Vícios de construção e benefícios da informação:

A partir de um podcast 

Robinson Leme, Claudia Hernandes, Patrícia Alves, Soraia Moussa, Leandro Bossonário e Alaine Oliveira

Orepórter da Revista dos Condomínios conversou com algumas pessoas que fazem parte de uma comunidade de experts em condomínios, a CEX, cuja mentora é Andréia Resque – todos palestrantes do evento Síndico 4.0, em Niterói, no Rio de Janeiro, com o tema: “Vícios construtivos” com exemplos e análises de casos de má entrega, pelas construtoras, de um empreendimento imobiliário. O grupo adiantou alguns itens que os condôminos e o síndico têm que ficar atentos durante a assembleia de instalação, como: AVCB, seguro do prédio, a documentação que a construtora vai entregar, o memorial descritivo, para o “síndico poder fazer, na vistoria, checar se aquilo que a construtora prometeu é aquilo que ela está entregando” – adiantou Cláudia Hernandes, uma das componentes do grupo.
Mas, em algumas situações são “vícios aparentes que, se tiver, são de fácil constatação que, mesmo para um leigo, é possível identificar e dizer: Espera aí, esse parquinho não é o mesmo que vocês apresentam aqui não está adequado; a quadra não tem o tamanho descrito; as vagas de garagem não têm as dimensões descritas no documento; o piso da garagem está desconforme com o registrado – lista Hernandes.
Agora, o que é visível é fácil de constatar. Mas em relação ao vício técnico? De acordo com a especialista, “para esses, a identificação é mais difícil e será necessário contratar um engenheiro especialista na área condominial para fazer um Raio X da edificação. Aí, ele vai lá, desde a caixa dágua, lá em cima do prédio, e vem descendo até a garagem, examinando todas as áreas comuns do condomínio” – diz Hernandes, acrescentando: “Mas, cada morador terá que contratar o seu engenheiro, ou pagar um extra ao engenheiro contratado pelo síndico, para realizar a análise interna da unidade” – explica Hernandes.
Se houver alguma desconformidade, um advogado terá que cobrar da construtora a adequação. Tudo isso, tem que ocorrer dentro do prazo que, normalmente, é de cinco (5) anos a partir da entrega do empreendimento. Esse tempo é para garantir que problemas que venham a surgir logo após a entrega também sejam corrigidos. Entretanto, “esse prazo pode ser estendido dependendo do problema” – ensina Hernandes. Além disso, é “importante que o síndico esteja atento para a manutenção periódica do empreendimento para que o condomínio não perca a garantia; isto está no manual do proprietário” – lembra a especialista.

Benefícios da informação: Um podcast

O Grupo

Esse mesmo grupo se articulou para criar o programa “Jurídico Diz Q Pod”. O podcast foi desenvolvido por um coletivo de seis profissionais: Cláudia Hernandes, Alaíne Oliveira, Soraia Moussa, Leandro Bossonário, Patrícia Alves e Robinson Leme. Todos com formação em direito, como o próprio nome indica. As entrevistas contam, alternadamente, com três dos seis parceiros e mais um convidado – para discutir um tema escolhido.

Organização

De acordo com Cláudia Hernandes, muitas vezes o coletivo pergunta para o convidado se ele quer sugerir algum tema para ser tratado durante a entrevista. “Na verdade, o convidado responde ao formulário que denominamos: ‘Conhecendo o Convidado’. Ali, ele vai indicar o assunto de maior afinidade que gostaria de discutir, se ele gosta de café ou de chá – “que já está ficando famoso, que é o chá da mãe da Soraia Moussa” – diz Hernandes.

“A receita não é segredo”, completa Moussa: “O chá, que já faz parte da entrevista, leva gengibre e canela, até para melhorar a voz do entrevistado na hora de falar” – conta Moussa, em tom de brincadeira. Na resposta do entrevistado, junto com o formulário, ele envia uma foto que será usada no card de divulgação da edição do programa – a ser colocado nas mídias sociais.

