Condomínio: dos primórdios ao futuro

QUAL É A HISTÓRIA DOS CONDOMÍNIOS NO PAÍS E QUAIS AS TENDÊNCIAS QUE PROMETEM REVOLUCIONAR O SETOR?

 

Experiências positivas estão aí para serem compartilhadas, espalhando o bem. Em especial, aquelas que apontam para o aprimoramento e melhor funcionamento dos condomínios. Odirley Rocha, diretor de Segurança do Porter Group e atuante neste mercado há 23 anos, lembra que inúmeras revoluções, com o passar dos anos, mudaram nossa maneira de viver, comprar, relacionar, estudar e morar. Daí, como esperar que os condomínios ficassem de fora dessa evolução? Formado em eletrotécnica e eletrônica, professor com MBA em Gestão de Segurança Empresarial e palestrante, ele elaborou uma viagem no tempo pelos fatos históricos desse modelo relativamente recente de compartilhamento de espaços, e aponta realidades do presente e previsões para o futuro.

1ª Revolução Condominial: Viver em Comunidade

Aconteceu nas décadas de 1920 a 1940, com o surgimento do primeiro arranha-céu sendo entregue, o Martinelli, em São Paulo. Dava status morar em um condomínio nessa época, onde era comum ter uma barbearia, alfaiate. Os mais famosos das cidades estavam em condomínios. Algumas construtoras já estavam se preocupando com segurança. Inclusive, um encarte da década de 1940 dizia: “Venha para o condomínio Santa Cecília, porque aqui tem um moderno abrigo antiaéreo”. Não custa lembrar que aqueles eram tempos de 2ª Guerra Mundial. As pessoas começam a entender como era viver em comunidade, o que era diferente de morar numa casa. No novo ambiente, havia regras que tinham que ser cumpridas, sendo preciso chegar num acordo com os demais moradores.

2ª Revolução Condominial: Tranquilidade

Aconteceu nas décadas de 1950 a 1970. Nesse momento, surgiram novos prestadores de serviços nos condomínios, como ascensoristas (na época os elevadores eram com acionamento mecânico), porteiros, zeladores, e as primeiras corretoras que logo viraram administradoras. No final da década de 1960, com o aumento do custo da mão de obra dos porteiros, surgiram as primeiras fábricas de interfones no Brasil, para ser uma opção tecnológica e diminuir os custos. Os moradores estavam mais tranquilos, pois não necessitavam tanto de segurança e contavam com um exército de pessoas, que faziam diversos trabalhos internos.

3ª Revolução Condominial: Terceirização de Serviços

Essa ocorreu entre 1970 e 2000, a partir de alguns grandes incêndios no Brasil, como os dos edifícios Joelma e Andraus, ambos em São Paulo. Com isso, várias normativas de segurança começaram a surgir, além de leis municipais que impuseram regras aos condomínios. O período foi marcado ainda pelo surgimento de empresas terceirizadas para prestar serviços dentro dos condomínios, como vigilantes; porteiros; advogados especialistas no segmento; administradoras; empresas de segurança eletrônica e de monitoramento, surgimento de portais e revistas do segmento condominial; além de empresas de mediação de conflitos.

4ª Revolução Condominial: Conveniência, Segurança e Pessoas

A partir de 2010, surgem os condomínios inteligentes ou condomínios do futuro, com automação e integração de soluções para facilitar ainda mais a vida dos moradores. “Estamos vivendo esse momento. A cada ano chegam mais tecnologias para melhorar aspectos como a conveniência, a segurança e a gestão de pessoas”, disse Odirley.

Veja algumas dessas inovações:

Assembleia Virtual – Na maioria das vezes, o quorum da assembleia não passava de 20% dos moradores presentes. Um dos motivos é que essas reuniões não eram dinâmicas, os moradores tinham que descer para o salão de festas, não havia hora para terminar. Agora, com a assembleia virtual, o morador pode estar em qualquer lugar e conectar-se ao link da reunião, dela participar e votar. Isso ajudou a aumentar significativamente o número de participantes das assembleias, e, com isso, o síndico fica mais tranquilo, pois a decisão tomada por grande número de moradores ajuda a evitar explicações e polêmicas quanto ao que foi decidido.

Mercados internos – Imagine que você quer fazer um churrasco no seu apartamento e não tem o carvão. Porém, você desce até o hall de entrada do condomínio e ali tem um mercado onde você acha o carvão, sal grosso, farofa, temperos. A opção desses mercados compactos e exclusivos está cada vez mais comum, oferecendo aos moradores a praticidade de ter tudo o que precisam dentro da comunidade. Os mercadinhos condominiais vieram para ficar.

Armários Inteligentes – Você já teve alguma encomenda extraviada? Pois bem, os armários inteligentes chegaram para ajudar com esse problema. O zelador recebe a encomenda, abre o aplicativo do armário inteligente, seleciona o apartamento e o tamanho da gaveta e, como num passe de mágica, a porta se abre para armazenar o pacote. Nesse momento, o morador recebe uma notificação avisando sobre a encomenda. Daí, basta apresentar o QR Code para a leitora do armário que a porta do mesmo se abre.

Comunicação – O síndico precisa mais do que nunca saber se comunicar, fazer um curso de oratória, estudar sobre gestão de pessoas, ter resiliência. Sem isso, não adianta ter a melhor plataforma do mundo. Porém, com essas características em seu currículo, ele vai conseguir fazer comunicados claros, apresentações transparentes e assertivas, diminuindo em muito os problemas dentro do condomínio entre moradores.

Dica Mega Power – Você já pensou em convidar a nutricionista do 504 para dar uma bela palestra online para todos os moradores do seu condomínio? Ou o professor de Educação Física do 602 para mostrar quais exercícios podemos fazer dentro do apartamento? Ou a psicóloga do 802, para uma aula de como podemos passar de uma forma mais leve por esse momento tão difícil de pandemia que, enfim, estamos começando a superar? Incentivar o diálogo, estreitar os laços e compartilhar conhecimento sempre são posturas que devem ser incentivadas.

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