A era da especialização

Ninguém imaginava que os condomínios seriam um mercado pujante para muitos prestadores de serviços e produtos. Há dez ou quinze anos, a maioria dos síndicos eram ‘amadores’, muitas vezes apenas um morador voluntário para arrecadar e gastar o dinheiro nas despesas básicas do condomínio.

O desmoronamento de alguns edifícios, ceifando vidas, forçou a construção civil a se reinventar, e o legislador, através de atualizações de leis e normas de construção, a exigir do Poder Público uma atuação mais incisiva na fiscalização nos empreendimentos.

Dessa forma, a incorporação imobiliária passou a receber uma atenção diferenciada da ultrapassada Lei da Década de 1960 (Lei 4591/64), quando os empreendimentos ainda eram construídos com poucos pavimentos.

A partir daí, muitos empreendimentos acoplaram áreas sociais, que até então só havia em clubes. Seguiu-se à necessidade de contadores, diante do reclamo das associações que geriam loteamentos, de administradores, diante da multiplicidade da gestão e de controles, em especial com o aumento da fiscalização tributária sobre os muitos prestadores de serviços que atuavam em condomínio.

Embora ainda não tendo personalidade jurídica, tudo o que orbita o condomínio, tem. E é por isso que há a premente necessidade em se qualificar aqueles que estão à frente dos condomínios, mormente o síndico, a quem a lei expressamente encarrega de muitas responsabilidades.

Muitos cursos têm sido criados com o objetivo de formar síndicos, porém, com a carga horária pretendida versus necessidade de se incorporar temas pluridisciplinares, o mercado está ficando repleto de ‘profissionais’ malformados.

O ideal é que aquele que pretenda atuar nesse segmento seja capaz de investir tempo e dinheiro numa pós-graduação voltada para condomínios em uma instituição séria, com programa e corpo docente adequados à realidade atual.

Márcio Spimpolo é professor e coordenador da Pós-Graduação em Direito e Gestão Condominial na FAAP/SP.

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