A polarização no condomínio
Estamos em época de pleito eleitoral no país, ânimos acirrados, polarização extrema e você é isso ou aquilo. Tem de ser passional, defender e atacar, e não existe meio termo, nem coerência ou consciência (consciência = razão, no clima passional em que vivemos a razão vai para o espaço).
Agora vamos ao microcosmo do condomínio. Gosto de comparar a gestão de um condomínio com a gestão pública (pois temos contribuintes, que pagam “impostos”, as taxas, e esperam uma boa gestão para que os resultados apareçam e beneficiem a coletividade em áreas fundamentais), o síndico seria como o “presidente” ou “prefeito” desta comunidade.
E não é que aquilo que ocorre exatamente no país ocorre também dentro do condomínio?!
Não existe abertura, não existe comunicação entre polos tão opostos. Não existe coerência e nem consciência. Crises, discórdias, disputas, pressão, fake news (no condomínio, mais conhecida como ‘fofoca, calúnia e difamação’). E isto aumenta dependendo do perfil do síndico, infelizmente ainda se criam feudos que querem se perpetuar no poder, visando a beneficiar poucos, sem pensar na coletividade.
Se estamos longe de conseguir resolver os problemas do condomínio, imagine do país. Nossas comunidades (condomínio, bairro, cidade, país) são o reflexo das pessoas que vivem nele. Quem sabe comecemos por esse microcosmo chamado condomínio (um domínio que é compartilhado por muitos) e começarmos a praticar a nossa cidadania, a verdadeira democracia, cumprir as regras, respeitar direitos e deveres, com diálogo, empatia, flexibilidade e aceitação das diferenças? Só assim conseguiremos olhar todos para a mesma direção e, juntos, fazer as mudanças e trazer as melhorias necessárias para nossos espaços.
Pois o mais triste é quando você percebe que as pessoas estão saindo (vendendo, mudando-se) de um condomínio porque não aguentam mais viver ali. E, enquanto todos não se unirem para transformar e fazer a mudança, estando presentes e cobrando, dialogando, colaborando com a gestão, veremos de tempos em tempos as pessoas vendendo os problemas do condomínio para os outros. E a estrutura? Essa, literalmente, vai ruindo…
Isso é uma realidade no seu condomínio? Que tal começar a transformação agora?
Está sim ao seu alcance. As grandes transformações começam sempre com um pequeno passo. Hoje você transforma seu condomínio, amanhã seu bairro, quando vê sua cidade já está diferente e quando percebemos amadurecemos tanto durante esse processo que nosso país estará mais justo, mais limpo – em todos os sentidos – mais bonito, mais solidário e muito melhor de se viver.
Este texto lhe parece atual? Pois bem, o escrevi em outubro de 2018! E, pelo visto, pouca coisa mudou, portanto, a reflexão continua atual.
Um grande abraço.
(Artigo completo em www.fatorg.com.br)
Ariane Padilha é professora, psicóloga, especialista em Gestão de Recursos Humanos e Marketing, consultora e síndica profissional da Fator G Condomínios, além de professora e coordenadora do curso de pós-graduação em Gestão Condominial da Famaqui.