coleira e wag tailing em local proibido.
Os métodos foram opostos. O síndico simplesmente afixou um aviso no quadro, sem diálogo ou aviso prévio. Já os tutores espalharam a notícia para os quatro cantos, mobilizando moradores e chamando atenção da mídia. O protesto virou destaque nos jornais locais e nas redes sociais.
O estopim foi a quebra de um acordo firmado há quatro anos, que permitia a circulação dos cães nas áreas comuns. A decisão era extraoficial, mas vinha funcionando. Sem qualquer consulta, o novo síndico reverteu a flexibilização, apostando no silêncio. Mas, como dizem, quem cala consente? Nem sempre.
Se o síndico tivesse escutado Chacrinha, teria evitado a confusão. Afinal, como dizia o Velho Guerreiro: “Quem não comunica, se trumbica!”. E foi exatamente isso que aconteceu. Enquanto ele agia no silêncio, os tutores colocaram a boca no trombone e deram um show de criatividade.
Quem viu a cena até lembrou do tradicional “Bloco do Eu Sozinho”, só que, nesse caso, era o “Bloco dos Banidos”. Mas, no lugar da marchinha “Ó abre alas que eu quero passar”, o recado foi outro: “Fechou as alas e ninguém vai calar”.
A verdade é que nenhuma gestão condominial sobrevive sem comunicação eficiente. O diálogo pode evitar desgastes desnecessários e garantir que mudanças sejam aceitas com mais tranquilidade. O Carnaval passa, mas as regras ficam. O síndico que não quiser virar enredo de polêmica, que aprenda essa lição.
Cleuzany Lott é Especialista em direito condominial, Presidente da Comissão de Direito Condominial da 43ª Subseção da OAB-MG em Governador Valadares, Diretora Nacional de Comunicação da Associação Nacional da Advocacia Condominial (ANACON), Síndica, Jornalista, apresentadora do podcast Condominicando e cursando do MBA Administração de Condomínios e Síndicos com Ênfase em Direito Condominial (Conasi).
