O condomínio não deve ser administrado com improviso
Estar à frente da gestão de um condomínio exige conhecimento e imputa responsabilidades que muitos nem imaginam. Por muito tempo os condomínios foram administrados por pessoas que simplesmente levantavam a mão em assembleias de eleição e se tornavam síndicos, iniciando a gestão de forma empírica e sem o devido preparo.
Com o crescimento do mercado condominial, as demandas e exigências aumentaram. Os condomínios estão cada vez mais complexos, com diversas áreas de lazer compartilhadas, enquanto as pessoas estão cada vez menos tolerantes. A pandemia destacou ainda mais essas características, acelerando mudanças e colocando os gestores condominiais à prova. Mais do que nunca, gerir esse complexo ecossistema exige preparo, planejamento, organização e controle. Essas técnicas fazem parte da teoria da administração, e o síndico, como líder e representante do condomínio, deve aplicá-las no dia a dia para criar um plano de ação a fim de atingir resultados palpáveis.
Uma das primeiras atitudes de um síndico após a eleição deve ser fazer um diagnóstico físico e financeiro do condomínio. Pode-se iniciar com uma inspeção detalhada, fotografando as condições das áreas comuns, verificando as instalações e os equipamentos existentes. É hora de listar as manutenções e desenhar processos de execução, sejam manutenções cotidianas, como limpeza ou jardinagem, ou preventivas e periódicas, como dedetizações ou recarga de extintores. Criar um plano anual de conservação ajuda a visualizar e controlar melhor “o que” e quando deve ser feito.
Quanto à parte financeira, deve-se avaliar a composição das receitas e despesas comparando o previsto com o realizado. Ter conhecimento dos contratos, suas condições, planilha de prazos e formas de renovação, bem como o índice de reajuste de cada um deles. O perfil da inadimplência deve ser analisado com critério, para estabelecer ações corretivas de acordo com cada caso. Algumas vezes a adoção de medidas administrativas já é suficiente, mas em outros casos serão necessárias ações mais firmes, tomadas por escritórios de cobrança especializados.
Além disso, é fundamental ouvir as pessoas. Conversar com os funcionários, prestadores de serviço, componentes do corpo diretivo e demais morado- res é muito importante para conseguir o comprometimento dos envolvidos. De posse dessas informações, o gestor condominial conseguirá traçar prioridades e desenvolver um plano de ação, que poderá ser apresentado em assembleia para ser chancelado por todos, alinhado às expectativas. Essas técnicas administrativas fazem a diferença entre a gestão comprometida com resultados e o improviso, que hoje em dia não tem sido mais aceito no mercado condominial.
Thaís Conceição é síndica em mais de 70 condomínios pela Providência Síndicos de Curitiba, palestrante e professora, graduada em Administração de Empresas pela UFPR