Um playground verdadeiramente animal

Espaço valoriza os imóveis, possibilita maior interação e traz conforto para condôminos e seus bichanos. Mas requer atenção e cuidados extras, especialmente em relação à higiene

 
SHARON MORAIS

Em muitos condomínios, há polêmicas se os bichanos podem frequentar livremente, ou somente de coleiras, as áreas comuns. Mas, e que tal reservar um espacinho só para eles? Nos últimos anos, construtoras têm incluído em seus projetos os chamados pet places, parquinhos concebidos especialmente para a recreação dos animais de estimação. Quais devem ser as características e cuidados específicos com esses espaços? É possível instalar esses equipamentos em condomínios já existentes? E a que custo?

“Nos pet places, os animais devem ter espaço para brincar, correr e se exercitar livremente, onde possam gastar energia e se divertir. O espaço também costuma ser forrado com grama, natural ou sintética, para deixar o bichano ainda mais à vontade, e grades com portão duplo para prevenir fugas. Pode ser usado ainda para adestramento e treinamento de cães com total segurança. Alguns modelos de pet place oferecem também um espaço para higiene dos animais, como banho e tosa, por exemplo, podendo tanto ser administrados por uma empresa do ramo de pet shop quanto ser utilizado de modo autônomo pelos próprios moradores, uma vez que, dentro do apartamento, nem sempre é fácil dar banho e cuidar da higiene do animal adequadamente”, comenta Sharon Morais, advogada animalista, com especialização em Penal e Criminologia e presidente da Comissão de Direito e Defesa do Animais da Associação Fluminense de Advogados Civilistas e Criminalistas (Afacc).

Segundo a entrevistada, deve-se observar a higiene do local e a importância de o condomínio ofertar saquinhos disponíveis para recolher as fezes dos animais. Assim, cada morador faz sua parte, e o pet place se mantém sempre limpo. O tutor é responsável por zelar pelos equipamentos, não permitindo que o animal arranhe, roa, morda e urine. A saúde do animal, temperamento e agressividade também são fatores que devem ser observados, para não infligirem os três ‘Ss’ – saúde, sossego e segurança. Os animais precisam estar com a vacinação em dia, sem parasitas, verminose, sarnas e higiene em bom estado.

“Alguns animais são mais mansos e dóceis. Outros, mais agressivos e impacientes. Nesse último caso, independentemente do porte do animal, é importante que ele esteja com focinheira, para evitar latidos excessivos e brigas com outros animais e acidentes com as pessoas que estão no local. O tutor não pode deixar o pet sozinho ou levar filhotinhos, para evitar acidentes com animais maiores e, também, para protegê-los. Por serem ainda muito frágeis, eles podem facilmente pegar doenças, especialmente por ainda não terem tomado todas as vacinas. Também deve-se evitar no pet place fêmeas no cio, alimentação, felinos, roedores e aves, que são caça natural para cães”, resume.

Sharon afirma que o pet place valoriza o imóvel já existente, pela procura das famílias multiespécies. Caso disponha de pouco espaço, a simples instalação do gramado cercado por grade para o animal correr já possibilita ao tutor ficar no condomínio, ao em vez de ir passear na rua. Evita desavenças entre vizinhos por latidos excessivos, uma vez que animais confinados em varandas costumam ficar irritados. Assim, evita-se multas, ações cíveis e criminais por maus-tratos. “Já os condomínios com disponibilidade de espaço podem utilizar os equipamentos como playground contendo Rampa Sobe e Desce, Pula Pneu, Prancha de Equilíbrio, Obstáculos, Salto, túneis, arcos e outros. Os custos de instalação são variados. Assim, cabe a cada condomínio estabelecer o custo/benefício para proporcionar um ambiente harmonioso aos condôminos”, aconselha Sharon, responsável jurídica do Projeto Nas Garras da Lei e integrante do Instituto Interamericano de Fomento à Educação, Cultura e Ciência (Ifec).

