A urbanização das cidades
e o surgimento dos
condomínios edilícios

Surgem os gestores condominiais profissionais

Em pouco mais de uma geração a partir dos meados deste século, o Brasil, um país predominantemente agrário, transformou-se em um país virtualmente urbanizado. Em 1950, tinha uma população de 19 milhões de habitantes nas cidades, ao passo que atualmente a população urbana sextuplicou para mais de 140 milhões. É claro que transformações  quantitativas de tal magnitude implicam transformações qualitativas profundas. A organização dos espaços urbanos está associada a novas configurações para a fluidez da produção, consumo e circulação de bens e pessoas.
Rapidez e intensidade têm caracterizado o processo de urbanização desde seus primórdios no último quartel do século passado. No último século a população brasileira cresceu de 17 milhões para 170 milhões de habitantes. No início do século XX, apenas 17% dessa população vivia em cidades, situação que se inverteu no fim do século, quando esse percentual já era de 81%, elevando-se ainda mais no último censo demográfico, realizado em 2010, que apurou uma taxa de urbanização de 84%.
A proporção de pessoas morando nas cidades é cada vez maior, gerando novas formas de ocupação do espaço urbano que reconfiguraram as estruturas jurídicas, econômicas, políticas e sociais. Os processos de parcelamento e ocupação do solo, as políticas públicas, os investimentos privados, a especulação imobiliária, o ordenamento urbano, a infraestrutura de transportes, os equipamentos urbanos, o direito e uso da propriedade estão diretamente associados à qualidade da moradia. O padrão de uso da terra na cidade é o resultado da competição por um recurso escasso. A conveniência de uma área para fins residenciais é influenciada por muitos fatores sociais, como a acessibilidade ao trabalho, por exemplo. As pessoas com antecedentes e necessidades semelhantes selecionam conscientemente, ou são premeditadamente atraídas ou forçadas pelas circunstâncias a aglomerarem-se em determinadas seções ou espaços da cidade.

É neste contexto de urbanização e verticalização das cidades que surgem os condomínios edilícios, proliferando em todas as cidades do país, não restritos apenas aos grandes centros urbanos. Em muitas cidades como a que moro (Niterói-RJ), mais da população já reside em imóveis dentro de condomínios edilícios ou entidades jurídico-administrativas assemelhadas (condomínio de lotes, condomínios de casas térreas e assobradadas ou loteamentos de acesso controlado). Vimos que os condomínios crescem em quantidade, razão pela qual se faz necessário gestores preparados para administrá-los. Como dizia Peter Drucker, o pai da Teoria Neoclássica da Administração, “a viabilidade da nossa sociedade depende de bons gestores”, nos alertando que “gestores eficazes são recursos sociais valiosos”.
A complexidade crescente da gestão de condomínios vem abrindo espaço para gestores condominiais profissionais. Esses síndicos são profissionais que possuem vivência em gestão de condomínios, se dedicando ao exercício dessa atividade de modo não amador, fazendo dela seu principal meio de ganhar a vida. Fazem da atividade de sindicatura sua profissão regular, sendo detentores de expertise em gestão de condomínios. Pela experiência acumulada na atividade, terminaram por desenvolver competências e técnicas diferenciadas, não raro complementando sua capacitação profissional em uma instituição regular de ensino. Os síndicos profissionais vêm crescendo em quantidade e qualidade, sendo uma opção importante para a gestão dos condomínios do nosso país.

Francisco Machado Egito é advogado, administrador e contador É CEO do Grupo Francisco Egito, empresa que atua na área. condominial e imobiliária. É coordenador da Comissão de Contabilidade Condominial do CRC, coordenador da UnicreciI, diretor da REVISTA DOS CONDOMÍNIOS, do curso Aprimora e do CBEPJUR. Tem atuação como presidente e membro de conselhos profissionais na área condominial e imobiliária (OAB, CRC, ABA e outros)

@franciscoegito