Direito Sistêmico em Condomínios

Reequilíbrios que o sistema vem fazendo nos bairros do rio

A filosofia condominial sistêmica observa todo o entorno anterior existente nos locais onde se atua, principalmente olha para o passado de bairros e de localidades, desde a sua criação até os fatos que se seguiram na atualidade. Hoje vamos falar dos bairros do Jardim Botânico, São Cristóvão e Tijuca, bem como as ligações imperiais com a cidade de Petrópolis no Rio de Janeiro, estas localidades e suas coincidências. Todos os bairros mencionados e a cidade referida nasceram na época do Brasil colônia e tiveram residências das famílias imperiais. Não foi à toa que sofreram, desde aquela época, atrocidades naturais decorrentes desse considerado avanço da colonização. E assim seguem tais locais tendo inundações corriqueiras, destruições de séculos, que somente pioraram no decorrer do avanço do homem na urbanização das cidades.

As chuvas que alagam Jardim Botânico, São Cristóvão, Tijuca e a cidade de Petrópolis são consideradas quase que intermináveis, e não são recentes, mas ocorrências intermitentes, nunca resolvidas em governo algum. Às vezes melhoram um pouco, mas logo retornam a ocorrer. Claro que a atitude do homem para com a natureza é a causa maior de tudo isso, atitude essa absurdamente efetivada em grande escala na época do Império, que nem o replantio da Floresta da Tijuca naquela época, que ajudou a exterminar com tais acontecimentos nesses locais. Ocorre que há algumas perguntas a que serem feitas:

por que nestes bairros, quando vem a natureza e retoma com poder das águas o que está no local, isso é tão contundente a ponto de inviabilizar economicamente ruas, desabar casas e matar pessoas de forma desastrosa? Como foi a sina do povo escravo nestes locais? Quanto sofrimento ali residiu? Recentemente em Petrópolis vimos a cidade parecer um campo de guerra, similar ao que se via em fotos na época da 1ª Guerra Mundial. Aqui outra pergunta poderíamos fazer: Petrópolis teve colonização de alemães, e até judeus foram para lá, acabaram com florestas e construíram fábricas, algumas de tecidos, trazendo muita poluição e desequilíbrio para o meio ambiente. Passaram-se anos, e quem hoje reequilibra o local são as perdas e mortes de outras populações, que nada tiveram teoricamente com aquele mal anterior, mas de alguma forma corroboraram para a perpetuação daquela devastação ambiental ocorrida em priscas eras. Isso também ocorre nas nossas famílias, onde cosas ruins feitas por avós, pais e outros ancestrais podem diretamente afetar a vida de quem sequer contribui para aquilo anteriormente.

Sugestão do dia: Justiça Sistêmica não está ligada somente a processos judiciais, mas sim a saber conviver com as coisas que foram feitas no passado, seja por seu ancestral direto na sua família, seja pelo seu irmão de nacionalidade que nasceu no mesmo país que você. Ao contrário do que se pensa, estamos ligados aos nossos ancestrais, sejam eles familiares, assim como ao nosso povo e suas histórias. Indagar pelo passado do que ocorreu, seja onde for, traz respostas muito assertivas para entendimentos outros. E você, já olhou para a cidade onde nasceu? Quais as implicações que sua cidade teve para seu futuro? Olhar o todo antes de fazer escolhas traz movimentos pensantes acolhedores. Experimente-se! Boa caminhada.

Gracilia Portela é advogada condominialista sistêmica e presidente da ABJFSis – Academia Brasileira de Justiça e Filosofia Sistêmica.

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