Como será nossa casa no futuro?

Estudo revela que consumidores querem lares com conectividade, conforto, flexibilidade e sustentabilidade

De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), até 2030 o Brasil terá a quinta população mais idosa do mundo. Essa alteração no perfil dapopulação vai implicar em uma mudança importante  na questão da acessibilidade, conforto e bem-estar nos condomínios e lares, de uma maneira geral. Para se preparar para essa mudança de perfil do consumidor é que a Dexco investiu em uma pesquisa recente que resultou no estudo “O Futuro do Morar” – realizado em parceria com a empresa de análise de tendências Spark:off.
Para Marina Crocomo, diretora de Marketing e Design da Dexco, “existem diversos fatores envolvidos nessa mudança, como a inclusão, não só para pessoas com deficiência, mas com qualquer tipo de restrição de mobilidade”. Há também, nessa mesma perspectiva, a importância da valorização de lares multigeracionais, assim como de moradias solo e famílias multiespécies. O estudo, O Futuro do Morar, “aproxima a visão do consumidor para o que estamos projetando como companhia por meio de 16 metas sustentáveis”, diz a diretora. Estudo: Direcionamento
Para Crocomo, o estudo só confirmou alguns detalhes que jáeram percebidos por parte da companhia, mas, ele também foi  visto como uma ferramenta essencial para apoiar com muito mais força o planejamento futuro de produtos e até de estratégias. “Muita coisa que nós já fazemos e talvez nem ainda consigamos comunicar com a força que temos na categoria”, afirmou.
Considerando a experiência do cliente, o Futuro do Morar ressalta alguns possíveis caminhos para lidar com essas novas formas de morar. Um deles é a valorização de práticas mais sustentáveis por parte dos consumidores, que estão atentos a esses fatores ESG. 

Tendências: Casa tecnológica, valor da comunidade e da qualidade de vida

A otimização das atividades da casa por parte da tecnologia, geram conveniência e praticidade. Valorização da comunidade e dos vínculos, físicos ou virtuais, além da necessidade de pausas e criação de espaços para a qualidade de vida e reconhecimento da casa como pilar afetivo e local de descanso – são outros pontos destacados pelo estudo. Por outro lado, a casa e as relações de trabalho também mudaram como resultado da pandemia. Em resumo, o certo é que o país encara transformações com relação às estruturas da casa (arquitetura e design), que influenciam diretamente na maneira de consumo das pessoas. “O futuro do morar está totalmente ligado a estabelecer uma real conexão entre o eu, o planeta e a comunidade”, conclui o estudo.

Pesquisa e Inovação: Questão de cultura organizacional

Esse ano a empresa vai investir R$ 2,5 milhões para desenvolvimento de novas soluções para o mercado. De acordo com Crocomo, cerca de R$ 500 mil desse total já foram investidos em pesquisas e soluções na vertente de ESG – como metas de uso de plástico e energia. No ano passado, a companhia desenvolveu um novo modelo de papelão a partir de embalagens usadas, para 30 produtos, o que correspondeu a 74% do volume usado pelas embalagens em clamshell  (com composição plástica). A redução do impacto, com o reaproveitamento das embalagens, é expressivo.

Pesquisa compartilhada

Essa não é a primeira pesquisa que é compartilhada com o mercado. Segundo a assessoria da Dexco, a empresa realizou, além do “O Futuro do Morar”, outros estudos como , por exemplo, o de análise da experiência do banho e da cozinha – dois ambientes onde os produtos DEXCO estão muito presentes.

A pesquisa contou com uma mistura metodológica, com um mapeamento sociocultural e o levantamento de algumas verticais que contaram com comentários de mais de dez especialistas de arquitetura, paisagismo, engenharia, hotelaria, gastronomia e bem-estar sobre o futuro do morar.

Acessibilidade: O futuro do morar

Além da questão da longevidade, é possível afirmar que apenas 8% das pessoas com deficiência usam cadeira de rodas. Número que surpreendem alguns, devido a um estereótipo muito presente quando se fala de representação deste grupo minoritário. Segundo o estudo, as marcas precisam considerar os outros 92% das pessoas que contam com alguma questão associada ao acesso.

