Bom para o planeta, o bolso e a mente

Não faltam argumentos para a aposta na sustentabilidade nos chamados condomínios verdes, com a adoção de comportamentos que trazem benefícios em diversos aspectos

 
FELIPE FAUSTINO

De tão em voga, além de fundamental, o tema condomínios verdes, abordado na edição anterior da REVISTA DOS CONDOMÍNIOS, está de volta, também atendendo a pedidos de nossos leitores. Dessa vez, fomos atrás do advogado Felipe Faustino, da Yuki, Faustino e Teles (YFT) Sociedade de Advogados YFT. Ele inicia sua fala fazendo uma diferenciação entre o conceito de sustentabilidade entre condomínios novos e antigos.

“Em novos empreendimentos, o conceito de condomínio verde é para aqueles que já nascem com o conceito de economia de recursos naturais. Alguns, por exemplo, já são entregues com espaço destinado para separação do lixo por categoria (orgânico, papel, vidro, alumínio e plástico), medidores individuais de consumo de água e gás, ou já preparados para isso, bem como sistemas de captação e reuso de água de chuva. Nos empreendimentos antigos, a situação é mais complexa. Porém, existe a possibilidade de realização de ‘retrofit’, com o intuito de adequar o empreendimento ao conceito de economia de recursos naturais”, inicia nosso especialista, que elenca as vantagens de morar num ambiente com esses compromissos.

“Em primeiro lugar, é importante ressaltar que viver em um condomínio que traz consigo o conceito de economia de recursos naturais é um ato de cidadania. Afinal, o cuidado com os recursos naturais é de responsabilidade de todos e previsto em nossa Constituição Federal. Além disso, com a importância dada, nos últimos tempos, aos recursos naturais, empreendimentos nesse perfil são considerados modernos, além de terem uma alta valorização financeira”, explica.

Segundo Felipe, o ponto focal para se viver em um condomínio sustentável é a propagação da informação aos condôminos, bem como a conscientização da coletividade. Isso porque de nada adianta o condomínio ter estrutura para ser um condomínio verde se os moradores não entenderem a importância de participar no cuidado com o meio ambiente. “O condomínio deve, então, demonstrar aos moradores as medidas tomadas, bem como fornecer-lhes todo o material necessário para conhecimento das ações que devem ser feitas por cada uma das partes envolvidas. Além disso, deve o condomínio realizar estudos para a implantação de políticas e estratégias para proteção ao meio ambiente.”

Mas e como fazer isso? “Implantando, por exemplo, um sistema de coleta seletiva, sistema de água de reuso, locação de bicicletas, horta coletiva, dentre diversas outras medidas. Porém, o mais importante é conscientizar o morador constantemente. E muito disso passa pelas crianças, que normalmente são o ponto de partida para a mudança de cultura”, pontua o advogado, que segue: “É importante destacar que existem mais de 20 mil normas que tratam do assunto no Brasil. Uma enxurrada de portarias, resoluções, instruções normativas, decretos e leis que, na prática, transformaram algo que deveria ser de simples compreensão em algo extremamente complexo. Assim, os síndicos devem buscar orientação técnica para todos os assuntos ambientais dos condomínios, além do conhecimento das legislações federais, estaduais e municipais.”

Fatores como o controle de resíduos sólidos, com a coleta adequada para a reciclagem de materiais, redução do consumo de água e de energia elétrica, diminuição das emissões de carbono e uma série de outros benefícios, podem valorizar a vida dos moradores e o imóvel ao mesmo tempo, garantem especialistas do mercado imobiliário. “Viver em um local que valoriza e cuida do meio ambiente é um privilégio. Imagine se todos os pais pudessem educar seus filhos em um local preocupado com o meio ambiente? Certamente, estaríamos criando uma geração muito mais preocupada com os efeitos à natureza causados pela ação humana. O cuidado com o meio ambiente é a melhor lição que podemos deixar para as gerações futuras, e isso, sem dúvida, é o maior benefício de se viver em condomínios verdes.”

