Carros elétricos estão aí. E vão cada vez mais longe...

Ganhos ambientais e de autonomia, podendo rodar até 400km com uma só carga, ampliam interesse pelos elétricos. Desafio é ampliar pontos de recarga, inclusive nos condomínios

 
Antonio Volpe

Os números não mentem. Segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico, 2021 apresentou um recorde histórico na venda de automóveis e comerciais leves eletrificados no país, levando-se em conta também os híbridos. Foram quase 35 mil unidades, o que representa um crescimento de 77% de emplacamentos em relação ao ano de 2020, e de 195% na comparação com 2019. Muitos novos condomínios já contam com vagas especiais dotadas de sistema de carregamento para essa nova geração de carros. Mas é possível fazer a instalação em condomínios já existentes? Um morador pode propor ou exigir tal medida? Em breve, possuir pontos de carregamento será uma necessidade, e também fator de valorização dos prédios.

“O carro elétrico existe desde o século 19 na França e Inglaterra, mas seu desenvolvimento foi interrompido pela descoberta dos motores a combustão e reservas de petróleo. Hoje, estamos vivenciando uma nova transição energética, onde a meta mundial é obter opções de tecnologias para substituição das fontes não renováveis por renováveis, sendo a energia solar fotovoltaica um exemplo dos principais avanços. E os elétricos têm ganhado espaço nos mercados da automobilística, hoje ainda dominados por veículos com motor a combustão interna. Eles inegavelmente vão dominar o mercado. Por isso, é preciso pensar no desenvolvimento de sistemas de recargas mais descentralizados”, aponta Antonio Geraldo Volpe, da Addendum Soluções em Gestão.

Graduado em Engenheira Mecânica pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e com diversas pós-graduações (em Engenharia de Produção, Engenharia Econômica e Administração Industrial, Engenharia de Manutenção, Gestão de Facilitiese Direito Condominial, entre outras), ele chama a atenção para a importância ecológica de fontes alternativas de energia que vêm proporcionado a diminuição da emissão de gases poluentes e a desaceleração do efeito estufa no planeta.

“Nesse aspecto, a adoção de veículos elétricos apenas será eficaz se a energia que abastece o carro vier de uma fonte não poluente. Caso a fonte energética seja uma poluidora, não renovável, os carros elétricos continuarão a ser opções ambientais corretas, mas deixarão de ser opções tão atrativas para a diminuição de carbono na atmosfera. Mas se o reabastecimento vier de uma fonte energética limpa, como a de células solares, energia que é bastante flexível, e que possibilita o abastecimento em redes residenciais, possibilitará um aumento na sustentabilidade mundial”, aponta Volpe, lembrando que não só automóveis são realidade nos condomínios do Brasil. Já necessitam de pontos de recarregamento inteligente itens como patinetes, bicicletas e motonetas elétricas.

“É importante notar que, mesmo nos casos em que a eletricidade é gerada a partir de combustíveis fósseis, como o carvão e o gás natural, o carro elétrico traz a vantagem de concentrar as emissões nas fontes geradoras de energia.” Esse fator comprova, ainda mais, que mesmo com diversas barreiras e problemas no caminho dos veículos elétricos, é notável sua importância para a sociedade. “Esse é um caminho sem volta, e só estamos perdendo tempo se não ajudarmos a impulsioná-lo”, aposta Antonio Geraldo Volpe, que soma mais de 20 anos em Gestão de Facilities, Operações, Projetos e Serviços Integrados em clientes no Brasil, em empresas como Coca-Cola, White Martins, Petrobras e Ambev.

Quanto mais demanda por soluções, tanto o carro elétrico quanto a energia solar custarão cada vez menos, serão barateados. Torna-se perceptível um futuro ainda mais promissor dos carros elétricos, sendo abastecidos por energia solar como forma de evolução tecnológica, corroborando ainda mais com o aumento da instalação das placas fotovoltaicas nas residências e edifícios públicos e privados. Eletropostos que utilizam de energia solar para o abastecimento de veículos elétricos darão maior liberdade para os donos ao descentralizar o abastecimento. E até mesmo em tecnologias mais atuais, onde os automóveis possuem suas próprias maneiras de produção de energia, utilizando o sol, mantendo a carga em baterias menos poluidoras e até devolvendo sobras para a rede elétrica.

Plugue-se!

  • O custo de instalação de um ponto de carregamento de veículo vai variar conforme as opções de fonte, potência da carga e até mesmo metragem dos cabos de energia utilizados nesse processo. Geralmente, não exige qualquer adaptação na rede elétrica, fora uma eventual troca do disjuntor. Além do custo do carregador, a obra tem um custo estimado de até R$ 2 mil a R$ 3 mil para prédios, dependendo das dificuldades encontradas pelo caminho. A Electric Mobility, uma das empresas que atuam no setor e tem sede em São Paulo, informa que cobra de R$ 800 a R$ 6 mil para instalar um ponto de recarga, que pode ser na parede ou num totem.

  • Mas fique ligado. Algumas montadoras, como a Volvo, fornecem todo o equipamento para recarga, cobrindo até mesmo o custo de instalação. No caso da Peugeot, o proprietário do e-208 GT pode ter sua estação de recarga na sua casa, condomínio, empresa ou em qualquer lugar que desejar instalar. O kit da montadora francesa é fornecido no ato da compra do veículo. E 80% da carga total da bateria pode ser obtida em cerca de 30 minutos de conectividade.

  • Há empresas especializadas no mercado. Algumas oferecem a instalação de uma estação de carregamento sem custo, cobrando apenas o relativo ao consumo na recarga, cuja medição é individualizada. Fazem a análise da rede elétrica e recomendação de instalação de acordo com a carga existente, com opções de carregadores para ambientes internos, externos e locais com alta circulação de pessoas. O consumo da energia elétrica pode ser pago pelo dono do veículo diretamente ao condomínio.

  • E para tudo ficar ainda mais limpo, pense na instalação de um sistema de energia solar fotovoltaica no próprio local de consumo. Em média, o retorno do investimento ocorre em curto prazo (de três a cinco anos). Há opções de financiamento de até 90 meses, com taxa de 1,29% ao mês. E, como um incentivo adicional, a maioria das empresas que instalam as placas já absorve o custo de manutenção dos equipamentos.
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