O que vemos nos nossos vizinhos?
A luz da filosofia condominial sistêmica, podemos entender muitas coisas da vida cotidiana com nossos vizinhos em condomínio, que quando não temos a consciência plena, passa despercebido. Várias coisas que ocorrem num condomínio que vivemos, são passíveis de equiparação analógica ao que ocorre nas nossas famílias como um todo, desde a nossa família primária (pai, mãe e irmãos) como na família mais anterior ou colateral (avós, tios, bisavós e tetravós).
Muitas vezes temos problemas com nossos familiares, que acabam aparecendo na nossa frente novamente através de relações outras da vida cotidiana. Por exemplo, aquele relacionamento com nossa mãe mal resolvido, pode reaparecer com vizinhos, isso através de senhoras que teimam em nos atormentar em razão de nosso comportamento, ou de barulho de nossos cães ou até de nossas crianças. A filosofia sistêmica estuda as repetições que ocorrem nas nossas vidas, e que na maioria das vezes são repetições de padrões parentais que buscamos em todas as nossas outras relações, seja de emprego, saúde, e até no convívio dos nossos condomínios onde moramos.
Se tivemos relações difíceis com nossa mãe, podemos ter dificuldade em aceitar limites com outras pessoas, além de termos problemas com hierarquia ou comando, e isso com toda certeza repercutirá na vida condominial, já que em muitos casos, a pessoa que teve problema com sua mãe, terá dificuldade de aceitar ordens e cumprir normas. Obviamente que este tipo de percepção é totalmente inconsciente, e por isso, muitas das vezes a filosofia condominial sistêmica, sofre designações equivocadas, de pessoas que desconhecem este tipo de aplicação.
Na verdade, a filosofia condominial sistêmica, é uma postura, onde o operador do direito, antes de mais nada, faz uma análise e observação do histórico anterior de cada problema que é colocado para ele, e com sensibilidade, através da postura sistêmica cujo maior ensinamento foi trazido por Bert Hellinger, filósofo alemão que dirimiu as constelações familiares, e desta forma estratificou posturas de atuação para minimizar conflitos de toda ordem, sendo hoje possível com esta filosofia, até sanar dramas condominiais antes sem soluções possíveis.
Sugestão do dia: escolha uma pessoa que você convive diariamente em seu condomínio, que lhe causa raiva ou outro sentimento ruim, feche os olhos, respire, e esvazie sua mente, pense nesta pessoa, e imediatamente pense no que ela faz que te causa isso, aí imediatamente tente identificar quem ela lhe lembra na sua família que lhe causava a mesma coisa. Já começamos a identificar o drama! Boa sorte!
Gracilia Portela é advogada e presidente da Academia Brasileira de Direito Sistêmico (ABDSIS).