Estudo: Boas pistas

Já a pesquisa oferece boas indicações para o negócio. Traz, por exemplo, conclusões e pontos que são discutidos internamente na área de “experiência do cliente” para aprimoramento dos produtos. Um dos pontos de enfoque tem sido as vertentes de inclusão e longevidade – não só idosos, mas para qualquer pessoa com mobilidade reduzida. “Já temos produtos de acessibilidade, como barras de apoio muito aproveitadas pelo uso público hospitalar. Esse é um portfólio, existente na Deca, temos há muito tempo, assim como nossos concorrentes”, apontou Crocomo, diretora de Marketing e Design da Dexco.

Questão de design

“Por que não trazer o design como, por exemplo, para as barras hospitalares? Elas já estão no portfólio das marcas, mas com design entram cores e formatos diferenciados para oferecer ao cliente outras experiências. Estamos provocando o time de desenvolvimento de produto para, ao mesmo tempo que se preocupa com funcionalidade, trazer uma alternativa de estética apropriada para esses produtos em diferentes ambientes”, comentou Crocomo. Para alcançar esse objetivo, as marcas da DEXCO atuaram com as arquitetas Flavia Ranieri e Mariana Quinelato, especializadas em gerontologia, para o desenvolvimento de barras de apoio com porta-escova, sabonete e porta-xampu. Alguns deles, serão lançados na CasaCor em Brasília. “Inclusão vai além da estética dos produtos. A inclusão efetiva acontece quando você cria um produto que vai além da questão funcional, de atender a uma questão específica. Inclusão é inserir uma característica de forma que a pessoa se sinta igual no meio. Então, essa preocupação com a estética e, ao mesmo tempo, com a funcionalidade, tem ligação com como enxergamos as oportunidades para os nossos produtos e entregas”, afirmou Crocomo.

Longevidade exponencial

Ajustes de design e planejamento com visão de futuro podem ajudar a combater o envelhecimento arquitetônico e aumentar a acessibilidade. Existe um enorme mercado para serviços e produtos que ajudem os consumidores a preparar suas casas para a velhice no futuro. Equilibrar a funcionalidade adaptativa com a estética elegante será o desafio do design.
A Dexco tem linhas com funcionalidades para idosos ou adultos com limitações (disfunções motoras ou limitações tipo Parkinson). “Não queremos que as pessoas se sintam velhas, mas se sintam elas mesmas. Então, quando falamos das nossas barras de acessibilidade, elas não se destinam apenas a PCDs, mas a pessoas com qualquer tipo de limitação, como alguém que está com a perna quebrada. E elas podem ter esses produtos com estilo, com a cor que gostam. Estamos falando que, independente da idade, do corpo, a Dexco pode oferecer produtos para ambientes nos quais aspessoas se encontrem e possam ter uma boa qualidade de vida” – resume  Crocomo.

Inclusão radical

Quando pensamos em novos desenhos de casas e lares mais inclusivos, há o dado que ao menos 15% da população mundial vive com algum tipo de necessidade especial (Fonte: British Medical Bulletin, 2020). Nesse cenário devem ser considerados desde os usuários de cadeira de rodas a pessoas neuro-diversas.
Segundo Ed Warner, CEO da Motionspot, apenas 8% das pessoas com deficiência usam cadeira de rodas. Portanto, mas as marcas devem pensar nos outros 92% com muitos outros tipos de necessidades de acesso: físicas, sensoriais e cognitivas. O estudo propõe abrir os olhares para uma discussão mais ampla, com a inclusão de todos e não apenas de PcDs. É por isso que a empresa desenvolve constantemente soluções para pessoas com necessidades especiais. Têm produtos com alavanca maior para acionamento, produtos touchless; lançou barras de acessibilidade, recentemente, que foram cocriadas com duas arquitetas, uma delas é a Flavia Ariele, que é expert no assunto no Brasil.

Inclusão de gênero

“Queremos contribuir para que as pessoas consigam se expressar e se apresentar da melhor forma possível. Para isso criamos um arco-íris de cores. Estamos falando da estratégia da versatilidade. Cada pessoa tem um estilo, uma condição econômica, e todos eles estão comtemplados na régua de versatilidade (tamanhos de produtos para todos os tamanhos de ambientes). Temos que ampliar o olhar. Não podemos limitar uma discussão sobre inclusão, deixando de fora a população que mesmo que não tenha necessidades especiais, tem identidade” – informa.