Mas, se não bastasse isso, também existe, de fato, a alta valorização financeira nos condomínios nessa modalidade. “Isso ocorre, pois o condomínio pode se beneficiar financeiramente de diversos projetos ligados ao cuidado com o meio ambiente, como a redução no consumo e na conta de energia com a utilização do sistema de energia fotovoltaica, a redução do consumo e na conta de água com a implantação de sistema de água de reuso. Empreendimentos que economizam recursos naturais, economizam dinheiro, logo, tornam-se mais valorizados”, resume Felipe Faustino.

Existem algumas importantes certificações ambientais que atestam a condição de ‘condomínio verde’, como Leed, do Green Building, Edge, Aqua-HQE, dentre outros. Em sua maioria, o padrão de certificação prevê, no mínimo, economia de 20% de energia, água e energia incorporada aos materiais, até o padrão 100% sustentável, denominado Zero Carbono. Porém, existem diversos tipos de projetos, de acordo com cada certificação.

ALBELIO DIAS

Empreendimentos certificados seguem critérios rígidos

Mestre em Administração de Empresas, com ênfase em indicadores de sustentabilidade, pós-graduado em Matemática e Educação Tecnológica, Albelio Dias também concedeu entrevista à REVISTA DOS CONDOMÍNIOS sobre o tema. “Dentro do movimento da sustentabilidade, ganha força a construção sustentável, apoiada em certificações ambientais de destaque no mercado internacional, que atesta a alta qualidade ambiental desses empreendimentos. Quando se fala em empreendimentos certificados, significa dizer que eles seguem uma série de critérios como a gestão dos resíduos sólidos, redução dos consumos de água e energia, sistemas de manutenção, dentre outros”, aponta ele, que destaca os benefícios que os prédios sustentáveis trazem para moradores, usuários e investidores.

Num condomínio que tem uma gestão ambiental e compromisso com a sustentabilidade, os resultados aparecem rapidamente na redução dos gastos mensais nas contas de energia e água, por exemplo. As vistorias periódicas, aponta Albelio, integram as medidas preventivas essenciais de qualquer gestão. Entretanto, os condomínios sustentáveis têm uma grande preocupação em evitar o desperdício dos recursos naturais e os prejuízos que esse descuido pode causar a longo prazo. Por exemplo, adota medidas preventivas contra vazamentos, sobretudo nas áreas comuns.

“Além disso, diversos estudos apontam os benefícios para a saúde das pessoas que moram perto de espaços verdes. Esse contato com a natureza influencia diretamente na qualidade de vida dos moradores, na purificação do ar na região e, inclusive, na climatização. E, não é novidade, a sustentabilidade se tornou uma tendência mundial. Cada vez mais, empresas e indivíduos se conscientizam da necessidade de usar os recursos naturais com inteligência e minimizar os danos ao meio ambiente. Empreendimentos sustentáveis são valorizados pelo mercado e tendem a ser investimentos rentáveis com o passar do tempo.”

A soma desses fatores contribui para que o morador de um condomínio sustentável tenha mais bem-estar na sua rotina. Ao proporcionar economia, qualidade de vida e conforto, esses empreendimentos possibilitam às pessoas investir em lazer, cultura e viagens, ressalta Albelio Dias, síndico profissional, professor de programas de MBA em várias Instituições de ensino superior em Belo Horizonte e ex-síndico geral do Condomínio Parque Avenida, com Certificação AQUA-HQE de Alta Qualidade Ambiental de Condomínios, além de sócio proprietário da Agere Apoio Condominial.

Primeiros passos para tornar seu condomínio ‘verde’

  • Produza energia solar
  • Economize energia, com uso de sensores de presença
  • Amplie passagens da luz natural nos ambientes
  • Aposte na reciclagem de lixo e na coleta seletiva
  • Pratique a compostagem
  • Cultive uma horta
  • Reserve coletor de pilhas e baterias
  • Invista em lâmpadas LED
  • Instale um sistema de captação de água da chuva
  • Adote a prática do reuso da água
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