Retorno do Censo Demográfico: quais cuidados ter?

Após 12 anos, profissionais do IBGE voltam às ruas para coletar informações a respeito da população, mas há outras formas de coleta de dados no pleito desse ano

 

ARIANE PADILHA E CORONEL
FERNANDO LUIZ

O Brasil era muito diferente desde o último Censo Demográfico. Afinal, estamos falando do ano de 2010. Para se ter uma noção, o dólar, que hoje equivale a R$ 5,13, naquela época, valia pouco mais de R$ 1,70. É nesse cenário que os recenseadores do IBGE (instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) voltam a circular pelas ruas de todos os municípios brasileiros. O trabalho é árduo e muitas vezes impossível de ser realizado quando a população decide não colaborar, mas essa prática visa a trazer benefícios para todo o povo.

O Censo tem como principal objetivo contar os habitantes do território nacional, identificar suas características e revelar o estado (situação) em que vivem os brasileiros, produzindo, assim, informações imprescindíveis para a definição de políticas públicas e a tomada de decisões a respeito dos demais investimentos da iniciativa privada ou de qualquer nível de governo. Além disso, é a melhor forma de pessoas muitas vezes esquecidas conseguirem provar que estão vivas!

Como faz ainda mais tempo do que o normal (os censos costumavam ser realizados de dez em dez anos, mas por conta da pandemia e problemas financeiros para realizar o pleito, ele foi adiado em 2020), a REVISTA DOS CONDOMÍNIOS conversou com dois profissionais que atuam em diferentes frentes. A gestora condominial Ariane Padilha e o coronel e consultor de segurança Fernando Luiz.

Primeiramente, Ariane tratou de pontos relevantes à esfera condominial e, claro, destacou o que o síndico pode fazer para auxiliar nessa empreitada. “Acredito que o grande receio em relação aos recenseadores seja a questão da segurança dos condomínios. O síndico deve buscar informações e orientar os moradores quanto à forma de identificação do recenseador. Ainda pode identificar o recenseador designado para a região e planejar a ação dentro do condomínio, combinando os horários em que o trabalho será feito no condomínio”, afirmou.

É necessário, também, mostrar para as pessoas entrevistadas como elas podem realizar essa identificação, aponta o coronel Fernando Luiz. Para isso, ele preparou uma cartilha especial com tudo que o entrevistador precisa conferir antes de começar a passar seus dados.

“Para execução deste trabalho, o entrevistador do IBGE tem a previsão de usar colete, bolsa e boné do IBGE, com a identificação do Censo/IBGE, uso de crachá e a conferência do documento de identidade. Quando o entrevistador usar máscara facial no momento da identificação, solicitar a breve retirada da máscara, com registro das imagens das câmeras – CFTV, identificando-o. Na coleta de informações na entrevista, deverão usar um tablet ou celular. É importante o síndico providenciar um roteiro de procedimentos que os funcionários da portaria, zelador e os condôminos devem seguir, para preservar a segurança de todos e facilitar o trabalho do recenseador do IBGE. Deverá providenciar uma nota informativa e dar publicidade junto aos elevadores, para ciência dos condôminos, bem como as advertências a serem observadas por cada um”, comentou.

Mas o que seria esse roteiro? O especialista em segurança diz que o condomínio precisa estar estruturado com funcionários (porteiros presenciais ou controle automatizado e zeladores) qualificados e com treinamento para executarem o controle rigoroso e ágil, e ainda diz: “O controle de acesso deve seguir o mesmo protocolo da segurança patrimonial do condomínio, com a verificação da identificação do recenseador.”

As fraudes não são comuns, mas casos isolados já foram observados em alguns locais onde pessoas que se passaram por recenseadores e acabaram invadindo condomínios. De qualquer forma, todo cuidado nunca é demais, e Ariane ainda diz que sempre bate nesta tecla de segurança para o meio condominial em suas reuniões com o IBGE.

E para garantir ainda mais a tranquilidade de todos do meio condominial, o coronel Fernando Luiz passa mais algumas recomendações que podem fazer toda diferença. Ele sugere que as entrevistas sejam realizadas num ambiente de uso comum, mas de forma que as informações sejam mantidas em sigilo, evitando o atendimento na unidade habitacional (apartamento), e é de suma importância que o síndico tenha o contato do IBGE (0800-721-8181) para prever o agendamento das visitas do recenseador, sempre tendo em mente as datas e horários para que o profissional tenha seu acesso liberado como dito anteriormente.

Ariane ainda nos respondeu uma dúvida muito comum e que pode acabar afetando o trabalho dos profissionais do IBGE. Afinal, o síndico pode responder pelos condôminos? A gestora foi direta: “Não. Jamais. O síndico deve orientar o condômino e estimular a participação, visando a importância destes dados para o Brasil. É possível responder pela internet também, mas apenas após a visita do recenseador. O síndico tem um papel fundamental neste momento, uma grande contribuição na coleta destes dados. Precisa estar informado e estimular a participação de todos”, disse.

Por fim, ela ainda traçou um paralelo entre o Censo Demográfico e o trabalho do síndico, e as semelhanças são impressionantes. Esse trabalho visa entender melhor e conhecer o perfil das pessoas, e não é exatamente o trabalho de quem gere um condomínio? Alguns edifícios possuem mais idosos, outros são mais familiares com crianças, ou seja, é fundamental ter esse conhecimento do seu público, porque só assim o síndico poderá tomar as decisões que são realmente cabíveis, realizando investimentos nos locais certos, da mesma forma que os governantes precisam destes dados para que suas políticas públicas façam sentido.


como identificar o recenseador

Dicas sobre o Censo

O Censo 2022 vai até o início de novembro. Durante esse período mais de 183 mil recenseadores percorrerão as ruas, casas e condomínios de todos os 5.570 municípios brasileiros, visitando 89 milhões de endereços, sendo cerca 75 milhões residenciais.

Há dois tipos de questionário: o básico, com 26 quesitos, que leva em torno de cinco minutos para ser respondido, e o questionário ampliado, com 77 perguntas e respondido por cerca de 11% dos domicílios, leva cerca de 16 minutos.

Uma das inovações do Censo deste ano é que há com três formas de abordagem para que os questionários sejam preenchidos: presencial, pela internet e pelo telefone. Contudo, mesmo as opções alternativas ainda precisarão contar com a presença do recenseador, que realizará o cadastro do e-mail e do número telefônico, o que dará sete dias para o morador devolver o questionário já preenchido.

1 – Fique atento ao uniforme do recenseador, ele é formado pelo colete do IBGE, boné do Censo e o próprio crachá de identificação e DMC (Dispositivo Móvel de Coleta).

2 – Por meio do site do IBGE é possível conferir se os dados do recenseador conferem com o que está presente no banco de dados. Basta clicar em:

 https://respondendo.ibge.gov.br/entrevistador.html

3 – Por fim, a checagem também pode ser feita por telefone. Basta ligar para 0800-721-8181 a fim de conferir o número do RG, CPF ou matrícula.