Educação e comunicação andam de mãos dadas

Sabemos que todo condomínio é uma espécie de microsociedade, afinal encontramos nele todas as esferas da vida social: o convívio com pessoas de diferentes faixas etárias, de diversas profissões, religiões, origens socioeconômicas, etnias etc. Com isso, toda ordem de conflitos pode acontecer: desde um simples problema com barulho excessivo até situações mais graves envolvendo agressão física. Daí a importância de conscientizar todos os atores que participam da vida em condomínio.
A educação é o principal tratamento para prevenção e cura de todos os tipos de males. O ser humano costuma respeitar apenas aquilo que compreende. Dificilmente alguém segue rigidamente uma regra caso não entenda por que ela existe. Portanto, não basta impor um regramento. É necessário demonstrar com clareza seu motivo. Assim a chance de desobediência às normas de convívio será muito menor. 

Precisamos aprender a ser vizinhos, isto é, a conviver com pessoas que podem ser completamente diferentes de nós. Perceber a importância de seu próprio papel dentro da engrenagem condominial é o que fará do morador um cidadão consciente de que suas ações, por menores que sejam, têm grandes consequências na vida de outras pessoas.

“Minha liberdade termina onde a sua começa”. Esse é um excelente ditado, que poderia ser utilizado por síndicos ou gestores numa campanha educativa dentro do condomínio. Afinal, a vida em sociedade nos impõe limites. Temos o direito de falar, mas não de gritar. Temos o direito de possuir animais de estimação, mas não de deixar seus dejetos em qualquer área comum do condomínio. E por aí vai! São inúmeras as questões que precisam ser abordadas, enfatizadas, explicadas repetidas vezes. Dessa maneira, vamos educando nossos pares e também aprendendo.

O síndico que ampliar sua atuação promovendo campanhas de conscientização acerca de tópicos específicos dentro dos famigerados três “S” (sossego, saúde e segurança) certamente será visto de forma diferenciada no mercado condominial. Os temas são inesgotáveis! Seria interessante, por exemplo, escolher um deles a cada mês. Em janeiro, uma campanha sobre as questões relativas ao silêncio; em fevereiro, sobre a circulação de animais; em março, sobre a correria das crianças nas áreas comuns… Focar e explorar um ponto por vez permite fazer um trabalho educativo denso e com bons resultados. Entregar ou disponibilizar cartilhas não é suficiente, infelizmente. É essencial ir além disso, utilizando avisos ilustrados em locais estratégicos, aplicação de multas, esclarecimentos em assembleia e todo tipo de recurso que leve o condômino a refletir sobre as consequências de suas ações para o ambiente coletivo, do qual ele também depende. 

Cecília Egito é professora e revisora de texto em Língua Portuguesa, com prática nas duas atividades há quase duas décadas. Doutora em Estudos da Linguagem, mestre em Letras pela PUC- -Rio e graduada em Letras pela Uerj

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