A construção coletiva da gestão condominial

Condôminos também podem colocar seus conhecimentos em favor da coletividade, auxiliando o síndico na tomada de decisões e fiscalizando sua atuação

 
Lucia Costa

Tocar o cotidiano de um condomínio, com todos os seus problemas e demandas, não é tarefa das mais fáceis. Como moradores podem ajudar a administrar e a fiscalizar as contas? Como podem agir como parceiros do síndico e em favor de toda a comunidade? Esses ‘auxiliares’ se fazem mais necessários nos grandes condomínios e, na verdade, são quase sempre moradores nas funções de subsíndico ou conselheiros, que podem solucionar alguns pequenos problemas, fiscalizar as contas e representar os interesses dos moradores. A Revista dos Condomínios foi atrás de Lucia Costa, síndica orgânica, formada em Administração de Empresas e concluindo pós em Direito e Gestão condominial

“A gestão condominial não é tarefa fácil, e isso todo mundo já sabe. É dever legal do síndico administrar de forma transparente, prestando as informações necessárias aos condôminos, sempre quando requisitadas. Os condôminos têm a seu favor a legislação que lhes permite fiscalizar as contas do síndico sempre que acharem necessário, uma vez que o patrimônio é o maior bem a ser preservado. A criação de comissões fiscalizadoras de obras e outros procedimentos ajudam a gestão do síndico nas tomadas de decisões. A administradora também tem um papel importante quando formaliza a prestação de contas do síndico no balancete, onde ficam registrados todos os gastos realizados pelo gestor, o pagamento dos tributos, dos salários dos funcionários, das obras realizadas, onde os recursos contabilizados demonstrarão o equilíbrio entre receita e despesa”, pontua.

Com 35 anos atuando como gerente geral no varejo, nas últimas duas décadas Lucia se dedicou à gestão de pessoas e às áreas administrativa, financeira, de atendimento ao cliente interno e externo, além de fornecedores. Lúcia Costa segue em sua análise. “Importante ressaltar que, para ter uma efetiva gestão participativa com os condôminos, o síndico deve ser receptivo e empático, para acolher as sugestões dos moradores e transformá-las em melhorias para o condomínio, de modo que a contribuição seja permanente. E, cada vez mais, o condômino compreenda seu importante papel no cotidiano, buscando melhorias constantes para valorização do seu patrimônio.”

Nossa entrevistada afirma que uma das formas de despertar o interesse do condômino é promover encontros informais como facilitador do diálogo. Até mesmo um café da manhã é importante para conscientizar os condôminos da sua importância na participação das decisões conjuntas ao órgão diretivo, tornando-os parte do processo. De acordo com a legislação, é obrigatória a realização de assembleia geral ordinária uma vez ao ano, em data determinada pela convenção condominial, além da discussão dos itens obrigatórios como prestação de contas, previsão orçamentária, eleição de síndico, e se faz necessária a eleição dos membros do Conselho Fiscal ou Consultivo.

“Uma das formas de o condômino exercer sua participação e interagir com a gestão é se candidatando e sendo eleito pelos seus pares, com o objetivo de auxiliar o síndico e fiscalizar seus atos, e/ou sugerir ações pertinentes à função. De acordo com o ordenamento jurídico, poderá haver no condomínio um Conselho Fiscal, composto por três membros, eleitos pela assembleia, por prazo não superior a dois anos, ao qual compete dar parecer sobre as contas do síndico. Em termos finais, devemos destacar que a colaboração dos condôminos com suas expertises, enquanto advogados, engenheiros, administradores, economistas, podem auxiliar nas tomadas de decisões do síndico, facilitando a rotina e fortalecendo a administração de forma colaborativa”, concluiu Lucia Costa.

Na prática, o Conselho Consultivo é formado por três moradores do condomínio eleitos através de uma assembleia, com a função de assessorar o síndico, podendo ser consultado em diversos momentos, principalmente quando há a necessidade de tomada de decisões complexas. Já o Fiscal é constituído também por três pessoas, mas não necessariamente condôminas. Os membros também são eleitos através das reuniões do condomínio e mantêm o cargo por dois anos com possibilidade de reeleição. A principal função do grupo é fiscalizar a previsão orçamentária e as finanças do condomínio. Esse conselho é responsável por analisar a situação econômica do condomínio e dar pareceres sobre a prestação de contas do síndico.

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