Válvulas redutoras de pressão: segurança para os condomínios

Você não as vê e mal sabe para que servem, mas elas garantem o funcionamento seguro e eficaz dos sistemas hidráulicos do condomínio

 
Gustavo Bihel

Todo ambiente possui alguns itens imprescindíveis para que todos os processos ocorram sem engasgos ou grandes problemas. Podem ser equipamentos, ferramentas ou até mesmo a ação de pessoas. Por exemplo, na cidade do Rio de Janeiro, com os garis entrando em greve, as ruas começaram a ficar com quantias enormes de lixo, o que deixa um odor insuportável para quem anda no local e também atrai ratos e outros bichos que podem transmitir doenças, ou seja, a qualidade de vida de todos acaba sendo afetada direta ou indiretamente.

E isso não é diferente nos condomínios, especialmente nos que contam com um número elevado de moradores e unidades. Afinal, qualquer problema pode se transformar numa bola de neve e, quando síndico ou gestores percebem, o estrago pode ser grande. Esse é o caso das válvulas redutoras de pressão, como explica o engenheiro civil e da segurança do trabalho Gustavo Bihel, que fala a respeito da importância e da necessidade de contar com esse item no meio condominial.

Primeiramente, o especialista estabelece uma diferença nos conceitos de pressão e volume e de como as válvulas atuam em relação a esses dois fatores: “Pressão e volume são coisas distintas. Você pode ter volume sem pressão ou com pressão. Um exemplo é a máquina residencial de lavar carro, que tem pequenos reservatórios (baixo volume) mas com grandes pressões. Como nesse caso, a válvula de pressão trabalha reduzindo a pressão na tubulação do prédio. Para cada 10 metros de altura de um prédio, a pressão aumenta em um quilo. Por norma (NBR 5626), os equipamentos que utilizam água (filtros, torneiras, rabichos, mangueiras, válvulas, registros etc.) devem trabalhar com uma pressão máxima de quatro quilos, o que equivaleria a um prédio de 40 metros e aproximadamente 13 andares”, informa.

“Para evitar falhas e vazamentos nesses equipamentos, é necessário garantir a pressão de quatro quilos ou 40mca (metros de coluna d’água). Essa garantia se dá na utilização de válvulas redutoras de pressão que são instaladas nos andares intermediários, entre o 8º e 6º pavimento, sempre considerando, quando o prédio possui mais de 40 metros de altura, que é necessário colocar a cada 40 metros de altura um conjunto de válvulas”, completa.

Ou seja, as válvulas redutoras de pressão possuem uma função que já está presente exatamente em sua denominação. Elas funcionam reduzindo a pressão da água de forma que seja garantido 40mca na saída dos pontos de abastecimento dentro da residência.

Em seguida, o especialista apontou que “não há uma fórmula” para determinar cada tipo de válvula para determinado padrão de edificação. Cabe ao projetista de instalações hidráulicas determinar qual a melhor solução a ser adotada. Contudo, para que o síndico possa ter noção do que ele realmente precisa, Gustavo citou os três tipos de válvulas redutoras de pressão e o que cada uma delas oferece:

Válvula de Ação Direta

As válvulas redutoras de pressão de ação direta reduzem a pressão da água antes de um determinado ponto do sistema (ponto de instalação) para um valor desejado após ele. Independentemente da vazão, portanto, a pressão após a válvula será constante conforme regulado.

 

Válvula Proporcional

Essa válvula não apresenta os sistemas de molas ou parafusos de regulagem. Seu mecanismo é automático e funciona de acordo com o princípio de Pascal. Ela se mantém fechada quando não há consumo, permitindo que a pressão depois do ponto de instalação não fique maior que a permitida por norma.

 

Válvula Pilotada

As válvulas redutoras de pressão pilotada são dispositivos que reduzem a pressão de entrada a uma pressão de saída constante, independentemente das variações normais de vazão e pressão do sistema. Quando não há consumo, a válvula se fecha.

Síndico deve estar atento às válvulas

E a atuação do síndico é muito importante nesse contexto das válvulas de pressão. Assim como em outros aspectos da vida condominial, saber onde encontrar os produtos com maior qualidade é um diferencial. Caso o responsável pelo condomínio não exija um trabalho de qualidade e as válvulas parem de funcionar ou não estejam exercendo suas funções corretamente, Gustavo chama atenção para o que pode acontecer.

“Caso uma válvula redutora pare de funcionar, a pressão na tubulação vai aumentar, e começarão a surgir vazamentos dentro dos apartamentos, criando um incidente que vai gerar danos maiores podendo até mesmo trazer consequências maiores como a queima de um elevador, ou danificar um apartamento inteiro”, afirmou.

E não para por aí. Caso algum problema maior seja identificado, o síndico precisa agir rapidamente, como alerta o especialista: “Primeiramente, o registro geral da coluna deve ser fechado para poder diminuir o vazamento. Em seguida, é necessário convocar um bombeiro hidráulico, geralmente de confiança, para que ele possa, de vez, estancar esse vazamento, e só depois deverá ser feito mais um contato para que outra válvula seja colocada. Só que o problema não acaba aí. As válvulas de pressão não são uma compra fácil por conta da bitola e diâmetro. As menores são mais fáceis, mas as maiores de duas polegadas são complicadas para encontrar, o que demanda entrar em contato com o fabricante, e, mesmo assim, não é certo que ele a tenha”, completa.

Mas e em relação à manutenção? O engenheiro informa que os fabricantes são os responsáveis por todo esse processo, o que também acaba influenciando a questão da periodicidade e o tipo de prevenção, que pode acabar sendo anual ou então de dois em dois anos, dependendo da avaliação do técnico. “Se você tiver uma água com muito cloro e alcalina, ela começa a danificar as peças, então a periodicidade tem que ser menor, ou seja, pode ser até realizada duas vezes ao ano, mas tudo depende de onde está sendo aplicado o material”, cita.

Ficou bem clara a importância dessas válvulas, não é mesmo? Elas são, sem dúvida, um dos itens mais importantes para as tubulações prediais. Hoje, por exemplo, num prédio com pelo menos 80 metros de altura, é possível encontrar de dois a três conjuntos de válvulas, garantindo a pressão correta para que a água chegue aos apartamentos. Sem elas, seria um verdadeiro caos, porque as mangueiras, canos, vasos sanitários, entre outros itens, não suportariam a pressão.

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