Sua vida importa!
Campanha Setembro Amarelo alerta para prevenção e diálogo como ferramentas poderosas para se evitar o pior
ANDRÉ LUIZ JUNQUEIRA E KATIA FREIRE
Durante todo ano, é lembrada a importância de campanhas de conscientização. Todos conhecem o Novembro Azul, por exemplo, que trata do cuidado que os homens precisam ter com a próstata, ou então o Outubro Rosa, possivelmente a mais famosa de todas as práticas voltadas para o melhor entendimento e o diagnóstico precoce de uma das piores doenças: o câncer de mama.
Também muito importante, o Setembro Amarelo foi criado em 2014 pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM). Mas por que esse mês vem ganhando tanto destaque nos últimos anos? O mundo está finalmente começando a voltar à normalidade com os casos de Covid-19 diminuindo, e, durante esse período, o tema da saúde mental subiu na mesma proporção. Atualmente, para que funcionários possam ter uma cabeça “mais fresca” para trabalharem, empresas estão adotando um dos dias de setembro como data simbólica para tal, mas é importante destacar que, oficialmente, o dia 10 é reconhecido como Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio, foco dessa campanha.
Dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) mostram que o suicídio já superou algumas doenças como o HIV no número de mortes anualmente, também ganhando da malária e até mesmo do câncer de mama e de situações que envolvem a participação de terceiros, como guerras e homicídios. E isso acaba gerando um problema enorme para a saúde pública. E para entender isso, é preciso perceber qual faixa da sociedade está sendo mais afetada: os jovens de 15 a 29 anos. As taxas variam de país para país, mas é importante lembrar que a sensação de querer encerrar a própria vida não conhece gênero, classe ou cultura. Pessoas mais pobres e até mesmo grandes nomes da música internacional já encerraram seus sofrimentos internos e chocaram o mundo.
E por ser um problema que pode afetar todas as pessoas inseridas numa sociedade, os condomínios, infelizmente, acabam, muitas vezes, se tornando palcos dessas situações tão desagradáveis. Esse foi o assunto da nossa conversa com o advogado André Luiz Junqueira, especialista em Direito Imobiliário e sócio do escritório Coelho, Junqueira & Roque Advogados, e com Kátia Freire, assessora da presidência e comissão da OAB-Mulher, Méier-RJ, gestora de negócios e especialista em seguros e benefícios no segmento civil e imobiliário.
André Junqueira orienta que, caso aconteça um suicídio no condomínio, o síndico ou pessoa que encontrar o corpo deve ligar imediatamente para o 190 para, em seguida, prestar o socorro possível e, por fim, interditar a área. Ele comentou a respeito do momento em que alguém, de fato, comete o ato, e dos perigos que isso pode oferecer para os outros condôminos. “Dependendo da forma que a pessoa tenta ceifar sua própria vida, ela pode arriscar a segurança de outras pessoas se, por exemplo, se jogar de uma janela com a possibilidade de atingir pessoas, animais e bens”, disse.
Essas são ações que buscam tratar do caso que já ocorreu, mas é apenas uma parte de todo o processo. Afinal, evitar que alguém venha a tirar sua própria vida é o foco do Setembro Amarelo, e André comenta como o condomínio, seja pelos moradores ou pelo síndico, pode fazer com que as pessoas mudem de ideia e enxerguem seu valor próprio.
“Os condomínios podem ajudar com a prevenção e com o socorro. No primeiro caso, é interessante divulgar internamente o telefone 188, que permite o contato gratuito com o Centro de Valorização da Vida. A conversa com o CVV pode trazer conforto e apoio necessários para evitar que uma pessoa se suicide. E, quanto ao socorro, buscar contato imediato com a emergência (190), prestar o socorro possível e interditar a área afetada (conforme o caso) para preservar a pessoa.”
Além disso, existem diversas atividades ministradas dentro do espaço condominial que podem fazer a diferença. A criação de eventos sociais em datas comemorativas, seja uma Festa Junina ou o Dia das Crianças, pode incentivar a integração de pessoas que, normalmente, não iriam interagir com os vizinhos. Caso o condomínio conte com uma quadra poliesportiva ou piscina que tenha aulas de natação, os professores podem ser grandes aliados nessa luta. Geralmente, nesse ambiente controlado, os alunos podem se abrir com mais facilidade, e a chance de identificar se algo está errado é maior.
A luta contra a depressão e outras condições que podem afetar a qualidade de vida dos condôminos é diária e exige um cuidado de toda comunidade condominial. É preciso que todos estejam atentos aos fatores de risco para que a prevenção seja possível. Por isso, lembre-se: um “bom dia” ou “tudo bem” fazem, sim, a diferença.
E para trazer um informativo ainda mais completo, Kátia Freire passou dados de como outros serviços podem ser utilizados para ajudar em casos de suicídio já concretizados ou de pessoas que estão em situação crítica após tentarem a prática.
“Além dos serviços de atendimento disponíveis na rede de saúde pública, nas ONGs e Clínicas Escola, também existem serviços emergenciais, que são aqueles que podemos acionar quando estamos diante de situações que precisam de socorro imediato: aqui explicamos a diferença entre eles e quando devem ser acionados”, falou.
SERVIÇOS ÚTEIS
CENTRO DE VALORIZAÇÃO DA VIDA (CVV)
O Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo de forma voluntária e gratuita todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail e chat 24 horas todos os dias. Telefone: 188, site: www.cvv.org.br/
BOMBEIROS
Serviço que atua no resgate em caso de qualquer tipo de acidentes, incêndio e outros salvamentos. Os bombeiros são altamente treinados para o gerenciamento de crises físicas e emocionais, atuando no apoio psicológico, físico e nas tentativas de suicídio. O número dos bombeiros é o 193.
SERVIÇO DE ATENDIMENTO MÉDICO DE URGÊNCIA (Samu)
O Samu é o serviço móvel do SUS responsável por atender urgência e emergência em diversas situações (clínica, cirúrgica, traumática, obstétrica, pediátrica, psiquiátrica, entre outras). Os técnicos do atendimento telefônico (pelo 192) identificam a emergência e coletam as primeiras informações sobre as vítimas e sua localização, enviando ambulâncias de acordo com a necessidade de cada caso. É tarefa do Samu dar os primeiros socorros, avaliar cada caso, transportar pessoas acidentadas aos hospitais e transferir pacientes entre hospitais.
Ela completa sua fala mencionando o Atendimento Pré-Hospitalar, que é feito por uma equipe de emergência, mas que está localizada fora do ambiente dos hospitais. Essa unidade especial atua para ajudar vítimas de traumas, mal súbitos (emergências cardiológicas, neurológicas e respiratórias) e, também, aquelas que têm episódios de distúrbios psicológicos.
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