Como fazer a análise de riscos em condomínios

Documento de boas práticas e cuidados garante tranquilidade tanto para síndicos como para condôminos

 
Ricardo Princiotto

A segurança dos moradores de um condomínio deve estar entre as principais preocupações das pessoas responsáveis pela gestão do local. Por isso, é possível observar cada vez mais a presença de novas tecnologias, tanto do lado de dentro, como sensores de movimentos, quanto do lado de fora, como falamos na nossa última edição, em relação aos portões “clausura”, sistema de duas barreiras. 

Contudo, o tema não para por aí. E, para que esse assunto seja explicado da melhor forma possível para nossos leitores, a REVISTA DOS CONDOMÍNIOS entrou em contato com Ricardo Princiotto, síndico profissional com certificação 5 estrelas, com mais de 20 anos atuando no mercado condominial. 

Ele avalia que o problema da segurança patrimonial não é algo que esteja afetando exclusivamente os grandes centros urbanos como as capitais. Segundo o entrevistado, a questão também começa a atingir as partes mais modestas do país. Assim, ele destaca a importância de se contar com uma análise de riscos de qualidade. “A análise de avaliação de riscos patrimoniais tem por objetivo realizar um amplo levantamento das vulnerabilidades de um empreendimento, no nosso caso, de um condomínio. Tendo como escopo eventuais fragilidades de segurança a fim de apontar medidas para cessá-las ou minimizá-las ao máximo possível, evitando, desta forma, perdas patrimoniais e pessoais”, explicou.

Perguntamos como alguns desses problemas podem acontecer, e o especialista em segurança citou o exemplo das invasões de condomínios, ou como também são conhecidos, os “arrastões”. Ricardo alerta para esses episódios pela onda de problemas que podem causar. “Além de colocarem em risco a vida de moradores e colaboradores, ocasionam um trauma psicológico em seus moradores, pela sensação de insegurança, bem como a desvalorização do imóvel, apontado como inseguro. Isso sem falar das responsabilidades e dores de cabeça que recaíram sobre o síndico”, alerta.

Já é possível identificar a importância de se contar com uma análise de riscos eficiente, mas outro ponto que precisa ser analisado com cautela pelos síndicos e gestores é onde está sendo depositada essa responsabilidade. Ricardo explica que existem várias fases que precisam ser “percorridas” até que o documento esteja finalizado, como análise criteriosa desses riscos, que variam entre “muito alta, alta, média, baixa e muito baixa”, além das ações para conter ou anular vulnerabilidades apontadas, e isso só será possível caso um profissional capacitado seja responsável pelo projeto. 

“Diante de substancial responsabilidade, esses levantamentos não podem ser feitos por ‘aventureiros’, mas, por especialistas comprovados na área, e os síndicos têm a obrigação de contratar empresas homologadas para elaboração da análise de riscos, pesquisar a atuação da empresa escolhida em outros condomínios, ter um feedback com outros clientes e órgãos públicos responsáveis”, finaliza.

Wlauder Robson

Condômino também é um fator de risco

Por sua vez, Wlauder Robson, especialista em gestão de segurança, com 40 anos de experiência na área de segurança pública, chama a atenção para uma questão que muitas vezes é negligenciada quando o assunto é segurança condominial ou análise de fatores de riscos: o condômino. O morador, sem dúvida, é um dos bens principais de todo o condomínio, se não o principal, mas a sua postura, muitas vezes, pode acabar sendo o diferencial entre garantir não apenas a sua própria tranquilidade, como a dos outros condôminos e colaboradores. 

Nesse item, Robson nos fala que, assim que o síndico tiver em mãos esse documento, a sua linha de ação pode, ou não, envolver aquisição de equipamentos, mas um contato diferenciado com o condômino. “No dia a dia me deparo com a necessidade da educação do morador para que ele crie a cultura de segurança e da revisão e atualização dos procedimentos de segurança e dos planos de contingência no condomínio. A participação do morador é fundamental no cumprimento dos procedimentos de segurança, a responsabilidade nesta área é compartilhada por todas as pessoas que residem no ambiente, e cabe ao síndico entender que é necessário orientar constantemente a sua comunidade no sentido de se obter um ambiente agradável, harmonioso e seguro”, disse.

O entrevistado acrescenta que, em seus 40 anos de experiência na área de segurança pública e privada, a ausência de gestão administrativa/operacional é a “principal causa dos infortúnios experimentados pelos condomínios”. Ele lista alguns itens que podem gerar problemas e que, portanto, merecem toda a atenção de síndicos e gestores condominiais:

• Falta de procedimentos escritos de segurança e de sua aprovação em assembleia.

• Não orientação contínua a moradores a fim de criar a cultura de segurança.

• Ausência de treinamento periódico dos colaboradores. 

• Inexistência da verificação periódica do funcionamento dos equipamentos.

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Ricardo Princiotto

@ricardoprinciotto

Wlauder Robson

@wlauderrobson

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