Negociação: alternativa para resolver conflitos condominiais

O ser humano em geral tem o hábito de, ao deparar-se com um conflito, considerar que seu opositor é o seu inimigo e, por consequência, precisará derrotá-lo.

Estudos mais avançados demonstram que mesmo que as pessoas estejam em desavenças, não necessitam sentir-se inimigas mortais, mas sim que juntas possam entender os motivos que as levaram àquelas discordâncias, e buscarem uma construção de um entendimento que as contemplem.

Usualmente temos nos condomínios conflitos tratados como verdadeiras “guerrilhas”, prejudicando a massa condominial. Inicialmente esses desentendimentos não são tratados de forma diferente do conceito de que quem não concorda é considerado “inimigo”.

Ao surgirem conflitos, a gestão condominial deverá evitar que haja o seu crescimento, seja com os moradores, funcionários, prestadores de serviço, ou administradora.

O síndico pode avaliar a alternativa de utilizar as técnicas de negociação na tentativa da solução das discórdias, evitando maiores transtornos em sua gestão.

A negociação nada mais é do que uma conversa sincera, respeitosa e objetiva em conjunto com as pessoas que estão causando o conflito no condomínio, objetivando soluções que atendam a todos.

A negociação pode ser coordenada peço síndico, mas se o caso for mais complexo, deve haver a contratação de um gestor de conflitos ou negociador.

O diálogo precisa ser mantido, além da elucidação das dúvidas sobre as regras da convenção e do regulamento interno, priorizando o bem-estar e a harmonia.

Um bom negociador não é uma pessoa insensível e intolerante, mas alguém que tenha paciência, calma e conheça a outra parte, possibilitando o preparo de ambos para uma boa negociação.

Seguem algumas dicas de negociações com base em princípios utilizados na Universidade de Harvard:

  • Interesse: os interesses de todos os envolvidos devem ser inicialmente identificados e quais as propostas que poderão ser viabilizadas e quais são de interesse comum.
  • Criar alternativas: deverá partir do síndico a disponibilidade de ideias para serem avaliadas por todos.
  • Relacionamento: se a gestão entender que terceiros poderão auxiliar naquela negociação, então o síndico deverá recrutar essas pessoas para que ajudem a alcançar o objetivo pretendido.
  • Comunicação: essa é uma das ferramentas mais importantes para uma boa negociação. É através dela que acabamos por entender melhor as mudanças que devemos operacionalizar, e é também essencial atentarmos para os feedbacks, desta forma fortalecendo ainda mais a gestão.

Concluindo, ao nos depararmos com os conflitos, é fundamental estarmos sempre atentos para iniciarmos uma negociação, evitando maiores transtornos junto à coletividade. O segredo é: negociar, negociar e negociar.

Wania Baeta é advogada especialista em Direito Condominial e Gestão de Conflitos, mediadora, árbitra, palestrante e professora.

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