O futuro tecnológico
As mudanças da legislação imobiliária das últimas décadas é perceptível. Cada vez mais empreendimentos do tipo “clube” tem aderência no mercado sendo comercializados de forma ágil e assertiva. Os lançamentos são tomados por estúdios, apartamentos tipo (apartamentos iguais, com as mesmas metragens), cobertura, coworking, rooftop, academia, shopping, praia artificial, campo de golfe etc. Entre tantos outros atrativos, os novos conceitos utilizam tecnologias avançadas para otimizar a vida dos moradores oferecendo uma experiência de moradia conectada, segura, cômoda e sustentável.
E para a adequação de toda essa realidade, com a adequação a um panorama onde megalópoles condominiais, cercadas de variedade tecnológicas se sobrepõe a edifícios da década de 1970, onde condomínios residenciais ou mistos ainda eram uma inovação imobiliária de alto conceito, toda atenção às mudanças na legislação é um ponto importante a ser debatido – e acompanhado. Para melhor entender essas mudanças e relação com as novas tecnologias e formas de estruturação dos condomínios no mercado, a Revista dos Condomínios buscou falar com a especialista do setor Andressa Maria Martins.
Repórter da Revista dos Condomínios – Quando falamos de novas relações com a moradia, o que o mercado tem oferecido em termos de novas propostas?
Andressa Maria – Fato é de que um mesmo proprietário pode se tornar investidor de um condomínio de alto padrão, já familiarizado com a locação por curta temporada (como apartamentos locados por uma semana, por exemplo) e multipropriedade (onde várias pessoas se tornam proprietários de um bem, proprietário de apartamentos em condomínios que necessitam de modernização estrutural, tais como adequação destinada a PcD (pessoa com deficiência), exigências para atender ao Corpo de Bombeiros e outras em amplo sentido.
Repórter da Revista dos Condomínios – Com todos esses novos arranjos, formas e estruturas dos lançamentos, que adaptações, por exemplo nas Convenções Condominiais, seriam necessárias de se implementar?
Andressa Maria – Realidades completamente opostas e, por esse motivo, não é possível aplicar a mesma Convenção Condominial e equiparar o que é funcional em um condomínio, assim será também a outro.
Repórter da Revista dos Condomínios – A partir dessa realidade, podemos afirmar que existem cuidados para a segurança dos ativos de um investidor?
Andressa Maria – Certamente um patrimônio gerido através de facilidades destinadas a atender especificamente a um público que espera resultados a curto e longo prazo serão, sem sombra de dúvidas, investimentos seguros.
Repórter da Revista dos Condomínios – Entendo.
Andressa Maria – Sem conhecimento amplo da matéria, o patrimônio é que sofre os impactos já que o “problema” vai se acumulando e não se sabe ao certo como “fazer dar certo”.
Repórter da Revista dos Condomínios – Quais as dúvidas mais frequentes dos investidores em condomínios ou até mesmo para aquele cliente que busca comprar um imóvel para moradia?
Andressa Maria – Moramos e investimos cada vez mais em condomínios e ainda somos cercados por dúvidas. É comum pagar a taxa do condomínio e reclamar por falta transparência em investimentos, sem acompanhamento da prestação de contas ou compreensão do que está sendo pago.
Repórter da Revista dos Condomínios – E em relação aos síndicos, gestores desses novos arranjos condominiais, quais são os maiores desafios que eles podem enfrentar e como se preparar para eles?
Andressa Maria – Nesta toada, no corre-corre cotidiano, o síndico “profissional” é a figura que através de eleição por assembleia, representa a coletividade condominial e delegamos a ele, através do voto, nossa expectativa de vida.
Repórter da Revista dos Condomínios – Em relação à convivência nesses novos arranjos, você gostaria de somar algum comentário?
Andressa Maria – Entende que, sem esforço, ainda é possível idealizar a convivência em um ambiente harmônico cuja convenção condominial (regras exclusivas do condomínio) não refletem a realidade. Viver sem atenção é simples, porém conviver com outras famílias com costumes, opiniões, nacionalidades diversas se torna um grande desafio.
Por falta de conhecimento e muito conflito, a grande maioria dos síndicos se tornam relapsos e por seguinte, os condôminos se tornam descrentes.
Repórter da Revista dos Condomínios – No que tange a adequações, você diria que regras devem ou podem ser avaliadas para tornar a convivência mais tranquila correndo dentro de uma rotina exequível e gestão mais fácil e possível para o síndico?
Andressa Maria – A administração engessada e com regras obsoletas impedem uma gestão de qualidade e seus reflexos são: desgaste emocional, infraestrutura ultrapassada, manutenções necessárias em atraso, fluxo financeiro deficitário, venda, compra e locação de imóveis em declínio, ações judiciais das mais diversas em face ao condomínio, ao corpo diretivo cada vez mais crescentes.
Repórter da Revista dos Condomínios – Podemos afirmar que os condomínios seguem o caminho da sustentabilidade, se levarmos em conta as placas fotovoltaicas e os captadores de energia eólica?
Andressa Maria – A taxa condominial só aumenta? Reflexo dos mais variados motivos e por vezes, a valorização do patrimônio advém da solução estratégica, ou seja, por meio da atualização da Convenção Condominial, que atenda às necessidades da sociedade em expansão, da nova geração consumerista. Não basta pensarmos em sustentabilidade se a regra de como acondicionar o lixo (regra básica) ainda é algo descumprido em vários condomínios e ao final o que foi gerado de renda através de ferramentas sustentáveis precisa ser aplicado na contratação de colaboradores que separam lixo. É o contraponto do trabalho exaustivo do corpo diretivo, educar e reeducar.
Repórter da Revista dos Condomínios – O condomínio inteligente já é uma realidade de mercado ou fica restrita para os lançamentos de alto padrão?
Andressa Maria – A concepção de condomínio inteligente é realidade. Focada em soluções, a Convenção Condominial atualizada através de especialistas como a Dra. Andressa Maria, setor na a principal ferramenta em um processo de transição, antes restrito ao passo de um futuro promissor e deve ser incorporada por direito como tecnologia de ponta, compondo 100% da informações necessárias de convívio e administração, assim como das frações adquiridas do empreendimento compartilhado através de escritura de venda e compra. Anote-se e registre-se dicas valiosas em formato digital.
“Sem conhecimento amplo da matéria, o patrimônio é que sofre os impactos já que o “problema” vai se acumulando e não se sabe ao certo como “fazer dar certo”
Andressa Maria Martins Padula de Souza Advogada (OAB/SP) com mais de quinze anos de experiência em gestão condominial. Através de sua participação organizacional em administradoras de condomínio e atuação como gerente condominial. Especializada em Direito Imobiliário e Condominial, a jornada profissional se consolidou ao unir essa formação acadêmica à experiência e paixão em atuar com pessoas que desejam conhecer o direito na prática, através da legislação que protege, acolhe, norteia e transforma.