Como resolvi o problema dos fumantes em meu condomínio

Nos últimos meses, meu condomínio se tornou cenário de um desafio que parecia interminável: a prática de alguns moradores que jogam bitucas de cigarro pela janela. Essa atitude irresponsável não apenas gerava um ambiente desagradável, mas também causava sérios transtornos. As bitucas, ao caírem, já queimaram cortinas nos andares abaixo, e em uma ocasião, quase provocaram um incêndio próximo à instalação de gás. Para completar, houve um incidente onde um sofá foi queimado por uma dessas bitucas descuidadas. E o que mais me preocupa: essa prática incentiva o tabagismo entre as crianças e adolescentes que moram aqui.
Diante dessa situação alarmante, decidi agir. Comecei a fazer diversos comunicados no grupo de WhatsApp do condomínio, alertando sobre os riscos e pedindo a colaboração de todos para mantermos nosso espaço seguro e saudável. Conversei diretamente com os fumantes suspeitos, tentando convencê-los da importância de utilizar cinzeiros e não fumar nas janelas. No entanto, mesmo com todos esses esforços, a mudança não ocorria da maneira que eu esperava.
Foi então que uma ideia brilhante surgiu em minha mente: por que não envolver as crianças do condomínio nesse desafio? Elas possuem uma curiosidade natural e uma capacidade incrível de aprender e se engajar em causas sociais. Assim, decidi transformar algumas delas em “detetives mirins” na gestão condominial.
Expliquei para essas crianças sobre o problema das bitucas de cigarro e como isso afetava nossa comunidade. Propus a elas uma missão: observar os fumantes que não utilizavam cinzeiros e que fumavam na janela. Para incentivar essa atividade, prometi que todos os fumantes identificados receberiam uma “advertência” da administração, mas também um “brinde” simbólico como reconhecimento pelo esforço das crianças.
O resultado foi surpreendente! A participação das crianças trouxe uma nova dinâmica ao condomínio. Elas se tornaram pequenas vigilantes e começaram a relatar os casos de fumantes descuidados. Com isso, todos os condôminos que mantinham esse hábito foram abordados e receberam orientações sobre a importância de manter o espaço limpo e seguro para todos. O número de bitucas encontradas abaixo das janelas diminuiu consideravelmente.
Essa experiência me ensinou que a gestão condominial pode ser muito mais eficaz quando envolve todos os membros da comunidade, incluindo as crianças. Elas têm uma inteligência natural e uma facilidade de aprendizado incríveis, além de serem grandes comunicadoras. Portanto, convido todos a refletirem sobre a importância de uma gestão condominial humanizada, que utilize essas qualidades para preparar nossos futuros condôminos. Acredito firmemente que iniciativas como essa podem transformar nosso condomínio em um lugar melhor para viver, onde todos se sintam responsáveis pelo bem-estar coletivo.
Ana Paula Vieira é Experiência de 33 anos na área comercial; síndica profissional especializada em condomínios MCMV (Minha casa Minha vida); CEO do Projeto Chá das Síndicas Empreendedoras Brasil e empresária da Fênix Certificadora Digital.