O que os condomínios de Nova York têm que os nossos não têm?

Pesquisadora e especialista em gestão de condomínios esteve na Big Apple onde realizou estudo sobre o desenvolvimento dos condomínios na mais importante cidade do planeta

Patrícia Costa

Quando o brasileiro pensa em condomínio, já existe uma pré-disposição na hora de dar essa definição. Contudo, não é a mesma coisa em outros lugares do planeta, como vamos te mostrar agora, mais especificamente em Nova York, nos Estados Unidos. 

A REVISTA DOS CONDOMÍNIOS falou com a pesquisadora e especialista em gestão de condomínios Patrícia Costa a respeito dessas realidades tão diferentes, e de como é morar numa das cidades mais caras e populares de todo o mundo.

Mas, afinal, quais as principais diferenças em relação aos condomínios americanos e brasileiros? A entrevistada começa falando a respeito da importância de se “pensar duas vezes” antes de colocar a tinta no papel. “O ponto de partida da administração de condomínio em qualquer lugar é a legislação. No Brasil, ela é soberana e está acima da Convenção e Regulamento Interno. Nos Estados Unidos, a lei fornece diretrizes gerais e dá grandes poderes à Declaração, às Regras da Casa – equivalentes aos documentos nacionais citados – e ao Estatuto Social (by-laws), este inexistente no País. Uma vez sacramentado o negócio, você deu o ‘de acordo’ para esses três documentos internos sem direito a choro depois”. 

Outro ponto que também merece destaque é a gestão. De acordo com a entrevistada, essa é mais uma diferença-chave entre os dois países. Nos Estados Unidos, a gestão é feita pelo presidente do conselho, o gerente geral ou a administradora profissional, respectivamente, já no Brasil, os condôminos estão acostumados a lidar com administradoras, síndicos ou até mesmo gerente predial. 

Morar em Nova York também não é algo barato, por exemplo, o aluguel na cidade pode ficar entre USD 2.100 e 3.700, com o valor dependendo da quantidade de quartos e tamanho da moradia, mas Patrícia aponta que é possível economizar se houver filtro por local ou quarto/apartamento inteiro.

“Uma das cidades mais badaladas do mundo, Nova York tem os maiores valores por metro quadrado para imóveis residenciais, que ficam em torno de USD 45 mil. As opções variam desde casas no Brooklyn até apartamentos em Manhattan. Entre as regiões mais ricas da cidade, destacam-se Upper East Side e Carnegie Hill. Também são muito procurados os bairros de Soho, Tribeca, Civic Center e Little Italy. Um dos motivos pelos quais os imóveis são mais caros na cidade se deve ao preço dos aluguéis, já que existe uma quantidade limitada de espaço para uma demanda enorme de pessoas. Enquanto no estado vizinho a média para locação de um apartamento de apenas um quarto é de aproximadamente USD 1,3 mil por mês, na “Big Apple” esse número chega a USD 3,6 mil. Um dos pontos que mais difere Brasil dos Estados Unidos em relação ao tema condomínio é como os americanos o enxergam. Enquanto o brasileiro tem uma visão mais fragmentada, apenas da sua unidade isoladamente, o americano enxerga o valor do todo”, disse.

Também perguntamos à pesquisadora a respeito da figura do síndico, tão presente no cenário condominial brasileiro. Ela explica que, como o condomínio é uma corporação sem fins lucrativos, mas com o objetivo de valorizar as unidades, o terreno é propenso para que exista a figura do síndico, porque uma boa gestão significa melhores resultados. Já nos Estados Unidos, o processo acaba sendo mais complexo. “Quando um condomínio surge nos Estados Unidos forma-se também uma associação de proprietários, em inglês HomeOwners’ Association (HOA), cuja definição varia de acordo com as leis estaduais e federal. O Estatuto Social prevê, na maioria dos casos, nove membros (diretores) no conselho da HOA, eleitos assim que o condomínio é instituído. As eleições são anuais. Na prática, o conselho supervisiona o HOA e nomeia os administradores, como o gerente geral e a administradora de condomínio”, finaliza. 

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Patrícia Costa

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