“Cuidando também de Pessoas”
Uma das grandes realidades que o síndico se depara hoje ao exercer essa função é exatamente lidar com os problemas pessoais das famílias que habitam o condomínio. Esses sim, são diversos. Podemos citar exemplos como casos de violência doméstica, pois o síndico hoje já possui responsabilidade descrita em lei em denunciar o agressor e tomar providências inclusive jurídicas. Poderíamos falar também das crianças que ficam órfãs o dia todo, andando pelo condomínio e cuidando de si, enquanto os pais trabalham longos períodos e deixam seus filhos sozinhos no apartamento – outra dura realidade. Poderíamos também citar vários exemplos de pessoas idosas que moram sozinhas e ficam esquecidas por seus familiares, que sequer aparecem para visitá-los ou até mesmo deixar seus contatos com Zelador ou Síndico para acioná-los em casos de acidente ou incidentes. Eu mesma já tive que tomar providências contra familiares que deixaram idoso diagnosticado com Alzheimer no apartamento correndo riscos de sofrer acidentes domésticos e ocasionar incidentes no condomínio – (uma panela no fogo esquecida pode ocasionar um incêndio).
Mas hoje quero chamar a atenção a um outro exemplo muito constante no condômino, e que após a pandemia tem ocorrido com mais frequência: o depressivo que tira sua própria vida. Sim, temos que falar dessa grande realidade que vem ocorrendo nos condomínios e que não podemos ignorar, pois tem sido uma realidade para os síndicos ter que lidar com tais situações, seja o momento de tentativa de suicídio ou no momento de necessidade de autorizar e até acompanhar arrombamento de porta de uma unidade de apartamento, e encontrar o condômino que tirou sua própria vida.
Sim, também faz parte da profissão do Síndico viver tais situações e criar para cada uma delas um procedimento: avisar familiares, acionar autoridades, treinar seus colaboradores para também tomarem providências, controle emocional, amparar parentes próximos, etc.
É de suma importância adotar medidas para que as providências sejam tomadas de forma rápida e eficaz, pois o Síndico pode inclusive salvar uma vida quando possui procedimentos adotados com uma equipe bem treinada. (moradora tentando se suicidar- aconteceu na cidade de Osasco/SP recentemente)
1. De olho nos Condôminos / Prevenção
Pessoas depressivas geralmente se sentem sozinhas, e podem dar sinais no dia a dia perceptíveis aos funcionários ou colaboradores do condomínio. Por isso, é importante mostrar a ela que pode contar com a equipe em caso de urgência/emergência, A depressão é uma doença que suga as energias da pessoa. Muitas vezes ela fica sem vontade de sair, de comer, de procurar ajuda. Por isso, é importante adotar medidas como interfonar em caso do morador sumir, não ser mais visto pelo condomínio. Vale até inventar uma inspeção ou vistoria para ver a situação do condômino. Oferecer ajuda para dar o primeiro passo ou se mostrar pronto para ajudar, a marcar uma consulta médica, pois muitas vezes a pessoa não terá forças o suficiente nem para isso.
2. Fale sobre depressão em seu condomínio
Para quebrar o tabu em torno da depressão, é preciso falar sobre ela. Faça campanhas preventivas, palestras no salão de festas sobre o tema, pode ajudar muitos moradores.
3. Não ignore pedidos de ajuda
Se houver um pedido de ajuda ou qualquer comentário sobre suicídio, leve a sério e incentive a pessoa a procurar. É preciso dar a devida importância ao assunto. Suicídio é coisa séria e é uma das principais causas de morte no mundo, mais do que muitas doenças como HIV, malária, e até de guerras, ou seja, uma dura realidade dentro dos condomínios, e por isso é mais um desafio para a profissão do Síndico em lhe dar com tal tema tão delicado, mas necessário saber. Já pensou nisso?
Alethea Meira, Síndica Profissional desde 2017, CEO da empresa “Síndicos de Salto Alto – Um salto para o futuro do seu Condomínio”, Advogada Civilista, Pós Graduada em Direito Imobiliário, Perita Judicial.