Pequenos furtos
nos condomínios:
o que fazer?

Casos são corriqueiros em muitos condomínios e exigem postura vigilante da administração, para tentar coibir a proliferação das ocorrências e o acúmulo de prejuízos à coletividade

Aldo Busuletti e Jaílma Araújo

Parece brincadeira, mas não é. Parece mesmo um absurdo. E é. Muitos condomínios convivem com a rotina surreal de pequenos furtos internos, praticados por funcionários e/ou (pasme!) condôminos. Falamos aqui do sumiço de lâmpadas, pilhas de controles remoto, objetos decorativos e até rolos de papel higiênico dos banheiros. Como combater esse tipo de ‘crime’? O que o síndico pode fazer? Não dá para instalar câmeras em todos os locais… O quanto esses pequenos furtos podem representar em valores no final de um ano, por exemplo? Há como fazer uma campanha conscientizadora sobre essa questão? Algumas medidas podem ajudar a minimizar os riscos desse tipo de ocorrência? Quais? E diante de flagrante? Resta denunciar para a polícia o funcionário ou morador? Vale o desgaste?

Aldo Busuletti, da Busuletti Síndicos & Associados conversou com a Revista dos Condomínios sobre o tema. “Nos dias atuais, nem aqueles que têm o privilégio de residirem em condomínios fechados, dotados inclusive de segurança privada, estão imunes dos dissabores de um furto em suas áreas comuns. Existe a questão do furto de luzes de emergência, vídeo games e outros aparelhos mais caros. O que ajuda muito a minimizar essa situação é a tecnologia avançada em sistemas de segurança: câmeras inteligentes, sensores, entre outros. Mas nem tudo pode ser monitorado. E é ai que entra a questão de saber se comunicar com os condôminos e outros envolvidos. Na maioria das vezes, uma campanha de conscientização e alguns flagrantes ajudam, e muito. Mas, mesmo assim, ainda não se resolve 100% das ocorrências”, aponta ele, que segue. “Em muito dos casos, recomenda-se, quando for fazer o seguro, pensar em uma apólice onde uma das coberturas se refira a roubos no condomínio. Lógico, bens que sejam de valor significativo”, pontua“O maior problema nesta questão ainda é a impunidade. Nestas condições que foram descritas, resta ao síndico sempre atualizar e buscar cada vez mais o monitoramento interno de suas áreas, devido a esses ocorridos. O síndico deve, sempre que souber ou flagrar um caso, denunciar de imediato a situação. Somente com punições severas prevista em lei e na convenção do condomínio é que conseguiremos combater estes atos de extrema falta de socialização. As pessoas, em sua maioria, quando vêm morar em um condomínio, buscam segurança. E nós enquanto síndicos, temos a obrigação de oferecer essas condições”, defende.

Jailma Araujo de Brito é síndica profissional em São Paulo, além de psicóloga e cientista da Religião pela PUC-SP. “Ocorrem furtos nos quais são necessários boletim de ocorrência, para que possamos acionar o seguro. As câmeras cada dia são mais necessárias, não somente para inibir, mas para identificação do infrator. Nos mercados dos condomínios é comum a simulação de pagamento pelo cartão, com valor muito menor que o devido. Nestes casos, a empresa envia todos histórico, e enviamos uma carta informando que não foi feito o pagamento em sua totalidade, conforme atestam as imagens. Na mesma carta, é informado o valor que deve ser pago com o número do Pix. Pelas nossas experiências, sempre fazem o pagamento”, conta ela.

A entrevistada relata que já teve que conviver com casos de furtos de lâmpadas, rolos de papel higiênico. Agora, como descrito acima, são recorrentes os episódios no mercadinho. “Entendo que soltar comunicado informando a respeito não vai sensibilizar quem pratica tal ato, mas é importante para dar publicidade que a administração sabe e está de olho. Neste comunicado informamos as penalidades que o autor sofreará quando identificado. Costumo dar esse tipo de publicidade também em assembleia, para que fique registrado em ata”, diz ela que conclui. “Tive uma experiência de flagrante, quando acionei imediatamente a polícia e segui com as orientações do jurídico frente à situação, para que o condomínio e a gestão ficassem resguardados”.

Contatos

Aldo Busuletti

busulettisindicos.com.br

Jailma Araujo

@sindicaforadacaixa