Segurança nos elevadores

Especialista comenta o que se deve fazer para evitar acidentes nesse meio de transporte tão importante para muitos condomínios

 
Marcelo Lemos Pinheiro

Todas as pessoas gostam daquela sensação de segurança enquanto estão realizando suas atividades do cotidiano, seja em relação à família ou então resolvendo assuntos do trabalho. E isso também vale para os deslocamentos que fazem durante suas jornadas, ou seja, o tempo que passam em transportes públicos ou privados.

É de conhecimento geral que os aviões estão entre os meios de transporte mais seguros de todo o mundo, o que sensibiliza todos diante de uma notícia de tragédia aérea. Mas e se contarmos para você que os elevadores superam os aviões em termos de segurança? É isso mesmo, e não se espante, porque eles são considerados como meios de transporte, sim, e têm a menor taxa de acidentes do planeta.

Curioso, não é mesmo? Muitas pessoas têm um pensamento negativo em relação aos elevadores, e isso é, em parte, culpa de suas representações na mídia. Porque, quando os atores de um filme entram num elevador, é esperado que algo pelo menos desconfortável aconteça na maioria dos casos. Mas, para desmistificar essa situação, a REVISTA DOS CONDOMÍNIOS foi consultar especialistas sobre a segurança em elevadores.

Conversamos com Marcelo Lemos Pinheiro, diretor comercial da Sete Servic Elevadores, que tem formação em Administração de Empresas e é técnico em Eletrônica, para que pudesse esclarecer algumas dúvidas a respeito do que deve ser feito para que os elevadores mantenham seu nível de excelência e pouquíssimos registros de acidentes.

Claro que, apesar de serem o meio de transporte mais seguro, eles não são perfeitos, e acidentes podem, sim, ocorrer. Por isso, o especialista preparou uma lista com cinco acidentes mais comuns e o que os síndicos, gestores e condôminos devem fazer para minimizar ainda mais quaisquer riscos.

 

5 dicas de segurança em elevadores

  1. Resgate inadequado de passageiros presos – A abertura emergencial de portas dos elevadores deve ser realizada SOMENTE por pessoas habilitadas com chave especial de abertura. No caso de passageiro preso, aguarde o técnico ou bombeiro para realizar o resgate. Porteiros ou zeladores não devem retirar o passageiro preso, por não serem habilitados para tal atividade.
  2. Queda no poço – Sempre verifique se o elevador está no andar, parece uma coisa boba e óbvia, mas atualmente e com a correria do dia a dia, quando a porta de pavimento abre automaticamente, entramos no elevador, muitas vezes sem nem checar se o equipamento está ali. Cerca de 20% dos acidentes em elevadores são de queda no poço, e geralmente são fatais, devido à altura do equipamento dentro da caixa de corrida.
  3. Excesso de peso na cabina – A capacidade indicada do elevador deve sempre ser respeitada, seja em quilos ou número de pessoas, pois o excesso de peso pode acionar os contatos de segurança, ocasionando a parada do equipamento, além de sobrecarregar os componentes dos elevadores, diminuindo sua vida útil. Atualmente existe um acessório chamado “pesador de carga” que não permite que o equipamento funcione com carga superior ao que foi projetado.
  4. Brincadeiras e uso inadequado – Brincadeiras como pular, balançar ou forçar a abertura de portas devem ser evitadas. Isso pode provocar a parada repentina da cabina desnivelada nos pavimentos e provocar acidentes caso alguém queira sair da cabina nessa situação, além de se desequilibrar e correr o risco de cair no poço do elevador.
  5. Falhas mecânicas dos componentes – Falhas mecânicas podem ser provocadas por componentes muito antigos e/ou deficiência na manutenção dos equipamentos. Modernizações são de suma importância para que os equipamentos estejam constantemente atualizados com as tecnologias mais modernas dos dispositivos de segurança. Também é muito importante que os equipamentos tenham uma manutenção de qualidade criteriosa, com trocas de peças quando necessário, limpeza, lubrificação adequada de componentes com acompanhamento de relatórios de manutenções preventivas e corretivas.

 

Como fazer a manutenção

Mas, e quando a assunto é manutenção? Todo condomínio precisa que as engrenagens, sejam relações pessoais ou profissionais, estejam funcionando corretamente, e isso, obviamente, se encaixa no mundo dos elevadores. Marcelo Lemos Pinheiro diz que o elevador será tão bom quanto a empresa responsável por sua manutenção. Ele ainda acrescenta que, apesar dos elevadores serem bens duráveis, o condomínio, especialmente os mais antigos, precisam estar atentos à vida útil. De maneira geral, o ideal é ficar sem se preocupar durante 20 anos, e o próprio elevador vai “falar” quando for a hora de trocá-lo, mesmo que antes disso. Se ele fica mais parado do que ativado, provavelmente é hora de pensar numa reposição.

“A principal providência para ter tranquilidade no funcionamento dos elevadores diz respeito à empresa de manutenção dos equipamentos. Para isso, faz-se necessário que se realize uma ampla pesquisa sobre as empresas que você considera contratar. Entenda o tempo de mercado, estrutura, quantos funcionários, técnicos e engenheiros, quantos clientes, filosofia e postura profissional. Tente descobrir como são prestados os serviços e se elas possuem seguro contra acidentes e atendimento 24 horas. A rotina de manutenção preventiva deve ser feita em intervalos não superiores a 30 dias, ficando disponibilizada a manutenção corretiva quantas vezes forem necessárias e acompanhamento de supervisores ou engenheiro”, informa.

E outra palavra que está diretamente ligada a esse tema é a “prevenção”, ainda mais em se tratando de algo tão técnico quanto os elevadores. “O síndico precisa ter total conhecimento do estado daquele equipamento e das atitudes tomadas por colaboradores, porque alguns atos que podem parecer inofensivos podem se transformar em tragédias. Por isso, caso o gestor esteja vendo um zelador ou outro profissional tentando dar um “jeitinho”, interrompa na hora e não tenha medo de questionar se algo começar a dar errado”, alerta.

E aqui vai uma dica para todos os síndicos: apesar do custo ser extremamente alto, geralmente um dos maiores gastos que o condomínio pode ter em suas contas, atualizar os elevadores pode, no longo prazo, ser a melhor solução. Marcelo informa que o valor de uma modernização fica entre R$ 40 e 80 mil, mas o principal é que eles são mais econômicos que os antigos, além de mais seguros.

“Os equipamentos atualizados são mais seguros e econômicos do que os antigos, principalmente pela possibilidade de otimização do atendimento por sistemas inteligentes e diminuição do consumo de energia elétrica”, disse.

Mas não tenha tanta pressa assim. Elevadores antigos podem estar feios por fora, mas ainda atendendo às necessidades dos condôminos de maneira satisfatória, e por isso uma troca pode ser equivocada. Nestes casos, é aconselhável priorizar a adequação aos itens apontados na Norma ABNT NBR 207:99, tais como: aba de proteção da soleira da cabina conforme norma; botoeira de inspeção/manutenção topo de cabina; chave “pap” fundo de poço; escada de acesso ao poço; guarda-corpo proteção topo de cabina; intercomunicador para comunicação cabina e portaria; luz de emergência com alimentação ao alarme; luz de emergência de casa de máquinas; protetor de polia tração; e regulador e placas de avisos de segurança.

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