Orçamento Base Zero aplicado a condomínios: como fazer?
Acompanhar no orçamento os números e lançamento do previsto e do realizado ajuda o gestor na boa gestão financeira
RICHARD GUEDES
Lidar com as contas não é tarefa fácil, seja no mundo empresarial, seja no pessoal. Essa realidade também se reflete na vida condominial, pois síndicos e gestores precisam fazer uma boa gestão do seu orçamento e cuidar das contas com bastante acuidade. Para falar sobre a técnica contábil chamada Orçamento Base Zero, ouvimos o contador executivo e sócio fundador da RGcont Finanças e Condomínio, Richard Guedes. “A situação financeira atual do condomínio não define o seu futuro. As necessidades se renovam a cada manhã. Por conseguinte, prioridade, planejamento e foco são palavras-chaves”, alerta ele.
O Orçamento Base Zero (OBZ) é uma técnica contábil utilizada em empresas que pode e deve ser usada também em condomínios. Por meio dela deve ser elaborado o plano orçamentário de um determinado período, ignorando as entradas e as saídas financeiras dos anos anteriores. “Em outras palavras, ele atua considerando a base financeira do zero, como se a empresa ou o condomínio estivesse se iniciando naquele momento, para tal se utiliza a memória de gastos de anos anteriores e não os mesmos números”, explica o especialista que é coordenador adjunto da Comissão de Contabilidade Condominial do CRC-RJ.
Para a elaboração desse orçamento partindo do zero é necessário que existam as prioridades de obras e de melhorias desejadas pelos moradores e sua respectiva sequência de execução. Tudo ratificado em uma assembleia condominial realizada antes da elaboração orçamentária. “O Orçamento Base Zero amplia a visão estratégica dos gestores condominiais, com um olhar para as necessidades do condomínio e não tão somente para a redução de gastos”, orienta Guedes que também é diretor Nacional de Auditoria da Associação Nacional da Advocacia Condominial (Anacon).
Para ilustrar, ele destaca o Artigo 24 da Lei de Condomínio – nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964 que deixa claro:
“Haverá, anualmente, uma assembleia geral ordinária dos condôminos, convocada pelo síndico na forma prevista na Convenção, a qual compete, além das demais matérias inscritas na ordem do dia, aprovar, por maioria dos presentes, as verbas para as despesas de condomínio, compreendendo as de conservação da edificação ou de conjunto de edificações, manutenção de seus serviços e correlatas.”
Richard, que é contador executivo, discorda que o condomínio não deva ter sobra financeira para fazer frente a grandes gastos de conservação com o objetivo de valorização imobiliária. “Sempre é melhor planejar para depois gastar. Equilibrar o orçamento com a previsão de cotas extras poderá ser necessário”, pondera.
Ainda de acordo com o especialista, um bom gestor condominial, seja ele síndico orgânico ou profissional, deve sempre olhar para o Demonstrativo de Fluxo de Caixa (DFC), que é o relatório contábil responsável por evidenciar as movimentações ocorridas no caixa, ou equivalentes de caixa do seu condomínio, fazendo a comparação com o OBZ criado. Para tanto, são fundamentais os lançamentos de duas colunas: previsto x realizado.
Confira quatro motivos para fazer um Orçamento Base Zero
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Quando o síndico quer repensar a cultura financeira do condomínio para atender os pedidos de moradores, utilizando o orçamentário para provocar essa reflexão antes da sua aprovação.
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Quando existe a necessidade de rebalancear/demonstrar os gastos para atender um determinado objetivo.
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Quando o cenário competitivo muda drasticamente e o histórico já não deve mais ser utilizado como referência.
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Quando o síndico quer demonstrar os números de sua gestão comparando o PREVISTO x REALIZADO em seu orçamento.