Mercadinhos de Condomínio: Comodidade ao alcance do seu elevador
Tony Rocha
A Revista dos Condomínios, através de sua repórter, foi entrevistar Tony Rocha, especialista em implantação de mercadinhos de condomínio, descobrimos insights relevantes sobre as implicações legais, gestão eficiente e recepção dos moradores. Os mercadinhos, embora sem regulamentação específica, necessitam de seguro de responsabilidade civil e empresarial. Com a conveniência de produtos ao alcance do elevador, destaca a importância de softwares de gestão e o monitoramento de estoque para garantir a funcionalidade do mercadinho. Além disso, a instalação é viabilizada por requisitos técnicos mínimos, e o modelo pode aumentar o caixa do condomínio, com feedbacks positivos de 99,9% dos moradores e síndicos.
Repórter da Revista dos condomínios: Quais são as implicações legais relacionadas à licença de funcionamento e aos requisitos de seguro para um mercadinho operando dentro de um condomínio?
Tony Rocha: Atualmente os “mercados autônomos”, mais conhecidos como “mercadinhos de condomínio”, não possuem uma regulamentação própria ou específica. Contudo é comum praticarmos as regras aplicáveis nas operações com máquinas automáticas do tipo vending machine, por se tratarem de pontos de vendas automáticos. É fundamental a contratação de um seguro de responsabilidade civil, bem como o seguro empresarial por conta da pessoa jurídica responsável pelo micro mercado.
Repórter da RDC: O que são máquinas vending machine?
Tony Rocha: São nada mais do que máquinas automáticas de vendas, que comercializam comumente itens diversos que variam de alimentos como snacks, salgadinhos, amendoins, industrializados, bebidas como refrigerantes, além de oferecer outras, como café. Hoje existem centenas de tipos de Vending Machines que comercializam os mais diversos itens.
Repórter da RDC: Como ela opera automaticamente?
Tony Rocha: Essas máquinas operam automaticamente através de um software que permite liberar créditos após a inserção de dinheiro, seja em espécie (através dos noteiros e moedeiros) ou através de cartões de débito e crédito (maquininha de cartão). Alguns sistemas já aceitam o PIX como forma de pagamento.
Repórter da RDC: Do ponto de vista do condomínio, como o processo varia?
Tony Rocha: Dependendo das regras e regulamentos internos do mesmo. É fundamental que o síndico consulte a convenção de condomínio e os regulamentos específicos. Os artigos 1.341 e 1.342 do Código Civil, que dispõe sobre a execução de obras e alterações em áreas comuns, submetem a instalação de um micro mercado de condomínio à aprovação dos moradores.
Repórter da RDC: Quais são as melhores práticas recomendadas para garantir uma gestão transparente e eficiente do mercadinho em termos de questões legais e de conformidade regulatória?
Tony Rocha: O mercadinho de condomínio é uma conveniência que, quando implantada corretamente, possui a finalidade de facilitar o dia a dia dos moradores. Para isto, é fundamental que sejam feitos os devidos acompanhamentos de estoque a fim de manter a funcionalidade da loja. É fundamental a utilização dos softwares do tipo ERP para uma melhor gestão e acompanhamento. Através desse tipo de sistema podemos saber qual produto vende mais e quais são as preferências daqueles moradores. Conseguimos entender melhor a necessidade de nosso cliente e por fim, atendê-la. Esses sistemas comumente são integrados a outros sistemas, que permitem liberar o acesso a geladeiras que possuem bebidas alcoólicas apenas a maiores de 18 anos. O sistema também é responsável pela emissão de NFC-e (Nota Fiscal do Consumidor) daquela determinada compra independente da hora ou dia que a mesma for efetuada.
Repórter da RDC: Quem faz o acompanhamento de estoque nos mercadinhos?
Tony Rocha: Todo acompanhamento de estoque é feito através de um sistema de gestão. Toda mercadoria que entra no estoque é lançada nesse sistema, bem como toda mercadoria vendida é baixada nesse mesmo sistema. Sendo assim, o saldo fica disponível a todo momento para consulta.
Repórter da RDC: Qual o tempo de reposição de produtos?
Tony Rocha: De duas a três vezes na semana.
Repórter da RDC: Quem é o responsável pela gestão?
Tony Rocha: A empresa dona do mercadinho é a responsável pela gestão, bem como pela limpeza, abastecimento e demais tarefas relacionadas à operação.
Repórter da RDC: A liberação de acesso a geladeiras acontece de forma remota? Como identificam a pessoa e liberam a abertura?
Tony Rocha: As geladeiras que possuem bebidas alcoólicas possuem uma trava eletrônica, que somente pode ser aberta através de um aplicativo de celular que confirme a idade deste comprador. Sendo assim, os menores de 18 anos ficam sem livre acesso a este tipo de produto.
Repórter da RDC: A emissão de nota final do consumidor é enviada ao celular do comprador?
Tony Rocha: Algumas empresas já fazem o envio do cupom fiscal diretamente para o email do comprador, quando este for cadastrado no aplicativo do mercadinho. Outros totens de pagamento também emitem os cupons fiscais impressos após as compras no mesmo.
Repórter da RDC: Quais são os critérios para a utilização dessa tecnologia nos condomínios?
