O desafio do condomínio durante as festas de fim de ano
As comemorações de final de ano é um momento para família e amigos se alegrarem, celebrarem e compartilharem a fraternidade. Entretanto, em edifícios residenciais, estas comemorações também representam um desafio para a administração e para os moradores, especialmente para manter a ordem, a segurança e o respeito pelos padrões de vida partilhados. Coisas como decorações de Natal, luzes festivas e barulho alto podem ser um ponto de discórdia e requerem planejamento e uma gestão cuidadosa para garantir que as celebrações possam ser realizadas sem perturbar a vida em condomínio. A Revista dos Condomínios foi ouvir o síndico profissional Rafael Lima sobre os cuidados em relação a esse assunto.
Repórter da Revista dos Condomínios – Quais seriam os cuidados iniciais que um você poderia citar em relação às festas de fim de ano?
Rafael Lima – As decorações de Natal são uma tradição que a maioria dos moradores anseia nesta época do ano. Luzes coloridas, árvores de Natal, guirlandas e outras decorações criam uma atmosfera calorosa e alegre. É necessário, contudo, em edifícios residenciais, um planejamento para que essas decorações prevejam gastos com os custos de energia elétrica para o condomínio, pois utilizadas de forma excessiva, sem previsão, pode acabar por criar um “problema surpresa” para todos os proprietários, quando a conta do consumo de energia chegar.
IMPACTO AMBIENTAL
Repórter da Revista dos Condomínios – Algum outro fator que possa intervir nessa conta?
Rafael Lima – Outro fator importante é o impacto ambiental causado pelo excesso de iluminação. O síndico pode propor que as famílias limitem a utilização de lâmpadas incandescentes, ou incentivar a utilização de lâmpadas sustentáveis e energeticamente eficientes. No final das contas, o elevado consumo de energia pode aumentar significativamente as faturas de energia em cada unidade, afetando diretamente o caixa das famílias, também.
HARMONIA DA DECORAÇÃO
Repórter da Revista dos Condomínios – E quanto a decoração, de uma forma geral? Alguma recomendação?
Rafael Lima – Ah, sim. Outra questão é o desafio de sempre combinar as decisões de cada proprietário com a decoração das áreas comuns do condomínio. É claro que a administração precisa estabelecer regras específicas sobre onde e como os enfeites podem ser colocados para manter o equilíbrio estético e evitar exageros. Porém, nem todos os moradores concordam com essas orientações, e o desejo de expressar a individualidade por meio da própria decoração pode causar polêmica.
HORÁRIOS DAS FESTAS E O RESPEITO À COMUNIDADE
Repórter da Revista dos Condomínios – E a questão de conciliar horários?
Rafael Lima – As comemorações de fim de ano são encontros com familiares, amigos e vizinhos. Por mais prazerosas que sejam essas celebrações, elas podem ser problemáticas se o tom e o momento não forem adequados. O volume da música, da conversa e do movimento humano pode exceder os níveis de ruído aceitáveis em um ambiente residencial, e muitos moradores buscam o silêncio, principalmente à noite. A convivência em condomínio depende do respeito mútuo e da aplicação clara das regras de convivência.
LEI DO SILÊNCIO X RELAXAMENTO DAS NORMAS
Repórter da Revista dos Condomínios – E as conciliações de horários a despeito da lei?
Rafael Lima – Muitos condomínios possuem uma política interna que estipula horários de silêncio, e a norma é não fazer muito barulho depois das 22h. No entanto, as regras do Regimento Interno precisam sempre ser veiculadas de forma a mais assertiva possível. Muitas das vezes até mesmo criando regras específicas paras estas datas de grande comemoração. Essas regras podem, por vezes, dependendo das especificidades de cada comunidade, ser relaxadas; mas com moderação, para que as celebrações possam continuar sem afetar o bem-estar.
Repórter da Revista dos Condomínios – Ou seja, o combinado sai barato!?
Rafael Lima – Moradores que planejam festas e eventos em seus imóveis podem evitar surpresas e reclamações avisando, antecipadamente, os vizinhos e a administração do residencial. Este simples gesto pode fazer toda a diferença na manutenção da paz e das boas relações entre os proprietários.
