Não é para amadores!

A

tuar na sindicatura é como navegar em alto mar sob constantes tempestades. Para quem não sabe onde está “se metendo”, certamente enfrentará enormes desafios. Muitos que se arriscam nessa função, desistem ou frustram-se diante das dificuldades que encontram no caminho. 

Estar síndico em pleno ano de 2023, é perceber, em primeira mão, as mudanças que ocorrem na sociedade, e ter que adaptar-se a elas rapidamente, pois, segundo o darwinismo: “Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente. Quem sobrevive é aquele que melhor se adapta às mudanças.” Nesse sentido, percebo que o nicho condominial é um segmento extremamente mutável e exigente, onde absorve com rapidez as tendências e influências externas. A pandemia foi um exemplo claro dessa característica, colocando os síndicos à prova e exigindo de nós, soluções rápidas e eficazes para garantir a saúde, a segurança e o bem-estar dos moradores. Muitos síndicos orgânicos renunciaram nesse período, abrindo espaço para profissionais mais qualificados e preparados psicologicamente. 

Para manter-se firme nessa função, é preciso ter autoconhecimento e inteligência emocional, a fim de controlar as próprias emoções e compreender as dos outros. Lidamos diariamente com pessoas de diferentes perfis e expectativas, que muitas vezes nos veem como um super-herói, capacitado e obrigado a resolver todos os problemas do condomínio. 

A paciência é uma virtude necessária, e deve andar lado a lado com a complacência. Muito mais que falar, é saber escutar, tratar e filtrar toda informação recebida diariamente. A comunicação ou falta dela, é um dos maiores geradores de conflitos nos condomínios. As pessoas parecem ter perdido boa parte da capacidade em interpretar e compreender as situações, tendo o síndico muitas vezes que bancar o “pedagogo”. 

A bendita tecnologia nos trouxe muitas soluções, agilizando processos no âmbito administrativo, organizacional, automação e segurança, mas também sentimos seus efeitos colaterais. Em plena era da informação, onde os eventos ocorrem de maneira vertiginosa, esperam do síndico a máxima performance e agilidade na providência e resolução dos problemas. Em decorrência dos efeitos da transformação digital, as demandas tornaram-se instantâneas por meio do WhatsApp. Ouse demorar 15 minutos para responder as mensagens dos moradores e degustar amargas consequências. 

 

 

Costumo dizer aos colegas que a sindicatura não é uma profissão ou um trabalho comum. É puro empreendedorismo, um estilo de vida, sendo primordial doar grande parte de si em prol do coletivo e das responsabilidades que se propõe a assumir. As demandas surgem a todo momento, e não dão a mínima se é horário de expediente, feriado ou madrugada. É a bomba de recalque que parou de funciona, o portão ou elevador que travou, o cachorro, gato, a festa barulhenta e o cano estourado.

Os grandes sábios divagam ao longo dos milênios na tentativa de atribuir um sentido sólido para a vida, e posso dizer por mim, que encontrei um pouco desse tesouro no exercício da sindicatura. Parece loucura, mas talvez você concorde comigo até o final. A cada meta atingida, a cada benfeitoria realizada, a cada sorriso ou elogio recebido, eu me sinto motivado a continuar e a buscar sempre o melhor para os condomínios que administro.

Não posso deixar de mencionar a crucialidade em cercar-se de uma boa equipe, leal, honesta e capacitada. Isso garante fluidez e eficiência na gestão, principalmente quando se trata em gerir vários condomínios, sendo necessária a formação de uma rede de relacionamento que esteja na mesma sintonia. Um síndico sem bons profissionais para auxiliá-lo, dificilmente conseguirá gerar resultados ao ponto de agradar a maioria da massa condominial.

Em resumo, posso afirmar que é uma atividade bastante desafiadora, mas também gratificante. Requer uma combinação complexa de habilidades e conhecimentos técnicos. Exige um compromisso constante com as necessidades dos moradores, uma postura de liderança e visão administrativa do funcionamento sistêmico do condomínio. Mas, para quem possui paixão pela administração e capacidade de lidar com situações adversas, ser síndico profissional é uma oportunidade compensadora, no sentido de poder contribuir para a vida de muitas pessoas, e contribuir, certamente é um propósito genuíno da mais pura natureza humana.
Dedico esse texto à equipe Rabelo.

Rafael Crizologo síndico profissional certificado 5 estrelas atuante em Curitiba e região.

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