Ser síndica e as forças de ser mulher
Março! Um mês dedicado a nós. Um mês para homenagens, comemorações, debates, questionamentos, valorização e reconhecimento das conquistas. Queremos flores sim, e respeito também.
Entre tantos espaços conquistados nas últimas décadas, o lugar de líder e gestora de condomínio. Foi mais um que pouco a pouco foi sendo ocupado por nós. Se olharmos para trás, o perfil do síndico: homem, mais velho, aposentado, que com tempo e disponibilidade que se envolve com o condomínio como uma atividade muitas vezes voluntária, para ocupar seus dias e fazer o que ninguém quer, vai ficando cada vez mais para trás. Surge um perfil dinâmico, moderno, criativo, ativo, que exige muito conhecimento e nos encaixamos muito bem neste espaço. Que além de conquistar espaços na sociedade, trabalhar, cuidar da casa, dos filhos ainda tem a força e a coragem de assumir a responsabilidade pelo zelo de um bem comum e da coletividade. E o faz com maestria.
A função de síndico é uma função de controle e poder também, características estas “consideradas masculinas”, porém o número de Síndicas mulheres cresce a cada ano. Segundo pesquisa do Sindiconet, em agosto de 2021, hoje ocupamos 39% dos cargos de síndicos no Brasil, 22% a mais que em 2018, entre profissionais ou residentes. Com certeza, a maioria já sofreu algum tipo de discriminação ou dificuldade, seja com fornecedores, moradores ou funcionários, pelo simples fato de ser Mulher. Além de todas as dificuldades enfrentadas na sindicatura, para nós, este é um desafio a mais: SER MULHER.
Mas considero que fomos capacitadas com FORÇAS capazes de contornarmos estes desafios. Poderia elencar diversas características femininas que fazem com que sejamos capazes de nos destacar. Já ouvimos (e eu adoro! E não vejo como pejorativo, não): “Síndico é melhor quando é mulher.” Talvez por atribuírem o fato de “zelar e cuidar” de uma “casa” ser considerada uma característica mais feminina, pois além de “cuidar”, ter um senso estético apurado, sabemos organizar, planejar e controlar, muito bem. Conseguimos aliar poder, controle e conhecimentos. É da nossa natureza, e essa é a nossa maior força, sim!
Aliamos nossa capacidade natural de conciliar os conflitos – que talvez Deus tenha nos dado para conciliar conflitos entre os filhos, Ele sabia que íamos precisar; com nossa sensibilidade –, nos mobilizamos emocionalmente com facilidade e isso faz com que nossas motivações e decisões sejam diferentes; nossa liderança – desde os primórdios conduzimos e lideramos uma casa e uma família; nossa persistência – não desistimos fácil; nossas habilidades de mulher polvo – ninguém faz tantas coisas ao mesmo tempo como nós; nosso apego aos detalhes – que eles dizem que só nós temos. Juntamos à nossa garra para fazer a diferença, para que tudo fique e funcione melhor nesta estrutura que administramos e assim geramos os melhores resultados.
Já conquistamos muito e ainda temos muito a conquistar, e não tenho dúvidas de que estamos nos preparando para isto, vamos nos apropriar de nossas FORÇAS da maneira mais consciente possível e fazer delas um grande diferencial em nossa atuação.
Síndicas! Um grande abraço.
Ariane Padilha é professora, psicóloga, especialista em Gestão de Recursos Humanos e Marketing, consultora e síndica profissional da Fator G Condomínios. Coordenadora de pós-graduação em Gestão Condominial/Famaqui.