Antes da entrevista, sempre contam um pouco sobre a forma de comunicação do coletivo, o perfil do programa – que é informal. Eles têm essa abordagem para que o convidado se sinta a vontade, inclusive, para se recusar a desenvolver um tema, se for o caso, “mas a desistência, por uma questão de perfil do programa, nunca ocorreu” – lembra Moussa.

Outras vezes, o tema é escolhido pelo grupo, sempre dentro da área condominial. As entrevistas são sempre realizadas de forma leve, descontraída, sem juridiquês e com aplicação prática condominial visando atender: Síndico, condôminos, terceirizados, conselho, ou seja, todo mundo que engloba essa esfera do condomínio.

Linguagem

Portanto, o Jurídico Diz Q Pode, traz uma linguagem direta, com exemplos práticos para o síndico desenvolver um bom trabalho no condomínio. O grupo tenta tirar essa questão do artigo, as citações das leis, a questão legal pura do texto, porque “é muito complicado, para quem não tem formação em direito, entender o juridiquês no dia a dia e, o público-alvo do podcast, é a pessoa que não tem um trato com a norma, dos artigos das leis” – justifica Alaíne Oliveira.

“O serviço é prestado por meio de exemplos práticos onde são apresentados os problemas e as soluções possíveis aplicadas às diversas etapas de cada processo e situação” – completa Patrícia Alves. Os convidados parecem estar gostando do tratamento dispensado e do formato do programa. Segundo Patrícia, uma convidada recente do programa, a especialista Vera Rogato, deu um feedback muito positivo para o coletivo: “Ela nos disse que já foi a diversos podcasts, mas e ela nunca viu uma organização como a nossa. Isso nos deixou muito contentes, porque a gente está começando com o canal. Temos apenas dois meses com o podcast funcionando” – exclama Patrícia.

Momento Notícia

Toda a estrutura do programa, em termos de lógica, foi produzida pelo grupo, mas a questão de “infraestrutura com microfones, espaço para receber os convidados, ambiente a prova de som, gravadores, mesa para gravação e modulação do som, edição do programa, técnicos, é contratado à hora de um estúdio, aqui, de São Paulo” – explica Alaíne Oliveira. O programa não tem intervalos. Ele é tocado “à base de muito bate-papo e chá ou café, mas tem um momento, que é um quadro que a gente criou, que chamamos de ‘Momento Notícia’. Que é uma notícia que tem muito a ver com o assunto que está sendo discutido naquele programa” – conta Soraia Moussa.

Exemplo de Momento Notícia

E elas deram um exemplo do ‘Momento Notícia’: “Foi aquele problema que ocorreu com a administradora que administravam as reservas dos condomínios e teve aquele roubo de 40 milhões, aqui, em São Paulo” – diz Hernandes. Outro exemplo foi aquele prédio onde “caíram as varandas. A gente abordou porque aquele acidente aconteceu. E aí, a gente traz um especialista para tratar sobre o assunto e detalhar as causas de um problema; de um acidente; de um caso ocorrido – garante Soraia Moussa: “Aí, a gente ouve o especialista. Queremos ouvir a opinião dele. Então, o quadro faz o programa ficar mais interessante; o programa fica mais dinâmico, porque são notícias que as pessoas acompanham no noticiário e têm curiosidade, querem saber das causas, o que provocou, como aquele fato ocorreu”

Qual o objetivo do programa?

O objetivo do programa é garantir uma informação técnica, “coerente, oferecida por especialistas para as pessoas que, muitas vezes, não têm acesso a esse tipo de informação, qualificada” – garante Hernandes. O formato “garante leveza, porque tem duração de 50 minutos em média, com fluxo contínuo, incluindo um quadro cujo assunto é associado ao tema do programa, quer dizer, tem os ingredientes perfeitos para mobilizar a atenção e informar o ouvinte” – considera Hernandes.

 

Contato

Alaine Aparecida de Oliveira Jason, Soraia Coluço Moussa, Claudia Maria Hernandes Marofa e Patricia Rocha Alves da Silva Ferri

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