Todo entregador tem um pouco de Batman

Sambiente condominial é um celeiro de observação do comportamento humano, e não poderia ser diferente, já que lá mora a maior parte dos formadores da sociedade atual. Invariavelmente encontramos a tia obcecada por limpeza, o síndico acometido de estresse em grau máximo, que necessita atendimento no meio da noite, o casal que não se importa com os vizinhos quando vai namorar, e por aí vai. Não foi à toa que o cantor Luan Santana fez tanto sucesso com a música “Acordando o prédio”, na qual há menções na letra de frases como: “vamos acordar este prédio”, ou “daqui a pouco liga o sindico”. Fato positivo é que todos temos histórias curiosas a contar e que, seja lá como for, trazem no mínimo situações inusitadas. Recentemente um morador de um prédio na zona sul do Rio de Janeiro, mas especificamente no Jardim Botânico, que sofre de ansiedade e outras síndromes psicossomáticas, e que toma remédio controlado, misturou sua medicação com álcool, e obviamente que essa mistura não deu certo. Acometido pela sensação alucinada que o remédio com a bebida lhe causou, o referido morador foi colocar o lixo no local destinado a tanto, só se esqueceu que não estava vestido, e como veio ao mundo, jogou-se no corredor do condomínio, na certeza de que iria livremente deixar seu lixo no reservatório destinado a tal. Para sua surpresa, a porta bateu, e lá estava ele nu, como veio ao mundo, encontrando com o rapaz da entrega de sanduiches em frente ao elevador. Ainda sem desconfiar que estava nu, e bem confuso, indagou ao entregador: “Encomenda para mim?” “Não senhor, respondeu o rapaz meio assustado, e completou…creio que o senhor esteja esperando mais propriamente a entrega das lojas de roupas intimas.” e sorriu ao morador.

 

Ainda sem se tocar que estava nu, face sua confusão mental, olhou fixamente ao rapaz e disse… “pois é, acho que não vieram a tempo”. Já a esta altura, o entregador vendo a situação em que o morador estava, e com imensa empatia disse: “O senhor quer uma toalha?” e o morador confuso, mas intrigado, respondeu: “Está meio frio né…?? Mas escuta, você não disse que era da lanchonete, como tem toalha?” “Sempre trago uma comigo, pois como venho de moto, às vezes me molho na chuva, e aí me seco com ela… pode usar para amarrar na cintura.” O morador ainda sem atinar como tinha ficado naquela situação, pegou a toalha e nela se enrolou.
A partir daí surgiu uma fácil amizade, que somente foi interrompida pela mãe do morador, que chegando no elevador indaga: “Filho que fazes do lado de fora com a toalha do Batman na cintura? A resposta veio rápida: “Mãe, somente ele para me salvar em tal situação, mas abre a porta que depois te explico! A reflexão deste caso é: Nem sempre os super-heróis aparecem com capas ou voam, mas podem ter motos e serem loucos pelo Batman!

Gracilia Portela é advogada condominialista Sistêmica é presidente da Academia Brasileira de Justiça Filosófica Sistêmica (ABJFSIS)

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