Tony Rocha: A instalação de um mercadinho de condomínio é muito simples. Vamos depender basicamente de dois critérios técnicos no local de instalação: Pontos de energia elétrica (110v/220v) e sinal de internet (wifi e 4G). Toda a parte de implantação do mesmo, bem como obras e mobiliário é por conta da empresa dona do mercadinho.
Repórter da RDC: A quem cabe os custos de manutenção e custeio para manter esse sistema com energia elétrica e Wifi 4G?
Tony Rocha: Habitualmente, o condomínio “fornece” a energia elétrica para o mercadinho e recebe o repasse de até 5% (cinco por cento) como compensação financeira. A internet é um ponto fundamental para o mercadinho, portanto é de bom tom que o mesmo faça a contratação de uma internet exclusiva para a operação.
Repórter da RDC: Necessita de um número mínimo de moradores? Qual é o custo para adicionar essa novidade?
Tony Rocha: A implantação do mercadinho é recomendada para condomínios com mais de 80 (oitenta) unidades. Tal número se faz necessário por conta dos custos da operação, da validade dos produtos, dentre outros. Um mercadinho instalado num condomínio menor, vai requerer uma margem de lucro maior nos produtos por conta dessas questões e pode se tornar inviável financeiramente para empresa e para os moradores.
Repórter da RDC: Os custos de implantação, manutenção e custeio para a operação são do condomínio ou do senhor?
Tony Rocha: Todo o custo para iniciar uma operação de micromarketing é de responsabilidade da empresa dona do mercadinho. Isso inclui obras, equipamentos e mobiliários, estoque, sistema de pagamentos, aplicativos, inauguração, comunicação visual e muito mais.
Repórter da RDC: Como é calculado o preço dos produtos?
Tony Rocha: Cada produto possui uma precificação diferente. Não existe uma fórmula exata. Mas, basicamente, os preços dentro de um mercadinho de condomínio equivalem aos valores praticados nos mercados de bairro, padarias e lojas de conveniência. É necessário pontuar que o mercadinho de condomínio não é para que os moradores façam a sua “compra do mês” nele. O mercadinho de condomínio não concorre com o supermercado, mas é uma alternativa para que o morador não precise ir à rua para comprar um ou dois itens que estão faltando no dia a dia.
Repórter da RDC: Prós e contras?
Tony Rocha: Além da valorização daqueles imóveis e do repasse financeiro que é feito diretamente ao condomínio, o mercadinho é de fácil acesso, proporciona agilidade e praticidade aos condôminos. Os mercadinhos vieram para facilitar a vida dos moradores através de produtos variados ao alcance de seu elevador. Não vejo pontos negativos na implementação deste serviço em um condomínio, mas é sempre bom destacar que o preço da comodidade de ter qualquer produto ao seu alcance 24 horas por dia pode ser suavemente acima dos valores praticados nos grandes supermercados.
Repórter da RDC: Existem muitos furtos?
Tony Rocha: Hoje a média de furto do mercado é inferior a 1%. Todas as lojas são monitoradas através de circuitos de câmeras. Vejo muitos mais casos de pagamentos equivocados do que furtos em si. A cultura da honestidade vem crescendo bastante.
Repórter da RDC: Quais são as regras para a utilização? Como é o funcionamento?
Tony Rocha: Basta o morador pegar o elevador, descer até o mercadinho e se servir. Ele mesmo escolhe os produtos, escaneia o código de barras no PDV (ponto de venda) e efetua o pagamento (que normalmente pode ser pix, crédito, débito, carteiras digitais e etc).
Repórter da RDC: Existem detectores na saída do mercadinho para proporcionar a detecção e pagamento? Para implantar um sistema automático ficaria muito caro?
Tony Rocha: Na grande maioria não. Se trata de uma tecnologia muito cara para a nossa realidade de hoje. Algumas lojas autônomas de rua no exterior já possuem essa tecnologia
Repórter da RDC: O mercadinho é uma solução para aumentar o caixa do condomínio?
Tony Rocha: Essa é uma excelente forma de aumentar o caixa do condomínio e gerar valor para os moradores de uma forma geral. Além de trazer uma comodidade para os condôminos e valorizar os seus imóveis, a instalação de um mercadinho em condomínios não tem custos e ainda comissiona o condomínio num valor que varia entre 2% e 5%.
Repórter da RDC: Essa porcentagem incide em cima do montante? Quem controla o resultado final?
Tony Rocha: Exatamente. O percentual de repasse estabelecido incide em cima dos valores totais da venda. Como todo controle é feito por um sistema, fica mais fácil fazer a prestação de contas e apresentar os resultados da contabilidade para o síndico.
Repórter da RDC: Quais são os feedbacks?
Tony Rocha: Os feedbacks são os melhores possíveis. Tanto de moradores quanto de síndicos. Posso garantir de forma categórica que 99,9% dos feedbacks são favoráveis e sempre com elogios. É fundamental também, para a empresa dona do mercadinho estar atenta aos feedbacks e sugestões daqueles moradores para proporcionar uma melhor experiência ao seu cliente final. Afinal, não estamos vendendo produtos, estamos vendendo uma experiência de comodidade para nosso cliente.
Tony Rocha – Bacharel em Gestão Financeira, Corretor e Administrador de Imóveis há 15 anos, sócio fundador da empresa Mercearia da Família.
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