Constantes desastres naturais desafiam síndicos

Qual postura deve ser adotada por estes profissionais diante dos desastres climáticos, como os ocorrido em fevereiro deste ano no litoral Norte de São Paulo?

 
Sergio Craveiro

Rio de Janeiro. Petrópolis. Sul da Bahia. Interior de Minas. Agora, chegou a vez do litoral Norte de São Paulo ser atingido por fortes chuvas de verão, causando estragos ambientais, derrubando casas e ceifando vidas. Diante desses episódios, tão desafiadores e recorrentes no Brasil, qual papel cabe ao síndico? Claro, é missão dele zelar pela integridade do condomínio e dos condôminos. Mas, na prática, o que ele pode ou deve fazer antes das chuvas, diante de um alerta da Meteorologia? E durante as tempestades? E mais: depois de contabilizados eventuais acidentes e estragos? Uma cartilha prévia? Comunicação clara? Planos de fuga? Orientação para os moradores? Treinamento de funcionários? Seguros específicos para acidentes naturais? Na linha de solidariedade, organizar uma arrecadação de doações? De que posturas o síndico profissional pode lançar mão?

“Os desastres naturais são uma realidade no Brasil, e cabe ao síndico, como responsável pelo condomínio, buscar medidas preventivas e de segurança para minimizar os danos e proteger a integridade dos condôminos durante esses eventos. Antes das chuvas, é importante que o síndico esteja atento aos alertas da meteorologia e mantenha os moradores informados sobre as previsões, bem como as medidas que estão sendo tomadas para proteger o condomínio e seus moradores. Além disso, é necessário verificar se as estruturas do condomínio estão em boas condições, como telhados, muros, calhas e ralos, para evitar possíveis desabamentos ou alagamentos”, inicia Sergio Craveiro, administrador, palestrante e professor.

Já durante as chuvas, explica nosso entrevistado, o síndico deve manter uma comunicação clara e efetiva com os moradores, informando sobre possíveis riscos e orientando sobre medidas de segurança, como desligar a energia elétrica em caso de alagamento ou evitar áreas de risco. Também é importante ter um plano de fuga, definindo rotas seguras para os moradores em caso de emergência. Após o desastre, o síndico deve realizar uma avaliação dos danos e orientar os moradores sobre as medidas necessárias para reparar os prejuízos. É importante contar com um seguro específico para acidentes naturais, que possa cobrir os danos causados pela chuva e outras intempéries.

“Outra medida importante é treinar os funcionários do condomínio para que saibam como agir em caso de emergência, como desligar a energia elétrica, fechar válvulas de gás ou água e evacuar o prédio em segurança. Em relação às doações, é importante que o síndico organize uma arrecadação de forma responsável e coordenada, evitando duplicidade ou desperdício de recursos. Por fim, o síndico profissional pode lançar mão de diversas posturas para proteger o condomínio e seus moradores em caso de desastres naturais, como planejamento, comunicação, treinamento, solidariedade e responsabilidade”. 

Regina Lopez
Gleyson Assis

Ações de solidariedade e zelo pela integridade

Síndica empreendedora, Regina Lopez está à frente da López Mundo Condominial. Ela também conversou com a Revista dos Condomínios. “Sou do Litoral Sul de São Paulo, do Guarujá. Neste ano tivemos enchente por aqui. Choveu 464mm, o que deixou 190 famílias desabrigadas. O desastre com a chuva e deslizamento foi bem ao lado, na cidade vizinha, com 65 mortes. Por aqui, continuamos com o acolhimento aos mais de 220 munícipes desalojados após as fortes chuvas de 21 de fevereiro. A assistência acontece na Escola Municipal Benedita Blac, no Jardim Umuarama (Perequê) e no Centro Esportivo Duque de Caxias (Tejereba)”, relata, contando que foram servidas refeições e ofertadas peças de roupas, cobertores, kits de cama e banho e 750 quilos de alimentos. “Muitas pessoas foram solidárias. Quatro chefes renomados vieram preparar comida. Nos próximos dias, vão acontecer reuniões para definição do andamento das ações”.

Ela lamenta um problema de infraestrutura na cidade. “Infelizmente, não temos ainda o Sistema de Sirenes. Contamos apenas com um carro com alto falante indicando o perigo de chuvas e raios. Também contamos com o serviço de meteorologia, mas, dessa vez, estava previsto um terço do que choveu. Infelizmente, o temporal pegou a todos nós de surpresa. Síndicos do Brasil inteiro entraram em contato oferecendo ajuda. É assim que somos, quando um precisa de ajuda, todos estão juntos, dispostos a ajudar”.

Gleyson Assis, CEO da Anjos & Assis, atua como síndico de condomínios, instituições religiosas e instituições sociais há 20 anos. É também professor e corretor de imóveis. “O síndico é uma liderança no condomínio em todos os momentos e em todas as situações. Diante desse cenário transformador dos aspectos climáticos que estão atingindo o Brasil como um todo, nas partes rurais e urbanas, os condomínios, principalmente urbanos, sofrem grandes impactos com as fortes chuvas, alagamentos e destruições. Assim, cabe ao síndico ser um estrategista nas manutenções preventivas e corretivas para amenizar essa atual realidade atmosférica”.

A missão deste profissional é zelar pela integridade do condomínio e das vidas. Mas, na prática, o que ele pode ou deve fazer diante de um alerta da meteorologia? “Ele precisa de um plano de alertas, através dos meios de comunicação em rede. Os condôminos que estiverem no condomínio vão alertando as crianças e jovens sobre as tempestades e a atitude de reclusão e abrigo. Já aqueles que estiverem fora vão de comunicar em um grupo de comunicação específico para esse momento, fora do condomínio, alertando sobre os locais, as situações meteorológicas e suas consequências. O síndico, por sua vez, precisa buscar junto às seguradoras uma maior cobertura contra os fenômenos meteorológico, que vêm aumento a cada ano”.

Durante as chuvas, Gleyson defende que a administração precisa se ocupar de manter as estruturas de escoamentos e os ralos sem obstruções para as chuvas não gerem alamentos e transtornos. Passado o período crítico, cabe ao síndico, juntamente, com os condôminos, a avaliação dos acidentes e estragos para amenizar os sofrimentos e perdas. Também acionar o seguro do condomínio para mitigar a situação.

“O síndico precisa de uma comunicação clara e objetiva para que os condôminos saiam de situações de riscos e consigam direcionar os procedimentos de proteção diante da situação de transtorno meteorológico. Ele e os funcionários precisam acompanhar os perímetros do condomínio e os riscos dos muros, orientando dos moradores a buscarem abrigos seguros. Além disso, pode ser criada uma campanha de solidariedade para arrecadação de doações para os moradores e vizinhos necessitados”.

Contatos

Sergio Craveiro

@sergiocraveiro

Regina López

egina@lopezmundocondominial.com.br

Gleyson Assis

astralsaudeambiental.com.br

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