Brincadeira é coisa séria

Fator segurança é primordial para que crianças utilizem os parquinhos para sua diversão e aprendizado. Acidentes causados pela má conservação são de responsabilidade do síndico

 
BRUNO CARUZZO

Eles fazem a felicidade da garotada e são um dos sonhos de consumo dos pais. Mas, quais cuidados devem ser tomados na elaboração dos projetos dos playgrounds, incluindo aí a compra e a instalação dos brinquedos? A faixa etária das crianças, o material dos aparelhos, acabamentos, a escolha do local de instalação… Tudo isso deve ser levado em conta, não somente para dimensionar o investimento necessário, mas para evitar riscos de acidentes. “Quando há crianças, com certeza o playground é uma das áreas comuns mais utiLizadas, sendo uma das grandes razões de se optar por morar em um condomínio. Mas é preciso ter cuidados. Afinal, sempre é bom lembrar, segundo o artigo 1.348 – V do Código Civil, cabe ao síndico ‘diligenciar a conservação e a guarda das partes comuns’. Ou seja, em caso de algum acidente causado por negligência na manutenção, o síndico poderá ser responsabilizado”, explica Bruno Caruzzo, síndico profissional e fundador da Caruzzo Consultoria e Estratégia.

Importante destacar que, quando o tema são problemas no playground, estes são mesmo de responsabilidade do condomínio, uma vez que esse espaço é frequentado por crianças e adolescentes, que estão mais sujeitos a acidentes. Por isso, todo cuidado com a segurança se faz necessário. A inspeção diária ou, no máximo, semanal deve ser feita com atenção pelo zelador ou síndico, com o preenchimento de um checklist, a ser verificado e assinado pelo responsável. Algumas escolhas no projeto também podem ajudar bastante no quesito manutenção, evitando problemas futuros no playground. É o caso do piso: ao escolher uma solução durável, inteligente e prática, como o revestimento modular plástico da PlastPrime, ganha-se sobretudo em segurança.

“Vale lembrar que é fundamental que as regras de utilização desse espaço devem ser aprovadas em assembleia. Se o regimento interno for parte da convenção, o quórum necessário é de dois terços dos condôminos. Se não, basta maioria simples para aprovar o conjunto de regras. Os cuidados com os playgrounds devem estar na lista de tarefas que a equipe de manutenção executa. É fundamental, além da limpeza, boa observação dos equipamentos. Assim, durante a  inspeção dos brinquedos, verificar se há parafusos soltos, enferrujados ou sem proteção, a presença de ferrugem nas estruturas metálicas, partes com peças frouxas ou tinta descascando… Todos esses procedimentos contribuem para dar mais segurança às crianças, bem como para ampliar a durabilidade do parquinho”, aponta Bruno Caruzzo, especialista em Gestão Condominial, com formação nas áreas de Administração, Engenharia Mecânica e Economia.

Ele lembra que a NBR 16071, parte 2, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABTN), estabelece que todo playground deve contar com um livro de inspeções diárias, semanais e mensais. A norma define os espaços e condições dos equipamentos para que os mesmos garantam a segurança a seus usuários e os brinquedos, por exemplo, devem estar separados por, pelo menos, 1,30m. A durabilidade dos brinquedos varia conforme o material: os de plástico devem durar, em média, três anos. Já os de plástico com estrutura metálica são mais resistentes – algo entre 15 e 20 anos. Pisos de borracha são a melhor alternativa, pois diminuem o atrito com o chão em caso de queda e melhoram a aderência, proporcionando mais segurança. “Hoje, temos um custo inicial para um playground girando em torno de R$ 20 mil a R$ 30 mil, já com as obras e implantação dos pisos de borracha e brinquedos para os pequenos e crianças um pouco maiores”, afirma.

E, para quem pensa que esse gasto é muito elevado apenas para bancar a ‘brincadeira’ da criançada, vale aqui um esclarecimento. Mais do que mera distração, os brinquedos nesses espaços públicos favorecem o desenvolvimento de habilidades motoras, permitindo à criança ir descobrindo o potencial das suas capacidades, aperfeiçoando as suas habilidades sociais e a comunicação. Vamos, então, tratar de garantir, com responsabilidade, a diversão e o aprendizado das meninas e meninos, de olho em algumas dicas sobre como precaver os problemas mais comuns nos playgrounds, que são de responsabilidade do condomínio e, por consequência, do síndico. Lembrando que, enquanto administrador constituído, ele pode, sim, responder civil e criminalmente por acidentes causados por falta de manutenção.

FIQUE ATENTO!
1. Para começar, a regra é clara! O condomínio pode ser responsabilizado por acidentes causados por descumprimento às normas de uso do espaço, como a criança que se machuca ao brincar em um aparelho inadequado para a sua faixa etária. Ou no caso da quebra de algum dos equipamentos, quando utilizados por um número de crianças acima do limite especificado pelo fabricante. As regras devem ser estabelecidas em assembleia, e fixadas, de forma clara e objetiva, em local visível no playground.

2. Pisos em más condições podem levar a acidentes graves em um espaço frequentado por crianças, que ainda estão desenvolvendo sua coordenação motora e tendem a testar seus limites com frequência. Descascados, rachaduras, buracos, desníveis… Tudo isso deve ser checado e consertado, pois pode provocar tropeços, quedas ou escorregões.

3. Se algum brinquedo do playground apresenta avaria, é de absoluta responsabilidade do condomínio consertá-lo ou substituí-lo o quanto antes. O equipamento deve, é claro, ser interditado pela administração enquanto não for reformado ou trocado. Pequenos danos em brinquedos, aparentemente inofensivos, podem ser suficientes para causar acidentes como arranhões, tombos ou cortes, por vezes, com consequências graves.

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