Combate à dengue não pode parar!

Apesar de o brasileiro estar preocupado há dois anos com a Covid, o aedes aegypti ainda é um problema sério no país

 
VANILDA DE CARVALHO

Pode parecer até uma história de terror, mas é apenas a realidade do Brasil em 2022. Os números de mortes e internações provocadas pelo coronavírus estão em queda segundo dados da OMS e das secretarias de saúde dos estados, mas na contramão dessa estatística, que traz certo alívio e sensação de tranquilidade para as pessoas, os casos de dengue voltaram a ser um problema em alguns estados.

Somente no Distrito Federal, no mês de fevereiro, houve um aumento de quase 300% nos casos, e graças à intervenção de mutirões, que são um dos principais meios de se eliminar a propagação do mosquito, mais de 25 mil exemplares da espécie, em diferentes fases de desenvolvimento, foram capturados, o que mostra que o perigo ainda é bastante real e merece atenção.

Nos condomínios isso não é diferente, e os condôminos e moradores precisam estar conscientes, porque não apenas nas áreas comuns os focos podem aparecer, mas também em seus apartamentos. Conversamos com as síndicas profissionais Royana Claxton e Vanilda de Carvalho a respeito dos desafios de combater essa doença tão perigosa.

Todo mundo já tem uma noção básica de como deve ser feita a prevenção contra o mosquito, mas existe toda uma preparação no meio condominial que exige muita cautela e preparo. Royana explicou como se prepara para que não apareçam novos focos do aedes aegypti nos prédios que atua.

Num dos condomínios, fazemos o trabalho de quatro em quatro meses (de acordo com a intensidade das chuvas, podemos fazer de três em três meses) no jardim frontal, nos vasos de plantas internos e num espaço gramado, nos fundos do prédio sobre uma garagem. Esses trabalhos consistem em cortar as gramas, verificar as águas empossadas, os ralos, os pratos dos vasos das plantas e as pedras ornamentais que, pelas colocações, retêm também as águas das chuvas. Nestes momentos, também são verificados e lavados todos os ralos externos e internos. Dando prosseguimento, no mesmo período, o telhado onde estão localizadas as caixas d’águas e o para-raios são vistoriados. No último andar também é realizada essa vistoria, principalmente nos ralos e nas telhas”, afirmou.

Como falamos anteriormente, o condômino também precisa estar atento, porque o síndico é o responsável por lidar com as áreas comuns, mas o gestor não pode bater de porta em porta para verificar cada apartamento individualmente. Por isso, os moradores têm papel fundamental nessa luta. Vanilda, inclusive, diz que eles são a parte principal de todo o processo, porque de nada adianta espalhar lembretes em murais e disparar e-mails pedindo cuidado se os condôminos estão deixando água empoçada em suas varandas, por exemplo.

Um ponto alarmante desse debate é que, mesmo que alguém no condomínio acabe pegando a doença, é muito difícil identificar onde ele a contraiu, porque mesmo que um foco seja encontrado, não é possível afirmar que o mosquito tenha saído dali. E Royana Claxton diz que, mesmo havendo essa confirmação, não existe uma multa para isso. E vale para o condomínio como um todo, não apenas para pessoa física. O poder público não confere punições.

Mas, claro, vale lembrar que síndicos e gestores em geral não estão sozinhos, e apesar de não existir uma forma direta de punir quem não está agindo de forma adequada em relação ao aedes, Vanilda acrescenta que a união faz a força nesses momentos.

“As subprefeituras geralmente possuem equipes que atuam na linha de frente quando há uma infestação muito grande. A Secretaria Municipal da Saúde (SMS), segue com um trabalho de mapeamento das áreas de maior risco de proliferação de mosquitos. Em parceria com as subprefeituras, as equipes realizam limpezas periódicas de bueiros e córregos, entre outras ações. A partir da notificação de um caso, é desenhada uma ação de eliminação de criadouros (casa a casa) e aplicação de nebulização nos quarteirões do local”, disse.

Por fim, Royana enumera quais os principais cuidados que devem ser tomados nas áreas comuns, já que esses são os meios mais propensos para surgirem larvas dos mosquitos. “Os maiores cuidados sempre recaem numa ‘boa’ faxina semanal. Após isso, devem-se retirar as possíveis poças de água, tanto no chão quanto dos vasos das plantas. Nesse momento, também é ideal vistoriar as fossas, os esgotos e até os bueiros em frente ao prédio. Temos que ser preventivos nas ações de combate. Temos de estar alertas para água acumulada nas garagens, após as lavagens dos carros, motos e bicicletas, assim como os ‘lava-pés’. Temos ainda que aproveitar as manutenções mensais dos elevadores (poço do elevador) e das bombas, para verificar esses espaços. Os cuidados são constantes, e todos devem ter a consciência de ajudar. Afinal, o patrimônio é do proprietário”, finaliza.

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