Pontos Elétricos: Solução dos condôminos e “dor de cabeça” para os síndicos?
No que tange, especificamente ao Brasil, podemos dizer, sem correr risco de errar, estamos presenciando um dos maiores e mais longos períodos de expansão imobiliária, onde nunca se construiu e entregou tantas unidades habitacionais como agora. Esse aumento expressivo no setor imobiliário, em paralelo ao forte avanço do mercado de veículos elétricos, acaba por gerar outras novas demandas, e junto delas, perguntas que ainda não possuem respostas.
Muitas perguntas. E as respostas?
Uma delas, por exemplo, é em relação à regulamentação da exploração dos pontos de carregamento elétrico. Haverá necessidade de pontos públicos? Qual a proporção ideal de vagas de carregadores por empreendimento? Qual é o custo estimado para esta infraestrutura? E principalmente: o incremento dessa nova infraestrutura não poderá eventualmente vir a afetar o meio ambiente de alguma forma? E, como fica essa questão quando direcionada para os condomínios?
Aumento da frota de veículos elétricos
O aumento da frota de veículos elétricos triplicou entre 2020 e 2023, segundo dados da secretaria Nacional de Trânsito. O mais assustador é que podemos chegar a presenciar 11 milhões de unidades em território brasileiro, até o ano de 2040, segundo levantamento da “McKinsey & Company”. No meio de tantas perguntas, “um primeiro ponto a ser considerado é de que as companhias de energia têm sofrido com a crescente necessidade de aprimoramento da rede do sistema, devido ao constante aumento da demanda por energia, principalmente devido ao alto custo dos investimentos a serem realizados” – sentencia o arquiteto Ricardo Sigel, fundador e diretor da GaragePlan.
Um caso exemplar nos EUA
Em uma ocasião, em uma grande cidade do oeste dos Estados Unidos, na Califórnia, “onde as temperaturas podem chegar a 44º C, o poder público sugeriu que fossem evitados os usos de grandes eletrodomésticos e o carregamento de veículos elétricos” – lembra Sigel. E esse fato ocorreu na mesma época em que havia sido anunciada “a proibição da venda de carros à combustão a partir do ano de 2035 naquela região” – completa o arquiteto.
Foi declarado, então, segundo ele, um estado de emergência, eliminando temporariamente o controle da poluição das centrais energéticas e permitindo, portanto, a geração de mais eletricidade com o uso de combustíveis. Lembro, aqui, que nos EUA parte da energia é gerada a partir da queima de óleo combustível, que é poluente.
Em resumo…
O fato é que o mundo vive uma realidade ainda não identifi cada por muitos. A aceitação inicial que o consumidor vem apresentando por carros elétricos resulta em um crescimento exponencial.
Segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), o mês de abril foi o segundo mês com o maior número de vendas de carros elétricos e híbridos no Brasil na história – fi cando atrás apenas de dezembro do ano passado – com 15.206 veículos tendo sido emplacados no país. As comercializações cresceram 12% em relação a março. Além disso, tiveram alta de 217% se comparado com o mesmo período do ano anterior.
“Para os condomínios, uma das grandes dores de cabeça, acaba sendo como carregar os veículos. Quem vai pagar pelo uso da energia utilizada para o carregamento?”
“vale realmente a pena o investimento, pois em breve a demanda aumentará, juntamente com a evolução da tecnologia e, assim, a valorização do empreendimento”
Redução do impacto à natureza
O interesse aplicado a esse tipo de transporte não ocorre apenas pela novidade aliada à tecnologia de ponta, melhor desempenho e menor custo por quilômetro rodado, mas muito pelo apelo à sustentabilidade, aplicado à questão da abolição do consumo de combustíveis derivados do petróleo que emitem grandes volumes de poluentes na atmosfera.
Pesquisa da E&Y
Um estudo, realizado pela Ernest & Young, apontou que o brasileiro tem pretensão maior de comprar automóveis elétricos, ou híbridos, em relação a média global. A média brasileira fi ca em 57%, contra 55% no mundo. Entre os principais motivos para os brasileiros fazerem essa escolha estão: (1) os altos preços dos combustíveis; (2) as preocupações ambientais – ambos com 46%. A (3) capacidade de tração integral (27%) e a (4) melhor efi ciência do motor elétrico ou híbrido (24%) vêm na sequência.
Alguns temores na hora de comprar…
No entanto, o custo de compra inicial (38%), a falta de estação de carregamento (36%) e de infraestrutura adequada de carregamento (30%) são os principais temores dos possíveis compradores de carros elétricos ou híbridos no país. …
e na hora de instalar o carregador
Em relação ao carregamento doméstico, o alto custo de instalação surgiu como a preocupação mais proeminente para 54% dos entrevistados brasileiros, contra 46% na média global. Já no carregamento público, os participantes estão mais preocupados em encontrar uma estação de carregamento do que em custos de carregamento elevados – 54% contra 46% na média global.
