Gestão sistêmica condominial
Muito se tem ouvido falar sobre Direito Sistêmico e sua aplicação no Judiciário, e nas mais diversas áreas do Direito, sem, no entanto, dar-se realmente explicações fáticas sobre como isso pode ser feito na prática. Pontuações devem ser trazidas para que não pairem dúvidas, principalmente como uma gestão condominial pode ser efetiva, com base na postura sistêmica ou no uso das chamadas constelações familiares, que é a técnica mais utilizada para visualização dos problemas e suas possíveis soluções nas mais diversas áreas.
Para que haja uma gestão sistêmica efetiva, os moradores devem ser apresentados a esta postura sistêmica e aprovarem a aplicação da metodologia que virá a ser empregada, até porque difere de tudo que no rito condominial comum um dia foi feito. A postura sistêmica nada tem a ver com fórmulas mágicas de administração, tampouco qualquer inovação do ponto de vista formal do que já existe num condomínio. Mas a gestão sistêmica fala de algo muito maior em matéria de relações interpessoais, onde a aprendizagem pode, por exemplo, dar-se por meio de práticas de colaboração e formas lúdicas para o maior desenvolvimento de competências e de habilidades coletivas, sendo certo que, no meio do caminho, e existindo problemas, estes podem ser minimizados por exercícios sistêmicos com fundamentos na teoria de Bert Hellinger, filósofo alemão que moldou a existência das constelações familiares com base na terapia primal e em outras fontes da psicologia e psicanálise.
Vislumbra-se, numa gestão sistêmica, obtermos um trabalho cooperativo e com uso de técnicas como a comunicação não violenta, por exemplo, o que traz para a gestão um ganho, reduzindo as lacunas entre a concepção e a execução das atividades, já que nas redes de cooperação todos estão habilitados a inovar, e, no caso em tela, diminuir-se-ia as zonas de conflito e os atritos possíveis. Com tudo isso, haveria o benefício da aproximação entre os condôminos e gestores, eliminando-se preconceitos e competições internas e externas, transformando todos da gestão condominial em parceiros.
O sistema de redes de uma gestão condominial se inicia com um processo de investigação apreciativa, visando à aferição das lideranças, isso de maneira integrativa, quebrando-se assim paradigmas na condução dos problemas de ordem condominial. Com o estabelecimento de redes de cooperação da edificação, são reunidos atributos que permitam uma adequação ao ambiente administrativo em uma única estrutura, sustentada por ações uniformizadas, porém descentralizadas, que viabilize ganhos efetivos por todos, isoladamente ou em conjunto.
De acordo com essa proposição de trabalho, as possibilidades de aprendizagem em redes de cooperação ocorrem de diferentes modos, pois elas permitem que as pessoas, isso de forma associada ou individualizada, acessem novos conceitos, métodos, estilos e maneiras de abordar a solução dos conflitos gerais lá existentes, usando-se também a postura sistêmica como forma de resolução de conflitos internos condominiais.
Gracilia Portela é advogada e presidente da Academia Brasileira de Direito Sistêmico (ABDSIS).