Chegada do verão pede revisão nos para-raios e instalações elétricas
Altas temperaturas, tempestades e descargas atmosféricas. Um cenário perigoso, que pode colocar em risco a estrutura dos condomínios, além de centenas de equipamentos
Peterson Terra
Com o início do verão, aumentam as condições de tempestades típicas desta estação, sempre marcada também por grande incidência de raios. Como os condomínios podem se certificar se está tudo em dia com esse equipamento? Como o síndico deve agir e cotar/pesquisar empresas que prestam o serviço? Vale dar uma checada em outros aspectos da instalação elétrica? Quais os riscos de uma eventual falha para o condomínio, unidades e moradores? Quais os problemas mais recorrentes nesses equipamentos? E os custos de reparo? Eles também são capazes de provocar choques, pelo alto valor?
“A certificação do condomínio, se o sistema está ou não em dia, é feita com base no relatório de manutenção apresentado por empresa credenciada e registrada no Crea. Nesse relatório, estão as orientações sobre as providências a serem tomadas e as recomendações de adequação com a nova norma, como a descrição dos serviços realizados na manutenção. Por exemplo, a substituição de peças, cabos e outros”, explica Peterson Terra, especialista em Proteção contra Descargas Elétrica e membro da Clara Elétrica Projetos e Instalações Ltda, empresa com vasta experiência e mais de 13 anos de atuação no mercado.
Segundo ele, atualmente muitos condomínios estão implantando sistema de placas fotovoltaicas. E as empresas que executam esses serviços, na maioria das vezes, não conhecem nem sabem como proceder em relação ao para-raios. “Esta ocorrência é bem vivenciada por nossa empresa, que também realiza sistemas fotovoltaicos, e somos contratados para adequar ou realizar novo projeto, de forma que todas as placas fiquem devidamente protegidas, conforme orientação da norma NBR 5419. Em caso de o sistema não estar atualizado com a nova norma, os síndicos devem cotar orçamentos com empresas especializadas. Na proposta, a empresa deve apresentar inicialmente um projeto completo.”
Dessa proposta, devem constar os seguintes itens: elaboração de gerenciamento de risco, onde o resultado deste gerenciamento vai orientar se o prédio necessita ou não de SPDA e, se for o caso, indicará o nível de proteção a ser realizado; elaboração de projeto, onde deverão constar todos os equipamentos de proteção (mastros, cabos, terminais), como também as curvas com os respectivos ângulos, e devem ser apresentadas as plantas baixas, cortes e os detalhes construtivos; memorial descritivo, com apontamento sucinto dos métodos referentes à elaboração do projeto e orientação do sistema executivo, apresentando todas as dificuldades, tendo em vista o prédio ser existente – o que, muitas vezes, dificulta atender de forma integral todas as recomendações da norma. Nesse memorial também deve constar a lista de material, cálculos e demais informações.
Também devem ser contemplados na proposta aspectos como a execução de testes na estrutura do prédio para possibilitar as descidas naturais (pelos pilares), que são infinitamente mais eficientes e melhor recomendados pela norma técnica; e o projeto de proteção da rede elétrica com uso de proteções contra surtos, com uso de dispositivos dentro da subestação ou PC de medição do prédio. Vale ainda dar uma checada em outros aspectos da instalação elétrica, recomenda nosso entrevistado. “Nesse ponto, a nova norma, dependendo do resultado do gerenciamento de risco, exige que seja feita proteção na entrada de energia principal do prédio. Essa proteção deve ser dimensionada tendo em vista a quantidade de descidas e características do projeto.”
Riscos – Em seguida, Peterson fala sobre os riscos de uma eventual falha para o condomínio, unidades e moradores. “Os riscos de eventual falha em caso de ocorrência de descargas atmosféricas, na parte física do prédio, são danos em pontos fixos na cobertura, por exemplo quinas de fachada, telhas e parte metálica não aterrada e outros. Na questão elétrica, os danos são comuns em equipamentos mais sensíveis, como central de televisão, CFTV, interfone, placas eletrônicas de elevadores e equipamentos mais próximos aos apartamentos mais altos. A proteção destes se faz com a utilização de supressores. Obrigatoriamente é necessário ter essa proteção na entrada de energia. Outros dispositivos de proteção são orientados a serem instalados nos quadros elétricos, tanto do condomínio quanto nos apartamentos. Uma terceira opção é a proteção do equipamento diretamente na tomada, como uso de supressor específico. Todos esses dispositivos são bem eficientes, e o uso deles é orientado no memorial descritivo e também no projeto completo do SPDA.”
O custo de manutenção simples em prédio residencial, com relatório e informações sobre o sistema, dependendo da edificação e localização, não chega a causar um choque, como questionamos no início desta reportagem – fica entre R$ 1.500 e R$ 5 mil. Já um projeto completo, com teste estrutural, custa a partir de R$ 6 mil. Já para construir um sistema novo estrutural, depende muito da altura, outras dimensões, projeto e do sistema de proteção a ser adotado. Mas, em geral, prevenir sai bem mais barato que consertar o que, eventualmente, for danificado por falhas nos sistemas de proteção.
“Os contratos de reposição ou reparo dos equipamentos atingidos por efeitos colaterais de uma descarga atmosférica dependem do tipo de dano e do equipamento, como, por exemplo, uma placa de elevador , quepode custar bem caro, assim como de CFTV. Reparos em aparelhos de televisão ou computadores podem ser mais simples dependendo do grau de avaria”, conclui Peterson.
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