Mudança de matriz energética
O impacto que essa transição (veículos a combustão por modelos elétricos) pode causar para a sociedade a médio e longo prazo precisa ser analisada e discutida de maneira mais ampla. Apesar de todos os benefícios que um modelo de veículo elétrico pode proporcionar ao usuário, os malefícios que até então foram poucas vezes apontados, precisam também ser levados em consideração.
Mudanças impostas às construtoras
Os dias se passam e, não só as áreas públicas, mas também os empreendimentos privados (novos ou já existentes), constantemente recebem um acréscimo de veículos elétricos. Entretanto, eles não se encontram devidamente preparados para atender essa demanda. Para o planejamento de “novos edifícios, por exemplo, vem sendo prevista uma ampliação de toda a infraestrutura interna, além de considerar áreas técnicas mais amplas, com subestações e grupos geradores, que possam fornecer essa energia adicional, viabilizando a implantação de pontos de carregamento para veículos elétricos” – informa Sigel.
Demandas dos condomínios: adequação das instalações elétricas
Da mesma maneira, temos “recebido uma grande demanda de projetos, direcionados a empreendimentos já existentes, como condomínios que, por sua vez, podem necessitar de readequações em sua infraestrutura elétrica, objetivando a implantação dos carregadores” – informa o arquiteto. Um dos maiores problemas, neste caso, de acordo com o especialista, pode ser a demanda de um amplo espaço físico adicional para estas adaptações. Esse fato, consequentemente, pode “acabar por elevar o custo de implantação” – avisa Sigel.
De acordo com o especialista, faz-se então “necessário um projeto elétrico especializado, que permita uma adaptação da infraestrutura já existente, considerando uma nova rede de cabeamento, quadros específicos e centrais de energia, adequados aos padrões dos pontos de carregamento” – ressalta Sigel.
Instalações e adequações: essa conta pode assustar
E ele completa: “é indicado que as estações de carregamento sigam padrões universais, como os protocolos de carregamento (ex.: CHAdeMO, CCS, Tesla Supercharger), para garantir que diferentes modelos possam ser carregados. Essas estações podem chegar a exigir uma carga de até 50 A (amperes) cada”. Essa conta, de acordo com ele, pode “assustar ainda mais se considerarmos uma previsão de que 30% das vagas de um empreendimento deveriam estar atendidas por pontos de carregadores elétricos”.
Síndico: é hora de planejamento
Seguindo a porcentagem indicada por Sigel, então, 39 em um edifício de 500 vagas, chegaríamos a 150 unidades de carregamento, sem contar com outros modais elétricos, como: patinetes e bicicletas, entre outros. “De uma maneira geral, este é um fato bastante complexo e que tem se apresentado muito no mercado e que exige grande atenção e planejamento por parte dos síndicos” – lembra o especialista.
Dor de cabeça dos condomínios: como carregar os veículos?
Para os condomínios, uma das grandes dores de cabeça acaba sendo como carregar os veículos. Quem vai pagar pelo uso da energia utilizada para o carregamento? “A primeira ação é organizar uma assembleia para definição da implantação do sistema de carregamento, através de um projeto especializado, viabilizando a instalação de tomadas industriais” – indica Sigel, que tem enfrentado muito esse problema nos últimos anos.
Carregamento: formas de medição
De acordo com Sigel é imprescindível que se determine como os custos serão calculados e cobrados dos moradores, podendo envolver: “item um, a implementação de um sistema de medição individualizada ou, dois, o rateio dos custos entre os usuários ou, ainda, três, simplesmente considerar estações de recarga individual, onde o morador paga por todas as despesas e instala a estação em sua vaga” – lista o especialista, que conclui: o consumo de energia é registrado, neste caso, no medidor de luz da unidade.
Pontos de recarga de uso comum: olha o conflito aí!
Na experiência de Sigel, quando o uso ocorrer em área comum, é “imprescindível desenvolver um sistema de reserva ou agendamento de vagas de carregamento para evitar confl itos entre os moradores que desejam carregar seus carros elétricos” – explica o arquiteto, que conclui: “nesse caso, cada usuário obterá uma credencial para abastecer, e o custo será incorporado à cobrança do condomínio dos respectivos condôminos” – aconselha o especialista.
Vale o investimento?
Apesar de algumas dificuldades iniciais para implantação da estrutura e o entendimento do sistema e da cultura de defesa de redução do impacto para a natureza, “vale realmente a pena o investimento, pois em breve a demanda aumentará, juntamente com a evolução da tecnologia e, assim, a valorização do empreendimento é certa!” – exclama Sigel, com a certeza de quem vivencia essa mudança no dia a dia de sua operação.
