Individualização de hidrômetros pode ser saída para reduzir custos

Edifícios antigos levantam debate a respeito dessa tomada de decisão. Medição individualizada em novos condomínios entregues a partir de julho de 2021 se torna obrigatória

GUILHERME GOWMAN

GISELE VERAS

O brasileiro não vive numa utopia condominial, ou seja, cada construção acaba tendo alguns problemas que são legados de uma empresa que não tomou os devidos cuidados na hora da construção, ou, então, uma tecnologia mais desenvolvida que não existia na época em que o condomínio foi erguido. Esse segundo ponto é ainda mais comum, afinal, quantas pessoas não vivem em condomínios que foram construídos, dez, 20 ou até mesmo 30 anos atrás. Não podemos culpar os condôminos pelo lugar onde moram, mas o que pode ser feito é pedir que algumas medidas sejam tomadas para que a qualidade de vida seja maior, e os gastos, menores.

E um dos itens que mais podem gerar dores de cabeça para condôminos e síndicos, sem dúvidas, são os hidrômetros. Por isso, conversamos com Guilherme Gowman, síndico profissional com certificação Síndico 5 Estrelas, graduado em Gestão Administrativa e Financeira e bacharel em Ciências Biológicas, e com Gisele Veras, diretora comercial da Acqua X do Brasil, e ambos comentaram a respeito de como lidar com esse item em prédios mais antigos, além do impacto que essas mudanças podem trazer para os edifícios.

Guilherme conta que, por lei, a medição individualizada do consumo hídrico em todas as novas edificações condominiais entregues a partir de julho de 2021 se tornou obrigatória, mas também comentou sobre como está o cenário para os edifícios com mais tempo de existência. “Não há nenhuma proibição ou obrigatoriedade legal no que se refere à individualização dos medidores em condomínios mais antigos. O que temos notado é a dificuldade de muitos prédios antigos levarem o projeto de obtenção da medição individual por diversos motivos, como a questão da engenharia, ou seja, a infraestrutura limitada para novas instalações tecnológicas gerando alto custo e o risco estrutural”, disse.

Ainda pensando se o condomínio deve ou não começar a individualização dos hidrômetros, é preciso que o síndico tenha em mãos um projeto que possa ser viável. Para isso, se faz necessário contratar uma empresa especializada para averiguar essa viabilidade e, segundo Guilherme, só assim o projeto poderá ser iniciado.

“Se o resultado for positivo para a implementação dos medidores individuais, o condomínio deve obter alguns orçamentos com profissionais capacitados que atendam todas as normas vigentes. Após a análise de todos os custos e riscos, o síndico deve verificar se a individualização da água é mais onerosa do que o rateio da conta de água mensalmente e, quando esse custo se torna maior com a obra, é recomendável não realizar a mudança”, comentou.

O debate a respeito dos medidores acaba se tornando bastante particular. Afinal, cada condomínio terá seu cenário próprio, mas, de maneira geral, é possível observar alguns ganhos significativos caso a individualização seja adotada. A começar, claro, pela redução do consumo mensal, pois, o custo de agora em diante passa a ser de responsabilidade de cada unidade. Gisele Veras esclarece que essa maior consciência no consumo acaba tendo um impacto, além de tudo, social e em termos do custo-benefício.

“Além da questão de justiça social, essa obra é um investimento que se paga em poucos meses. Caso haja parcelamento da obra em algumas unidades, a pessoa vai investir nos primeiros meses do parcelamento da obra, e nos demais paga com a economia obtida, ou seja, vai ver logo o retorno, tudo isso, claro, levando-se em conta o consumo da unidade, pois, já que se trata de justiça social, as unidades que consomem mais logicamente pagarão uma conta mais alta de água, e é por isso que muitas pessoas são contra, mas não porque não acham a obra viável, e sim porque não sabem economizar”, disse a diretora.

Quando bem-feito, esse trabalho é um verdadeiro pacificador no meio condominial e acaba abrindo espaço para outras discussões, porque, à medida que um assunto tão delicado como o consumo de água já não precisa mais ser discutido nas assembleias, todo o processo é aperfeiçoado e ainda traz maior valorização do condomínio, gerando uma vantagem na hora da venda ou locação do imóvel, apontou Guilherme.

Por outro lado, Gisele passou algumas cifras que são referentes à instalação desses medidores, destacando o que o síndico pode esperar caso seu edifício seja um pouco mais antigo ou então uma construção mais recente, e o retrofit hidráulico, adaptação geral que não necessita de uma grande reforma ou de deixar a tubulação aparente.

“Se falarmos em prédios novos com local pronto para instalação, gira em torno de R$ 180 até R$ 980, isso depende da polegada do medidor, quantidade de banheiros, como foi dimensionado pelo projetista, e a forma de pagamento. No caso da obra de retrofit hidráulico, os valores podem variar entre R$ 1.900 até R$ 12.000, também dependendo da complexidade da obra, tipo de descarga, quantidade de banheiros, tipos de aquecimento, quantidade de andares, número de apartamentos, se o acesso é bom, ou seja, qualquer detalhe é importante para termos um custo mais ajustado possível. Desta forma, você nem superdimensiona o valor e nem faz um orçamento que depois seja necessário, qualquer tipo de aditivo”, completou.

Conheça os sistemas de hidrômetros

Guilherme Gowman explica que há três sistemas mais comuns de individualização de hidrômetros. Confira como funciona cada um!

Sistema por radiofrequência

A medição do consumo de água é feita nos hidrômetros de cada unidade sem a necessidade de conexões com fios ou obras. Em condomínios muito antigos pode ser adotado esse sistema, além de ser o mais recomendado em edifícios com diversas prumadas. Nessa tecnologia, as informações são transmitidas diretamente à central por meio de radiofrequência, não havendo, portanto, necessidade de muita manutenção.

Sistema digital

As informações são transmitidas de maneira semelhante ao sistema por radiofrequência através da medição dos hidrômetros instalados na entrada de cada unidade. Como a leitura do consumo é feita por um único programa de computador, quanto mais unidades o condomínio possuir, mais barato o custo para o condômino. Nesse sistema, o edifício precisa realizar obras e modificações, onerando principalmente os condomínios mais antigos que possuem diversas prumadas.

Sistema de leitura pulsada

Apesar de esse sistema já estar tecnologicamente ultrapassado, a sua medição se dá a cada litro de água consumida. O controle é feito através de um hidrômetro com saída pulsada que possui fios, e através de impulsos elétricos encaminha a informação para o medidor que fica localizado na tubulação de água. Há a necessidade de obras para instalar o hidrômetro e de se fazerem adaptações, como, por exemplo, a instalação de bloqueador de água para evitar assim o abastecimento de unidades inadimplentes. Um dos problemas desse sistema é que em pouco tempo podem ocorrer problemas nos fios e distorcerem os dados.

Contatos

Guilherme Gowman

guilhermegowman@gmail.com

Gisele Veras

@Gisele.Verasx