MEDIAÇÃO DE CONFLITOS: O INTERESSE DE TODOS
Repórter da Revista dos Condomínios – Me parece que a gestão de conflitos é decisiva, então.
Rafael Lima – A gestão dos condomínio residenciais desempenha um papel importante na mediação de conflitos e na garantia de que as regras sejam seguidas nas reuniões. Um dos maiores desafios é encontrar o equilíbrio entre a liberdade dos moradores para realizar eventos e a manutenção da saúde e do bem-estar do residencial. Para simplificar a gestão neste período, muitos condomínios criam regras especiais para eventos de final de ano que abordam questões como utilização de áreas comuns, organização de festas e eventos, restrições à decoração exterior e regras para admissão de visitantes.
Repórter da Revista dos Condomínios – Você diria que a celeridade para dar resposta às discussões é importante?
Rafael Lima – Sim, com certeza. Eu completo dizendo que, além do que já disse, é importante que o síndico e administração estejam preparados para agir de forma rápida e eficaz em situações de conflito e buscar sempre soluções pacíficas que preservem os interesses de todos.
GERINDO O USO DOS ESPAÇOS
Repórter da Revista dos Condomínios – E o uso das áreas comuns, como fica a administração?
Rafael Lima – As áreas comuns do condomínio, incluindo salão de festas, churrasqueira e playground, são muito procuradas durante as festas. O desafio neste caso é gerir o uso destes espaços de forma justa e ordenada, evitando conflitos entre os moradores que desejam utilizá-los. A maioria dos condomínios possui um sistema de reservas que obriga os residentes a uma pré-reserva para a utilização destas áreas – seguindo os horários e regras estabelecidas.
Repórter da Revista dos Condomínios – Além disso, tem a questão da limpeza desses locais.
Rafael Lima – Justo. É responsabilidade garantir que a área utilizada por um morador, de uma unidade, esteja pronta para receber os próximos eventos. Será necessária a limpeza e, eventualmente, reparos após o uso, no caso de danificação de algum item comum. A falta de atenção na limpeza e manutenção dessas áreas gera insatisfação nos proprietários e estraga o clima de felicidade, tanto a limpeza pré-festa como também a pós-festa.
PREOCUPAÇÃO COM A SEGURANÇA
Repórter da Revista dos Condomínios – A segurança pode ser outro item dessa análise?
Rafael Lima – A rotina nessa época não pode ser descuidada. Pelo contrário, deve contar com uma atenção redobrada. Deve-se prestar atenção durante as festas de fim de ano é a segura porque é uma data característica de golpes e furtos. E isso, porque conta com o aumento do número de visitantes. O fluxo de pessoas maior ao complexo pode se tornar um problema se não for feita uma gestão adequada. As organizações muitas vezes reforçam as regras de segurança, incluindo a exigência de pré-registo de visitantes e a aplicação de direitos de acesso. Além disso, a movimentação de entregadores e prestadores de serviço, que aumentará nesse período, requer mais atenção. O controle de acesso é importante para prevenir acidentes e manter a segurança do ambiente predial mesmo durante eventos.
Repórter da Revista dos Condomínios – E para encerrar, o que gostaria de dizer?
Rafael Lima – Em resumo, gostaria de dizer que as comemorações de final de ano é um momento especial que todos ansiamos, mas é preciso muito esforço para manter a ordem no apartamento e no condomínio. Além do bom aproveitamento das áreas comuns, desafios como decoração, ruído e gestão de eventos devem ser geridos de forma eficiente e com a cooperação de todos os proprietários. O sucesso da coexistência pacífica neste período depende de regras claras, de uma comunicação aberta e, mais importante, do respeito entre vizinhos. Com um bom planejamento e cooperação, podemos comemorar o final do ano de forma positiva e alegre, espalhando o espírito de felicidade sem comprometer o nosso bem-estar físico. E aguardar um belíssimo próximo ano cheio de felicidades e conquistas.
Rafael da Silva Lima
Contador, com especialização em gestão financeira e auditoria interna de condomínios (GarborRH);. Possui especialização em MBA Finanças, Auditoria e Controladoria e em Análise de Planejamento Financeiro (APF). Atua como síndico profissional.