O Início de Tudo: O Que Acontece Quando Assumimos um Condomínio

Depois de compartilhar no texto anterior como a gestão unificada pode tornar o dia a dia do condomínio mais eficiente e harmônico, quero agora falar um pouco do que acontece na prática, logo nos primeiros passos dessa jornada. Assumir a gestão de um condomínio é um grande desafio. Quem já passou por isso sabe.
Sempre que assumimos um novo condomínio, fazemos um levantamento completo da situação. Procuramos entender tudo: como estão as contas, se há pendências jurídicas, qual a estrutura física do prédio, como andam os contratos e as escalas dos funcionários. É uma etapa essencial para evitar surpresas e corrigir possíveis erros do passado. Se possível, conversamos com o antigo síndico para garantir uma transição tranquila e sem traumas.
Depois de cerca de 45 a 60 dias, chamamos uma assembleia para dividir com todos o que foi encontrado. É importante que os moradores saibam o cenário real e possam participar das decisões futuras com clareza e confiança. Tem algumas situações que precisam de atenção imediata. Uma delas é o seguro do condomínio. Já vi de tudo nessa área: cobertura insuficiente, cláusulas que não fazem sentido, e até seguros pagos por anos sem que ninguém soubesse ao certo o que estava sendo coberto. Por isso, revisar esse item é uma das nossas prioridades.
Outra coisa que ajuda bastante é manter o cadastro dos moradores atualizado. Parece simples, mas faz toda a diferença. Ter esses dados organizados facilita a comunicação e ajuda bastante na hora de lidar com inadimplência ou emergências. Pedir que cada morador apresente um documento que comprove a titularidade do imóvel já na primeira assembleia costuma resolver bem isso.
Também olhamos com cuidado os acordos feitos com inadimplentes e as ações judiciais em curso. Conversar com o jurídico do condomínio e ter conhecimento do que foi combinado evita retrabalho e traz mais transparência. E, claro, tudo deve estar por escrito, com assinatura. Assim, ninguém se perde no meio do caminho.
Os contratos do condomínio também merecem atenção. Às vezes, o serviço é bom, mas o valor está acima do mercado. Em outros casos, o contrato não é seguido como deveria. Conversar com as empresas, alinhar expectativas e manter o que está funcionando bem costuma ser o melhor caminho.
Por fim, não podemos esquecer dos funcionários, próprios ou terceirizados. Analisamos a folha de pagamento, as escalas, os direitos trabalhistas, e exigimos da empresa terceirizada toda a documentação necessária para garantir que tudo esteja em dia. Isso protege o condomínio de problemas futuros e valoriza quem trabalha ali todos os dias. No fundo, acredito que uma boa gestão é aquela que une responsabilidade e cuidado. Que escuta, orienta, organiza e acolhe. E é isso que buscamos fazer todos os dias: cuidar dos condomínios sendo parte dele também.
Graça Oliveira é Idealizadora do Dedin de Prosa, consultora e empresária do segmento condominial, síndica profissional e sócia da GAO ADMINISTRADORA CONDOMÍNIOS E IMÓVEIS.