Economia inteligente: contas sob controle
Em tempos de alta generalizada, os condomínios precisam se adaptar para não estourarem suas contas no fim do mês
Aline Lazarino
O brasileiro tem uma relação de amor e ódio com diversas coisas. Pode ser no campo político, do entretenimento ou até mesmo no esportivo. Mas tem algo que está conseguindo gerar apenas a segunda emoção desse vínculo (ódio): são as contas de água e luz.
Parece que, a cada mês que se inicia, os valores ficam ainda mais altos e, com as estimativas de inflação de alta entre 0,3% e 1,8% na comparação mensal, o dinheiro vai ficando curto para manter as condições básicas de vida. E vivem esse dilema não apenas as pessoas que moram em casas, mas também aquelas que estão nos condomínios.
Para que essas contas não saiam de controle, cabe aos síndicos achar soluções. Conversamos com a administradora Aline Lazarino, que atuou no segmento imobiliário por 17 anos e atualmente trabalha como consultora comercial na Lowndes Condomínios e Locação.
Claro que toda mudança precisa começar pelo primeiro passo. Por isso, é fundamental que todo síndico tenha em mente algumas boas práticas que precisam estar no dia a dia dos condôminos. A especialista detalha três pontos fundamentais que precisam ser tratados como mandamentos bíblicos: conscientização, controle e aprendizado. Segundo ela, tendo esses três pilares, o síndico já pode começar a identificar a mudança de perfil no comportamento dos moradores, assim como a constatação de valores menores nas faturas mensais.
Ela fala de situações extras em que o gestor começa a fazer diferença: “Um bom gestor deve desenvolver ações de conscientização, visando a alcançar moradores e funcionários, fazendo uso de alguns métodos como circulares informativas, treinamentos, reuniões. A eficiência laboral vem da capacitação do colaborador, profissionais treinados contribuem para a economia, uma vez que, quando conscientes sobre a correta utilização dos recursos naturais, evitam realizar suas tarefas com desperdício. Outra vantagem está no olhar crítico, ao se realizarem vistorias diárias. Nas áreas comuns, o funcionário mais perspicaz consegue identificar falhas, o que facilitará as tomadas de ações necessárias, evitando maiores despesas emergenciais”, orienta.
Dicas para reduzir gastos de água e luz
Aline Lazarino preparou algumas dicas sobre como lidar com os gastos de luz e de água. Confira e coloque em prática!
ÁGUA – Havendo viabilidade técnica, a instalação de hidrômetros individuais contribui para a economia geral, pois a empresa responsável pela medição gera relatórios mensais indicando, inclusive, variações de consumo por unidade e áreas, permitindo que o gestor tome atitudes assertivas. Para condomínios com grandes áreas verdes, a irrigação automatizada proporciona economia, pois o sistema promove a rega de forma proporcional à necessidade do projeto paisagístico.
Sobre a água de reuso, a construção de um sistema eficiente permite o uso para limpeza das áreas comuns, rega de jardim, chafariz, espelhos de água e contribui na economia.
ENERGIA – O ideal é que o condomínio tenha um plano de manutenção preditiva e preventiva em seus equipamentos eletromecânicos (bombas, motor, elevadores, relés, disjuntores etc.), quadro de bombas, PC de luz, quadros de distribuição. Também podem ser promovidas economias simplesmente com a instalação de equipamentos que minimizem o consumo desnecessário, tais como sensores de presença, sensores fotocélula, relé de sequência etc.
Essas são algumas das práticas recomendadas pela especialista, mas e se um dos caminhos para enxugar essas cifras se apresentar em forma de demissão de funcionários?
Claro que, num mundo ideal, isso deveria ser o último ponto a ser considerado. Contudo, Aline diz ser algo que pode acontecer, mas aponta que depende muito do caso, e, mesmo assim, ainda pode ser realizado um remanejamento para que as jornadas de trabalho produzam menos horas extras. No final, tudo depende da capacidade do gestor.
Evidentemente, essas ideias são pensadas levando em consideração que os condôminos e funcionários vão atender ao que foi pedido logo na primeira tentativa. Contudo, como não vivemos num mundo ideal, é necessário levar em consideração a noção de que a mensagem deverá ser passada mais de uma vez, e o síndico/gestor precisa identificar se o problema está não necessariamente na mensagem, mas no jeito que ela está sendo transmitida.
“Tenho como premissa que não administramos pessoas, porque não podemos ter controle sobre as emoções e comportamentos do outro, mas gerenciamos acordos”, disse a especialista sobre como o responsável pelo condomínio deve lidar com quem ali mora e trabalha. E completa que o síndico deve agir sempre com o “regulamento embaixo do braço”, se baseando no regulamento interno, convenção e leis, e, caso o comportamento tanto de condôminos quanto de funcionários esteja fora do que é tido como padrão, deve ser coibido.
Por fim, foi discutido como a tecnologia impacta nessa tentativa de reduzir os gastos condominiais. A administradora foi objetiva quanto às ferramentas que o síndico pode usar. Afinal, o mundo digital está presente para ser um aliado.
“Para que o síndico consiga alcançar a maior quantidade de condôminos e moradores, ele deve se comunicar utilizando todos os recursos disponíveis simultaneamente. Imagine um condomínio clube, com 450 unidades, a diversidade de gênero, idade, uns podem facilmente baixar o app do condomínio, outros sequer vão parar para ler o quadro de avisos, então o síndico deve emitir uma informação e inseri-la no quadro de avisos, app do condomínio, da administradora, e- -mail, linha de transmissão do WhatsApp, os recursos são vários e estão acessíveis para serem utilizados”, completa.
E isso diz respeito apenas à parte da comunicação, porque também existem modificações no próprio condomínio que auxiliam nesse corte de gastos. Para finalizar, Aline citou três exemplos de tecnologias podem ser adotadas nas áreas condominiais:
- Controle de acessos eletrônicos, tanto de pedestres como de veículos.
- Portaria remota.
- Sistema de geração de energia