Projeto Reviver Centro ganha impulso para a revitalização
do Centro do Rio
Depois dos lançamentos de vários projetos, agora vem aí o Lumina, do escritório Tishman Speyer, com 500 unidades
Marcos Saceanu
O Projeto Reviver Centro está buscando a revitalização do Centro da cidade do Rio de Janeiro, atraindo investimentos e fazendo grandes lançamentos imobiliários, trazendo uma nova cara à região, mais residencial do que comercial. Vários projetos já foram lançados nos últimos anos contemplando cerca 5 mil novos apartamentos para a região. A novidade é a retomada do projeto da Tishman Speyer – a mesma do Aqwa e dona do Rockefeller Center, de Nova York – que anunciou o Lumina, na Av. Venezuela, com lançamento até o início do ano que vem. Na primeira fase, 500 unidades serão oferecidas. A previsão de lançamento é entre o fim deste ano e o início de 2024.
Para Marcos Saceanu, presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Rio de Janeiro (Ademi-RJ) trazer a oferta de unidades residenciais para o Centro é uma decisão muito acertada. “A ocupação residencial, somada aos prédios comerciais já existentes, fará com que a região ganhe uma nova vida, incentivando o comércio e serviços. O Centro tem uma infraestrutura de transporte, lazer e cultura já implantado e funcionando, o que é um atrativo muito importante para a moradia”, avalia.
Para ele, “O Centro é suficientemente grande para receber diversos projetos com tipologias e públicos diferenciados. Terrenos com vista deslumbrante, e outros com tipologias menores podem e devem conviver em harmonia nesta região”. Dentro do projeto, 32 empreendimentos em fase de licenciamento, seis deles já em obras. Os empresários pagaram R$ 3,9 milhões de taxa para transferir o potencial construtivo para cinco imóveis em Ipanema e um em Copacabana. Se a lei com as mudanças for aprovada, a prefeitura pretende devolver esses valores aos investidores. “Quanto mais amplo for o alcance da operação interligada bem como a possibilidade de isenções da contrapartida, mais investidores se interessarão pelo Centro e mais rápido a região ganhará um novo perfil”, considera Saceanu.
Prédios históricos – Prédios históricos podem ser beneficiados com o Reviver Centro, notadamente o Edifício A Noite, na Praça Mauá e o prédio da Mesbla, no Passeio Público. O primeiro, onde funcionou uma das principais rádios do país, a Rádio Nacional, está fechado desde 2012, o imóvel está à venda pela União por R$ 28 milhões, e a prefeitura pretende comprá-lo e revendê-lo a investidores privados, que poderiam usufruir desses novos incentivos. Na localidade, por exemplo, foi construído o Museu do Amanhã, revitalizado o Museu de Arte, além de criado o Boulevard Olímpico. Já o icônico prédio da Mesbla poderá voltar ao seu projeto original, recebendo residências.
Claudio Hermolin
Comércio e setor empresarial também precisam de estímulo no Reviver Centro
Por sua vez, o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-RJ), Claudio Hermolin, fez uma avaliação positiva do projeto, mas lembra que apesar do grande potencial, há outros pontos a serem discutidos para dar ainda mais força ao Reviver Centro, como a outorga do município, além do estímulo ao comércio e escritórios empresariais. “O Projeto Reviver Centro já é um sucesso, tendo em vista que voltou a atrair a atenção de empreendedores do mercado imobiliário e da construção civil para o Centro. Antigamente não se colocava na pauta a busca de novos negócios nessa região. Hoje, todas as empresas estão olhando e analisando as oportunidades de negócios na localidade. Isso demonstra que o Reviver trouxe de volta esse interesse para uma área da cidade tão importante”, avalia.
Para ele, as ocupações das moradias devem começar no ano que vem. “O ciclo de nosso negócio é de 5,2 anos, o que é muito bom. Como o projeto foi lançado em 2021, com isso devemos ver as primeiras moradias sendo ocupadas a partir de 2024 e 2025. Antes do Reviver tinham cinco projetos lançados nos últimos cinco anos, em termos residenciais. Após o Reviver já são mais de 18 projetos entre laçados e em aprovação”, explica.
Em seu depoimento ele reforça o potencial da região. “Temos certeza de que o Centro tem excelente vocação para o residencial, porém ainda tem de ser feita muita coisa além do Reviver, como a conservação das áreas, a segurança, e o estímulo à ocupação comercial, seja de escritórios empresariais, seja de lojas, pois o residencial sozinho não se sustenta”, pondera.
Em relação ao Porto Maravilha, assim como o Centro, para Hermolin, ambas são áreas de grande oportunidade de expansão. “Isso ocorre tendo em vista as grandes oportunidades que a legislação criou para a criação de empreendimentos imobiliários de grande porte. Além do mais, o Centro e o Porto Maravilha estão cercados de infraestrutura de mobilidade urbana pronta e funcionando, como o metrô, VLT, BRT, trem, ônibus interestadual e intermunicipal, barcas, ou seja, todo o tipo de modal de transporte de massa já existe, o que gera atratividade para ocupação de moradias”, avalia.
Para o dirigente, no entanto, é necessário turbinar o projeto e criar melhores condições para os investimentos. “Acreditamos que existe a necessidade de turbinada no Reviver Centro, que é o que está sendo discutido agora entre os poderes executivo e legislativo, visando gerar mais quantidade de áreas receptoras da operação interligada – grande mola mestra de sucesso do Reviver Centro. Outra oportunidade é revisitar a outorga hoje cobrada pelo município, pois o preço de venda das unidades no Centro ainda é baixo, tornando os projetos difíceis de serem viabilizados. Cada centavo que for retirado no custo desses empreendimentos certamente irá ajudar a impulsionar mais e mais projetos de moradia”, pondera.
Ele conclui convocando a todos na reocupação do Centro carioca. “Reviver o Centro é obrigação de todos nós, pois um Centro pujante certamente vai levar a nossa cidade a ser ainda mais vibrante e ter mais oportunidades de negócios”, conclui.
Nesse sentido, em declaração recente, o ex-secretário de Planejamento Urbanístico da prefeitura, Washington Fajardo, responsável pela atual versão do Reviver Centro, disse não ver impeditivos para rever o projeto. “Só me preocupo com a suspensão do pagamento da contrapartida. Esse dinheiro seria usado para melhorar a infraestrutura do próprio Centro.”
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