Festas de fim de ano: como decorar e celebrar sem prejudicar
Animação e alegria, mas sem abrir mão de cuidado e prevenção. Prédios investem em decoração e riscos precisam ser evitados
TANILA SAVOY
Mais um ano vai terminando e, com isso, muitos condomínios realizam investimentos na parte de decoração para que o clima possa realmente ser estabelecido. Contudo, como tudo nessa vida, exageros precisam ser evitados para que as festas não se transformem em pesadelos, algo que pode trazer apenas riscos e dores de cabeça para síndicos e condôminos.
Para que as festas sejam apenas de alegria e celebração, é importante tomar alguns cuidados, por isso conversamos com a advogada e síndica Tanila Savoy, que tem mais de 20 anos de atuação. Primeiro, é preciso esclarecer que o condômino não possui a legitimidade para operacionalizar a decoração. De acordo com a entrevistada, apenas o síndico possui essa função, respeitando o bom senso, principalmente quando o assunto é a coletividade. Ela acrescenta que o regulamento interno de cada edifício pode retratar a vontade da maioria que o aprovou e ali especificar o tipo de decoração e o local que as mesmas serão instaladas.
Afinal, para realizar essa instalação, o síndico precisa ter algumas coisas em mente, como a questão da acessibilidade. Se a decoração de Natal, festa muito comemorada em todo o país, está dificultando o acesso de cadeirantes numa determinada rampa dentro do condomínio, o gosto pessoal precisa ficar de lado, e aquele espaço deverá ser respeitado, garantindo o sossego de quem depende daquela modificação para circular pelo condomínio. Outro cuidado que os gestores precisam ter, especialmente quando forem instalar luzes, artigo muito utilizado no fim do ano, é a questão das vegetações.
O perigo que a parte elétrica pode trazer é real, e incêndios podem começar sem que qualquer pessoa perceba, por isso, é indicado que árvores, tanto dentro quanto fora do edifício, não sejam utilizadas. Isso, claro, não impede o uso dos chamados “pisca-pisca”, e Tanila comentou que, com prevenção e cuidado, o item pode fazer parte da sua decoração. “Para reduzir os problemas com fiação elétrica é essencial que de forma preventiva as manutenções sejam feitas no prédio ao longo do ano. Ao chegar ao final do ano, o prédio, com as manutenções de acordo com as normas técnicas, provavelmente poderá suportar sem problemas uma carga adicional de iluminação. A sugestão é que um eletricista seja contratado para que faça essa análise, e a adequação das tomadas para que a iluminação, além de bonita, fique segura para as festividades”, explicou ela.
Esses cuidados são que estão ligados diretamente à decoração, mas todo síndico sabe que situações problemáticas podem surgir, também, graças àqueles que estão vindo de fora, afinal, é muito comum que os condôminos recebam parentes e amigos nesses momentos de celebração.
A especialista comenta que as atitudes do convidado sempre serão de responsabilidade do condômino, e novamente destaca importância do regulamento interno, pois ele precisa estar “devidamente aprovado em assembleia e registrado para ter validade perante terceiros”, sendo encaminhada uma notificação para o condômino, caso seja necessário, até mesmo uma possível multa. Essa época do ano não está imune aos diversos conflitos que aparecem diariamente nos condomínios, mas para que alguns dos dias mais comemorados de todo o ano possam ser marcados apenas por alegria e diversão, todos precisam exercer seus papéis. O termo mais usado por Tanila, sem dúvida, é o “bom senso”.
É esse sentimento que deve nortear as atitudes e decisões. Ela lista outras providências simples, mas muito úteis: Sempre lembrar que o coletivo deve se sobrepor ao individual; Não utilizar as áreas comuns sem a autorização do/a síndico/a; Seguir o regramento interno de seu prédio; Lembrar-se que as festas de final de ano devem ser marcadas pela alegria.
O bom senso sempre deve imperar e fazer parte de uma gestão inclusiva, participativa e com olhar ao outro e ponderar com relação às flexibilizações que não devem de forma alguma beneficiar um em detrimento de outro. Assim, para uma gestão com equidade, é necessário que inclusive as flexibilizações sejam conversadas, debatidas e aprovadas em assembleia para que todos tenham voz e possam se manifestar, pois a gestão condominial não pode ser feita para um seleto grupo e sim para o todo. Ser houver regras específicas para as festividades de final de ano, devem ser seguidas, e qualquer alteração deve ser feita através de comunicados e com transparência que exige uma gestão, ainda que no âmbito privado, como no caso condominial. A utilização do espaço comum do espaço deve seguir as regras regimentais e eventual flexibilização com previa aprovação em assembleia condominial”, completou.
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