Em resposta à pergunta se gostaria de realizar as considerações finais, Sigel responde: é importante que se apresentem, cada vez mais, alternativas que venham a complementar o circuito voltado à sustentabilidade, como o uso de captação de energia solar, eólica e outras fontes renováveis, que são soluções que realmente precisam ser consideradas. Dentro dos serviços, ofertados pela GaragePlan, temos uma assessoria dedicada a essas adequações – destaca.
GaragePlan
A GaragePlan é uma empresa de arquitetura e engenharia, focada exclusivamente no desenvolvimento da área parking, de todos os tipos de empreendimentos, em diferentes setores como o imobiliário, comercial, multiuso, varejo, industrial e logístico.
Diante de constantes atuações em projetos arquitetônicos e urbanísticos, fomos percebendo a pequena atenção sempre dispensada para as áreas destinadas ao armazenamento e ao fluxo de veículos (garagens). Independente do uso definido para um empreendimento, as áreas de estacionamentos e garagens sempre acabam sendo resolvidas no final do processo. Estas, por sua vez, quando definidas, acabavam por atender apenas à legislação, deixando de lado questões imprescindíveis como por exemplo, o conforto do usuário final. Neste momento, decidimos dar uma maior atenção, criando um escopo específico, baseado na eficiência, no cumprimento da legislação e na implementação de boas práticas operacionais.
Aliamos estas aplicações com o atendimento às necessidades de nossos clientes. Dessa forma passamos a ter bons resultados nos projetos, nos tornando “experts” no tema. Hoje somos especialistas no que diz respeito ao desenvolvimento de áreas Parking, desde a configuração do espaço, através de definições de layout e desenvolvimento de fluxos, passando por compatibilizações com disciplinas complementares, configuração operacional das áreas de garagens e comuns de um empreendimento, passando para o gerenciamento e acompanhamento de execuções de obras civis e realizando o planejamento operacional dos empreendimentos através da arquitetura operacional e gestão de ativos imobiliários (Asset Management).
A empresa atende atualmente clientes de todas as regiões do país (Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Litoral e interior Catarinense, além das regiões Centro-oeste, Norte e Nordeste) e possui cases de sucesso para todos os usos aplicados a empreendimentos que possuam uma área para o fluxo e o armazenamento de veículos com a implantação de mais de 600 unidades de estacionamentos.
Estamos situados no Centro Cívico da capital paranaense (Curitiba/PR) e em Nov/23 completamos 10 anos de história. Possuímos um corpo técnico de cerca de 25 colaboradores, sem contar o pessoal que está alocado nas obras, que acaba formando um segundo time de mais 20 colaboradores.
Contato Avenida Cândido de Abreu, 526 Bloco A – Sl 1510
Centro Comercial Cândido de Abreu Centro Cívico, Curitiba-PR
Antonio Juchem
Diretor de Engenharia. Diretor financeiro (2001-2015) com experiência no mercado de varejo e indústria (1995-2000). Atuou como controlador, com expertise na análise risco e mercados de investimentos. Com bagagem no Desenvolvimento de produtos e serviços para diversas corporações no seguimento da indústria moveleira e produtos financeiros. Gestor de planejamento econômico atuando 14 anos como CFO na organização de terceiros e familiar. Em (2015-atual) ingressou no mercado da construção civil inicialmente como gerente comercial na Garageplan e atualmente como diretor de engenharia e planejamento.
Ricardo Sigel
Sócio fundador e diretor da GaragePlan. Diretor de Arquitetura Um dos fundadores da GaragePlan® no ano de 2013, é arquiteto formado pela Universidade Tuiuti do Paraná, no ano de 2003. Traz o olhar técnico e funcional para a elaboração dos projetos GaragePlan®. Deu início a sua carreira com envolvimento direto em projetos industriais na região metropolitana de Curitiba e traz em sua bagagem uma experiência de mais 7 anos com escritórios internacionais, com o desenvolvimento de arquitetura comercial, arquitetura esportiva, arquitetura “Parking” e urbanização. Com MB&A. Millet, Biosca & Ass. SL em Barcelona-ESP e ABAA, Alonso, Balaguer i Arquitectes Associats, SL em Barcelona- -ESP e Rio de Janeiro-BRA
Ricardo Delmassa
Gerente de Properties Profissional com formação em administração de empresas, com ênfase em gestão de negócios, especializado em estudos de viabilidade operacional e financeiro e com ampla experiência na implantação e gestão de estacionamentos de diversos portes e em todos os segmentos. Atuou fortemente na implantação e gestão de departamentos operacionais e de segurança patrimonial em diversos shoppings centers alcançando excelentes resultados na gestão profissional deste segmento, que culminaram através do planejamento e acompanhamento orçamentário, na otimização de recursos e redução de custos. Atuou junto a grandes incorporadoras no sentido de identificar a vocação de terrenos e outros imóveis para que os empreendedores tivessem maior assertividade no processo decisório para a destinação destes bens.