GUILHERME CHEIM

Mais conforto para todos

Guilherme Cheim é sócio administrador da Proart Engenharia, empresa que busca trazer inovação para as áreas de incorporação e construção do mercado imobiliário de Niterói/RJ. “Na última década, o mercado pet teve um enorme crescimento, com cada vez mais famílias possuindo um animalzinho de estimação. Foi olhando esse cenário que a Proart, em 2018, no empreendimento Dolce Vita, passou a incluir em seus empreendimentos os espaços exclusivos para o lazer dos pets. Atualmente, nossos empreendimentos possuem também o Pet Care, um ambiente com equipamentos profissionais para dar banho, secar e cuidar desses companheiros”, conta.

O Pet Park ou Espaço Pet é uma área cercada onde os pets podem brincar e interagir com outros animais do prédio. Possui brinquedos e equipamentos que servem, inclusive, para adestramento. “Esse espaço tem piso totalmente higienizável e um canto preparado para que os animais possam fazer suas necessidades, com ducha para facilitar a limpeza. Esse ponto é muito importante, pois representa segurança e conforto para o tutor do pet, que poderá levar seu cão para passear sem sair do prédio, não se expondo à noite ou à chuva”, defende.

Ele concorda com Sharon, e afirma que prédios antigos podem ter um espaço adaptado para esse fim, que nem precisa ser muito grande. Qualquer área acima de 10m² coberta pode servir para esse espaço. “Nessa adaptação, o cercamento do espaço, o revestimento do piso, que deve ser lavável e antiderrapante, e os pontos de água para a ducha e ralo são os principais aspectos a serem observados. Os brinquedos devem ser adequados ao tamanho do espaço, para não interferir na livre circulação dos animais. O custo de uma adaptação desse espaço varia de R$ 500 a R$ 1 mil por metro quadrado, dependendo da estrutura já existente e do tipo de piso e brinquedos que serão utilizados.”

DANIEL MARQUES

Espaços para pets precisam de cuidados e preparação

Daniel Marques é advogado, pós-graduado em Política Criminal e Segurança Pública, especialista em Políticas Socioambientais e mestre em Auditoria e Gestão Ambiental, além de vereador em Niterói. Ele também conversou com a REVISTA DOS CONDOMÍNIOS sobre o tema. “Todos nós morremos de amor pelos animais e, com os cachorros, nossos companheiros há séculos, esse sentimento chega a ser equiparado ao amor de pai e mãe para com o filho! Pensando nisso, muitas empreiteiras resolveram colocar em seus projetos de arquitetura espaços exclusivos para a diversão dos seus pets, seja em condomínios de apartamentos ou casas. Mas será que basta separar um espaço e correr para os lambeijos e abraços?”, questiona ele.

Segundo Daniel, todo espaço que serve para interação entre animais precisa de preparação e uma série de cuidados. Importante criar um ambiente onde animais maiores e menores, mais calmos e mais brincalhões, jovens e idosos, possam aproveitar, mas também se afastar quando desejarem. Os tutores devem estar sempre atentos ao comportamento dos animais. Ouvir especialistas para que o piso seja de fácil limpeza e de material que evite escorregar e provocar lesões ortopédicas também é importantíssimo.

As regras de convivência devem ser muito claras. Cobrar que os animais tenham carteira de vacinação em dia e controle de parasitas é condição indispensável para que não haja perigo para a saúde. O local deve ser protegido da chuva, e o ideal seria que o sol pudesse incidir durante algumas poucas horas, o que vai depender muito da boa vontade das construtoras. E tendo sempre a presença de veterinários, desde o planejamento até a execução. Certamente, essa é uma ótima opção para agregar valor aos imóveis e deixar toda a família feliz”, aposta.

Contatos

Sharon Morais

@moraissharon

Sharon_morais@hotmail.com

Guilherme Cheim

guilherme@proartengenharia.com

Daniel Marques

@oficialdanielmarques

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