Lares Multigeracionais

Já quando se discute a realidade dos lares multigeracionais, a pesquisa traz o dado de que, entre 2012 e 2022 – portanto um período de dez anos – aumentou em 137% as pessoas de 25 a 34 anos que não saíram de casa (Fonte: Associação dos Registradores de Pessoas Naturais | Cantar IBOPE Media). O índice, apesar de referir aos EUA, na verdade é uma tendência global, por questões de conveniência, reforçada pelas consequências da pandemia. Assim, floresce o morar multigeracional. Ao mesmo tempo em que 40% dos americanos (Fonte: Pew, 2022) dizem que questões financeiras ditam essa decisão, a maioria também afirma que morar com a família é conveniente e gratificante. Outro dado significativo é que mais da metade dos Millennials (nascidos entre 1981 e 1995) e da Geração Z (entre 1995 e 2010) contam que renovaram o apreço por suas famílias após a experiência da pandemia.

“Moradia solo”

Na contramão dessa tendência de morar com a família, o estudo afirma que cresceu em 43,7% o número de lares com um único morador no país nos últimos dez anos, de acordo com informações do IBGE – o que promoveu uma crescente procura por apartamentos cada vez menores.
Dados do mercado imobiliário confirmam: lançamentos de apartamentos de até 30m² cresceram 21% em sete anos na cidade de São Paulo (Fonte: SECOVI- -SP). “As tendências que vejo nas construções são habitações com menos espaço e mais facilidade de manutenção, além de estarem em local central ou com acesso a transporte. As pessoas procuram coisas mais práticas”, afirma a diretora de marketing. A demanda verificada (Fonte: SECOVI-SP) é por novas unidades de um e dois dormitórios. São pessoas solteiras, pequenas famílias – com nenhum, um ou dois filhos. A se confirmar a tendência para os próximos anos, vai representar cerca de 90% do mercado.

Morar solo: planejamento urbano e mobilidade

Então, o morar não diz respeito apenas a arquitetura e design, mas também a questão do planejamento urbano, a mobilidade (principalmente nas grandes metrópoles). Daí, “quanto mais oportunidade eu tenho ao redor de onde eu estou, metrô, ônibus, bancos, farmácias, mercados, mais aquele local tem valor, melhor para viver porque está tudo acessível. É um pouco do conceito da ‘cidadede 15 minutos’, só que esse lugar, pela
demanda, começa a custar caro. Então,  as construtoras estão otimizando o uso do espaço. É muito comum que apareça esse tipo de habitações menores (de até 30m²)” – resume Crocomo.

Habitações menores: Maior mobilidade e menor pegada financeira 

A redução dos espaços também está relacionada com a conscientização individual. “Será que eu preciso de tudo isso? Tenho um apartamento tão grande que uso talvez dois cômodos dele, os outros 3 são quase inutilizados. Então passa por diminuir a pegada financeira, a pegada ecológica, a pegada de impacto na cidade. Essa tendência  é uma pressão resultante da busca por uma melhor mobilidade, aproveitamento do tempo (para fugir aos engarrafamentos no trânsito) e a economia de recursos (combustível e passagens) e melhor qualidade de vida, como uma resultante.

 Leitura Dexco: Menores dimensões e melhor aproveitamento de espaço 

A partir da leitura do estudo a empresa passa a investir em produtos de dimensões  reduzidas. Produtos mais estreitos, com menores dimensões e que eliminam o espaço acoplado. Com essa ação, abrem-se espaço para colocar uma prateleira, um armário. Com produtos de semi-encaixe e dimensões reduzidas de torneiras, cubas e, na cozinha, a mesma coisa. Resultado: não apenas melhor aproveitamento do espaço, mas também produtos que tem facilidade de manutenção, principalmente quandoolhamos a experiência de cozinha – explica a diretora. 

Exame: Lares multigeracionais e morar solo

De acordo com Crocomo, a questão dos lares multigeracionais e o morar solo que, a princípio, são opostos, trazem contrastes importantes e detalhes sobre a abrangência do portfólio. “Quando você fala das necessidades dos lares multigeracionais é necessário atender diferentes gerações com diferentes estágios de vida, enquanto no morar solo, com apartamentos ou casas cada vez menores, é preciso produtos que correspondam a essa necessidade”, afirma a diretora. Esse direcionamento se traduz em oferecer diferentes tamanhos de produto, por exemplo. Pensando em versatilidade, a Dexco lançou uma linha de cubas com apenas três tamanhos e três formatos: oval, quadrado e redondo, para melhorar a experiência do cliente com os produtos nos pontos de venda.

