Síndico Orgânico ou Profissional?

De acordo com a Associação Brasileira de Síndicos e Síndicas Profissional (ABRASP), o Brasil tem mais de 420 mil síndicos em atividade. A atividade tem crescido cada vez mais, somado ao grande número de Condomínios que cresce na mesma proporção. Se antes a figura do gestor se limitava àquele morador sem muitas ocupações em sua vida cotidiana, hoje, temos empresas de sindicatura com um estrutura, tanto física quanto humana, que causa inveja a outras de segmentos diferentes. Mas fica sempre aquele questionamento: O que é melhor para o Condomínio? O Síndico profissional ou o Síndico condomínio(orgânico) ? qual o modelo melhor atende o Condomínio?
Como todo o estudante de direito aprende ainda na faculdade, a resposta é: depende. Partindo do ponto de vista legal, a responsabilidade é exatamente a mesma. Os mesmos deveres e obrigações que agasalha um, serve de manto ao outro. O ponto crucial da convivência condominial para a escolha do gestor passa, principalmente, pela cultura do Condomínio. E aqui quando falamos de Condomínio estamos nos referindo às pessoas, aos condôminos .
Há condomínios que reservam um modelo mais discreto na forma de fazer as coisas, defensores do “dogma” – “foi sempre assim”, que não abrem espaço para uma pessoa externa fazer a gestão. Já conheci Condomínios onde o mesmo o síndico é o mesmo há mais de 25 anos. Não quer dizer que este modelo não cumpre a lei e fazem algo incorreto. Há condomínios onde o síndico morador é extremamente engajado, aberto a novas ideias e sempre inovando no Condomínio.
O Síndico denominado profissional, aquele que possui CNPJ, uma carteira de Condomínios sob sua responsabilidade muitas vezes é escolhido justamente por ser “estranho” ao Condomínio. Ou seja, não tem relação com os condôminos, portanto, imparcial em qualquer assunto de convivência entre os moradores.
Existem excelentes síndicos tanto profissionais quanto orgânicos. Se a expectativa de todos é a melhor para o Condomínio, não há resposta errada na escolha. A escolha é que poderá ser feita de forma errada se os interesses de poucos, no processo de escolha, se sobreporem ao bem comum de todos.
Ramon Perez Luiz é Advogado, Professor e Síndico, Secretário Geral Adjunto da Comissão Nacional de Direito Imobiliário da ABA, Diretor da ANACON RS, Membro da Comunidade Experts em Condomínios – CEX, Coautor da obra “Condomínio: aspectos práticos da inadimplência e cobrança de cotas”.