Desafios do gerente administrativo predial

Vivemos em um mercado condominial, onde as necessidades latentes do setor são concentradas ou somente no síndico ou em funcionários que, em sua grande maioria, não estão habilitados para cumprir com sucesso as demandas. Quando existe a figura do síndico profissional em um empreendimento, o cenário fica um pouco melhor, pois esse profissional – ainda novo no mercado – traz consigo uma bagagem e uma experiência diferenciada. Porém, esse profissional não fica in loco diariamente ou cumpre expediente linear, já que, em sua maioria, administra mais de um condomínio em suas carteiras. 

É exatamente neste cenário às vezes caótico que entra o gerente administrativo predial. Um profissional desconhecido pelo mercado, mas de grande valia no mundo de hoje integrado à tecnologia num mercado com necessidades específicas tanto tecnológicas quanto de processos mais elaborados e práticos. 

De acordo com Deming: “Não se gerencia o que não se mede…” Partindo desse conceito e aplicando no dia a dia condominial, tenho me deparado com condomínios que, apesar de terem as necessidades de gestão compartilhada, não o fazem por acreditar que esse tipo de profissional é desnecessário. Em muitos casos, é contratado um encarregado predial ou supervisor, que, apesar de conseguir “tocar o barco”, não tem conhecimentos de contabilidade gerencial, departamento pessoal, conhecimento fiscal ou até mesmo desconhece como a administradora do condomínio executa os processos básicos do empreendimento, um deles sendo a parte financeira ou até mesmo a gestão imediata da(s) equipe(s).

Alguns fatores podem contribuir para que esse profissional seja “invisível” ao mercado. Só para citar alguns, a falta de capacitação profissional, mesmo muitos gerentes com curso superior em administração. Outro fator pode-se apontar como o próprio mercado condominial, que, apesar de muito amplo no Brasil, ainda é muito amador no sentido literal da palavra. Isso passa pelas empresas de administração, de prestadores de serviços (quem já não teve problemas com serviços desde os mais simples aos mais complexos?). E, ainda, podemos citar a pouca familiaridade com a tecnologia disponibilizada atualmente nos condomínios, como sistemas de informação, apps, etc. Isso acaba nivelando por baixo o mercado. Adicione a isso os baixos salários ofertados pelos sindicatos e CCTs (convenções coletivas de trabalho) para esse tipo de profissional e teremos de fato uma carência latente no setor. Existem casos, por exemplo, em que um porteiro noturno consegue receber igualmente ou até mais que um gerente, pois em seu holerite o porteiro pode receber adicional noturno, 13ª hora, hora intrajornada e salário família.

Apesar de tudo, vejo com entusiasmo o progresso do ramo condominial e, por consequência, mesmo que ainda devagar, uma valorização desse profissional de gerência condominial. Que este novo ano possa trazer os desafios à altura desses profissionais.

Thiago André Romeu Fossati é administrador condominial e gerente administrativo.

tarfossati@gmail.com

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