Famílias multiespécies: Animais Domésticos 

O estudo também informa que, de acordo com o IBGE, o Brasil é o terceiro no mundo com maior número de animais domésticos. Ou seja, com as chamadas “famílias multiespécies”. No livro Just Like Family, publicado em 2021, a acadêmica americana Andrea Laurent Simpson mapeia a ascensão da “família multiespécies”. Segundo este conceito, animais de estimação são tratados como membros da família, com personalidades quase humanas distintas e influência sobre decisões importantes na casa. Cães e gatos são considerados, por exemplo, na hora da escolha de um piso ou revestimento por parte de seus tutores. 

Estudo: Gera produtos específicos 

Para esse tipo de demanda a companhia desenvolveu um chuveiro de área externa que não serve só para limpar os pés, mas também para dar um banho no pet. “Já tivemos uma ducha para dar banho em cachorro e vamos explorar isso em um futuro próximo. Os porcelanatos com garantia de não escorregamento para áreas internas e externas, que garantem segurança tanto dos animais quanto de idosos ou pessoas com limitações, em geral” – enumera Crocomo e conclui: “no caso de Durafloor, temos produtos que são bactericidas e servem para crianças, adultos com limitações e pets também”. 

Integração entre as marcas

Para complementar essa busca por dados mais assertivos, entre 2021 e 2022, a Dexco criou o que chama de design office para gerar mais integração entre marcas no processo de desenvolvimento de produtos, que avalia, dentre muitos pontos, as tendências de mercado e as necessidades do consumidor, é o que explica Crocomo. “Estamos falando de marcas que estão no mesmo segmento, e, por isso, acabam bebendo das mesmas fontes de tendências de consumo e do morar que são locais e globais. Então a ideia foi enriquecer esse processo do ponto de vista do design olhando de uma forma transversal para todas as marcas, isso tem muita ligação com a nossa estratégia que é estar cada vez mais voltada para o consumidor com o objetivo de fortalecer nossas marcas em torno de soluções mais completas”, disse.

Criada: Área de design estratégico

Além disso, foi criada uma área de design estratégico, com foco na experiência do cliente. “Decidimos fazer isso por nossa conta entendendo que poderíamos conduzir uma pesquisa, que tínhamos envergadura o suficiente para conduzir junto com o Instituto. É com esse olhar de que entendemos o que é o futuro mesmo do morar e como os nossos segmentos e as nossas categorias de produtos podem se inserir neste futuro”, observou Crocomo. 

Desdobramento da pesquisa: direcionar o time de design que é, ao mesmo tempo, capaz de trazer mais perspectivas sobre planos futuros para um ciclo de desenvolvimento de, no mínimo, oito meses a doze meses (para criar e desenvolver lançamento de produtos).

Comunicação

“Os times de comunicação trabalham com o produto e é o porta-voz do estudo para trocar com outros profissionais e outras marcas. Então há esse olhar colaborativo, de compartilhar o conhecimento adquirido” – pontua Crocomo.
Por fim, Crocomo conclui que – apesar do legado extremamente industrial e de uma operação muito forte – a empresa tem buscado fomentar marcas que entendem o consumidor e que entregam soluções interessantes. Desde pisos de revestimento, passando por metais de louças, por exemplo, pensando em atuar ao lado de todas as necessidades do consumidor, trazendo, assim, uma diversidade para a companhia.

Consumidor: Dita a sustentabilidade dos produtos

“Pensar no consumidor pode parecer trivial, mas não, é um desafio superimportante da nossa área, faz parte da estratégia da companhia como um todo. E a sustentabilidade para mim é trazer o consumidor para a conversa. Não é só uma chamada nossa e do que queremos, senão não sobrevivemos, mas essa é a forma que temos de continuar fortes e relevantes no mercado”, afirmou.
Dos modelos tradicionais de família e de lares idealizados em função dos cômodos/funções, o futuro do morar contempla novas possibilidades de famílias. Mudanças significativas na sociedade – como pessoas vivendo mais e se casando mais tarde (ou ficando solteiras) – são fatores preponderantes nesse cenário.

  

 

 

Marina Crocomo 

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