Árvores são excelentes para a paisagem, porém traiçoeiras em algumas situações
Árvores trazem benefícios para o ambiente como sombra, beleza, pássaros e até mesmo frutos, mas também podem causar problemas e danos graves
GRAÇA OLIVEIRA
Quem nunca admirou a beleza natural de uma árvore com certeza não sabe aproveitar um dos mais belos visuais que a natureza tem a oferecer. Entretanto, essas aliadas da paisagem, amadas por quem está à procura de uma sombra ou para ouvir o canto dos pássaros, escondem perigos que muitas vezes sequer podemos enxergar ou que não levamos em consideração em momentos específicos.
E isso acontece no verão, por exemplo. Normalmente associado às altas temperaturas, essa época do ano também é marcada por fortes pancadas de chuva, ventos, raios e, infelizmente, enchentes. Durante esses episódios, que muitas vezes se tornam assustadores, ter árvores em alguns locais pode não ser recomendado. Todos sabem da importância de plantá-las, o impacto positivo no meio ambiente que elas provocam é indiscutível, mas o síndico ou gestor condominial precisa estar atento àquelas que estão na frente dos condomínios.
Para entender melhor como lidar com as árvores, falamos com a síndica profissional, administradora e consultora Graça Oliveira. Primeiramente, ela esclarece exatamente o tema referente às árvores do lado de fora do condomínio, aquelas de rua, e diz que o síndico não é responsável pela sua manutenção, já que o poder público é que precisa cuidar para que nada ruim possa acontecer. Contudo, o gestor não pode simplesmente “fechar os olhos” e ignorar o que está bem na sua frente. “O gestor do condomínio precisa estar atento aos sinais de que o indivíduo arbóreo pode apresentar risco. Nesse caso, a informação deve ser passada ao poder público para que as providências sejam tomadas. Pode se tratar de poda ou supressão. Caso os galhos estejam próximos de fiação, a informação deverá ser passada à companhia elétrica, a fim de evitar quaisquer tipos de danos à rede de energia”, esclarece.
Em seguida, ela chamou atenção para um ponto importante: caso a calçada seja danificada pelas raízes expostas, a prefeitura também é o responsável por lidar com os reparos. “Em caso de danos nas calçadas, o poder público deverá ser notificado para poder fazer tanto o reparo da calçada quanto a supressão ou troca do indivíduo arbóreo que tem essas raízes compridas e causam um pouco mais de dano por outra que não traga esse risco”, comenta.
Claro que o condomínio não está sujeito a problemas causados somente pelas árvores dos logradouros públicos. Cada vez mais, áreas internas têm sido destinadas à plantação de árvores. Num primeiro momento não há qualquer problema, mas Graça também foi rigorosa em relação à manutenção que se faz necessária. “A manutenção de árvores dentro do condomínio é complexa. Não é uma decisão que o síndico possa tomar de forma monocrática, sendo necessário, inclusive, uma ata de assembleia com a deliberação dos condôminos quanto à supressão ou poda. O recomendado é que o condomínio busque uma empresa ou profissional para assessorá-lo quanto à tramitação do processo e autorização da Secretaria do Meio Ambiente. Convém lembrar que existem épocas próprias para podar cada espécie. Vale lembrar que o corte irregular de árvore configura crime ambiental”, afirma.
É valido lembrar que as árvores não podem ser plantadas onde o síndico ou algum condômino bem entender. Afinal, os riscos de acidente podem aumentar. Para isso, é preciso estar ciente do tipo de local, seu entorno, o formato de raiz daquela árvore, a proximidade das construções, fiação, tubulação e o orçamento que o condomínio terá com todo esse processo. Essa iniciativa pode surgir por meio de uma vontade, de um desejo, mas nunca pode ser concretizada apenas à base do “eu quero”.
Agora, caso algum acidente ocorra, antes de os culpados começarem a ser apontados por quem sofreu os danos ou por outras pessoas próximas, é preciso lembrar que as árvores localizadas dentro das áreas comuns devem ser plantadas por uma empresa especializada, e, de acordo com a especialista, é preciso ter controle da documentação. “Em caso de acidente, é necessário analisar o contrato firmado entre o condomínio e a empresa responsável pelo trabalho. É importante também verificar a apólice de seguro do condomínio”, orienta.
Se você planeja levar a ideia de criar um “espaço verde” para o seu condomínio, mantenha a seguinte informação sempre com você: os cuidados variam de acordo com o que você está plantando. Para esse tipo de instalação, indicações são bem-vindas se forem tratar da empresa capacitada em jardinagem, mas não pense que a manutenção será igual para todo tipo de árvore, conforme explicou a especialista. “O indicado é que um condomínio consulte um profissional para assessorá-lo com um planejamento de poda de acordo com a espécie e a época do ano. Deve-se também levar em consideração se o indivíduo arbóreo coloca em risco a integridade física de alguma pessoa ou de algum bem”, finaliza.