Guia prático para sobreviver às emergências

ESPECIALISTA LISTA MEDIDAS PREVENTIVAS E AÇÕES IMEDIATAS A SEREM ADOTADAS PELO SÍNDICO DIANTE DE SITUAÇÕES INESPERADAS

 

Situações de emergências ou acidentes dentro de condomínios costumam ser mais comuns do que o esperado. E acontecem, quase sempre, de surpresa, quando menos se espera. Por isso, estar preparado é fundamental. Advogada e síndica profissional, Alethea Meira pontua a seguir quais cuidados prévios (medidas preventivas) e procedimentos imediatos (no calor da hora, dos acontecimentos) devem ser adotados em casos rotineiros como elevadores parados e falta de energia, além de mais graves, como incêndios e vazamentos de água e gás. “É fundamental para um bom gestor estar preparado para situações emergenciais e acidentes que podem ocorrer dentro do condomínio. O síndico capacitado e experiente vai solucionar de forma rápida e eficaz, caso tenha planos de contingência prévia ou plano de ação para cada uma das situações as quais vamos relatar a seguir, inclusive com medidas preventivas”, aponta ela. Então, vamos lá!

Prevenção de incêndios

A prevenção de incêndios cumpre exigências legais como: manter em dia o AVCB – Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (documento emitido pelo Corpo de Bombeiros da região do condomínio, após vistoria feita pelo mesmo, atestando que conta, e que estão em total conformidade, todas as medidas preventivas no combate ao incêndio – caso ocorra um. Uma vez por ano, o condomínio deve oferecer curso de brigadista aos seus moradores, em geral ministrado por um bombeiro. O ideal é que um morador de cada andar faça parte das brigadas para saber como agir e ajudar os demais. Se um incêndio ocorrer, a brigada de incêndio deverá ser acionada imediatamente, além dos Bombeiros (193).

Tanto o síndico como todos da brigada deverão conhecer os equipamentos de combate a incêndio para utilizá-los com eficiência em caso de emergência. É importante também que funcionários, sejam próprios ou terceirizados, possuam tais conhecimentos para ajudar em caso de necessidade. Lembrando que é obrigatório por lei que o condomínio tenha seguro, pois, em caso de ocorrência, é importante o síndico entrar em contato com a seguradora para abertura de sinistro, solicitando a cobertura dos prejuízos ocasionados.

Pane nos elevadores

Outra situação que deverá ser prevista e contemplada em planos de ações. Infelizmente, os elevadores somam alto índice de acidentes, ocorridos nos últimos anos. Os mais comuns são os elevadores parados com pessoas presas dentro dos mesmos, além daqueles que, ao abrirem a porta, não se encontram naquele andar. O condomínio deverá contar com placas sinalizadoras nos andares, informando sobre “como deverá proceder” a pessoa que passar por tal circunstância.

“Antes de adentrar no elevador, verifique se o mesmo está parado no andar” – é uma frase importante que deve ser colocada na entrada do elevador (em cada andar) – um simples alerta que pode salvar vidas. Além da necessidade da comunicação, se faz necessária a prevenção, através de vistorias e revisões dos equipamentos do elevador (como sensores, interfones, iluminação, botões e portas).

Em caso de o elevador parar com pessoas e ficar travado, o resgate só pode ser feito por técnicos habilitados ou pelo Corpo de Bombeiros. Assim, caso isso aconteça no condomínio, o primeiro passo é ligar para a empresa responsável pela manutenção do equipamento, pois somente estas estão autorizadas a mexer no elevador. Importante tentar fazer com que os que estejam presos no elevador mantenham toda a calma e, assim, aguardem a chegada do técnico responsável. Tentativas apressadas de resgate respondem por um grande número de acidentes, com vítimas fatais.

Falta de energia

Um dos maiores transtornos para o condomínio e seus moradores é a falta de energia. Quem não tem gerador ficará mais prejudicado, principalmente na segurança. Isso porque, além de ocasionar a parada do elevador, os portões automáticos ficarão sem funcionar, de forma que é necessário um plano emergencial para zelar pela entrada e saída tanto de pedestres como dos veículos, a fim de coibir acontecimentos indesejáveis. Prevenir é sempre melhor. Assim, é importante que o condomínio tenha para uso dos porteiros e demais funcionários lanternas com baterias carregadas. Eles deverão abrir e fechar os portões de forma manual. Importante também um sistema interno de comunicação alternativo (via telefone ou WhatsApp). Deverá ser verificado se há passageiros presos no elevador. Em caso positivo, adotar as medidas já recomendadas.

Vazamentos de água e gás

O síndico deverá acompanhar de perto o serviço de zeladoria, ajudando na confecção do checklist do mesmo. E uma das atividades atribuídas ao zelador é fazer testes e vistorias nos canos e equipamentos de água e gás, agindo sempre no preventivo para detectar qualquer vazamento ainda em fase inicial. Tal prevenção, além de trazer economia, pode evitar muita “dor de cabeça” para o síndico, pois lidar com vazamentos pode ser oneroso e desgastante.

É importante o condomínio possuir protocolos de prevenção e medidas de contingência emergenciais: como agir ao sentir cheiro de gás? Imediatamente deverá o síndico solicitar o fechamento do registro e o esvaziamento do local, além de entrar em contato com a empresa distribuidora e, em casos mais graves, com o Corpo de Bombeiros (193). Quando o vazamento provém da tubulação do condomínio, deve-se acionar a concessionária para pronta identificação e reparo do local. Importante também não acionar interruptores de eletricidade, não fumar e nem acender fósforos ou isqueiros no local. Se o vazamento for em ambiente fechado, portas e janelas deverão ser abertas.

No caso de vazamento de água, principalmente nos casos de canos estourados, é necessário o fechamento do registro. Geralmente, os funcionários de manutenção e zelador conhecem bem os ramais de encanamento. Também poderá ser acionada a seguradora do condomínio em casos que ocasionem prejuízos. Alguns seguros oferecem reparos para as áreas comuns. Caso esteja vazando água de uma unidade de apartamento, seja ela vazia ou com morador, e se houver recusa em abrir a porta, dependendo do volume do vazamento, o síndico pode arrombar a porta (com demais testemunhas) para intervir e evitar mais danos e prejuízos ao condomínio e terceiros. Os casos de vazamentos entre apartamentos são os mais comuns, e geralmente o síndico ajuda na intermediação para que os condôminos resolvam de forma amigável o problema.

Queda de árvores

O síndico responde civilmente e criminalmente por omissão e negligência, o mesmo deve ficar atento às possibilidades de ocorrerem acidentes ou incidentes, pois, em alguns casos, eles podem ser evitados, como árvores antigas e doentes por presenças de cupim. A árvore pode vir a cair por temporal e ventos fortes. Porém, também pode cair por omissão, uma vez que árvores malcuidadas e doentes ficam fracas e ressecadas, facilitando a queda. O síndico deve agir sempre na forma preventiva, contratando no mínimo uma vez por ano um engenheiro agrônomo para analisar as árvores do condomínio e tratá-las, se necessário.